José Saúde
Presenciei, recentemente, um jogo de futebol no
Complexo Desportivo Fernando, em Beja, que opôs o Despertar e o Atlético
Aldenovense, encontro a contar para o escalão primodivisionário
distrital. Não vamos dissertar sobre os conteúdos dos acontecimentos ao
longo do desafio. Não! Tanto mais que não é essa a intenção que nos
levou a elaborar a impoluta narrativa. Certo foi a fraquíssima
assistência constatada. Ponto final. A curiosidade do texto prende-se
com uma dica lançado por um antigo jogador do Desportivo de Beja que dá
pelo nome de João de Sousa, vulgo Duim, que antes do prélio, e fora do
recinto, lançou a dica a um amigo comum dizendo-lhe, alto e em bom som,
que se quisesse bilhetes só na candonga. Claro que a oportunidade do
repto tinha absoluto sentido. Noutros tempos o estádio Flávio dos Santos
registava, por norma, fabulosas enchentes. Quem conheceu essa
convincente realidade sabe que muitas foram as ocasiões em que as
bilheteiras ficavam esvaziadas. O mítico Desportivo aglutinava uma
inabalável crença e havia então cavalheiros que se deparavam com a
portinha do cubículo encerrada, tendo esta por cima um cartaz afixado
que mencionava: esgotado. Ou, numa outra perspetiva, havia também gente
que recusava entrar na enorme fila e toca a facilitar a compra do passe
no mercado negro. E agora? Interrogavam-se os adeptos que, entretanto,
se viam espoliados com a situação deparada. Apareciam, dissimuladamente,
os furibundos deuses da desgraça que se prontificavam a dispensar
bilhetes mas a troco de mais-valias. Assim, de forma requintada, ou
seja, às escondidas de um público agitado, sendo as forças da ordem
implacáveis para aniquilar esse tipo de negócio escuro, lá aparecia um
intermediário, indivíduo que tinha parte no negócio, que levava a
pessoa, quiçá desvairada pela expetativa que parecia perdida, ao
encontro do criador de quimeras. Escusado será dizer que o preço oficial
tinha disparado em flecha. Mas, perante a oportunidade o homem não
vacilava e toca a pagar a importância proposta pelo intrujão. Pagava e
calava, porque o seu explícito objeto era ver, ao vivo e a cores, uma
equipa que espraiava um futebol de qualidade e onde se concentravam
jogadores de renome nacional e alguns internacionais. Estes fidedignos
pormenores dantes observados parecem, agora, idolatrados contos de
fadas, todavia, são factos reais que expomos, com seriedade, e que
interpretam analogias que se situam entre o passado e o presente. Hoje,
as vendas dos bilhetes para se assistir a uma partida de futebol na
cidade são limitadíssimas e os candongueiros personagens interpretativas
de um canal história que, hilariantemente, ainda ousamos trazer à tona
das clássicas memórias. Bilhetes? Só na candonga! Coisas doutras épocas.
Fonte: Facebook de Jose Saude.
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