sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Bola de trapos, Diário do Alentejo, edição de 19 de janeiro de 2018 Bilhetes? Só na candonga!

José Saúde
Presenciei, recentemente, um jogo de futebol no Complexo Desportivo Fernando, em Beja, que opôs o Despertar e o Atlético Aldenovense, encontro a contar para o escalão primodivisionário distrital. Não vamos dissertar sobre os conteúdos dos acontecimentos ao longo do desafio. Não! Tanto mais que não é essa a intenção que nos levou a elaborar a impoluta narrativa. Certo foi a fraquíssima assistência constatada. Ponto final. A curiosidade do texto prende-se com uma dica lançado por um antigo jogador do Desportivo de Beja que dá pelo nome de João de Sousa, vulgo Duim, que antes do prélio, e fora do recinto, lançou a dica a um amigo comum dizendo-lhe, alto e em bom som, que se quisesse bilhetes só na candonga. Claro que a oportunidade do repto tinha absoluto sentido. Noutros tempos o estádio Flávio dos Santos registava, por norma, fabulosas enchentes. Quem conheceu essa convincente realidade sabe que muitas foram as ocasiões em que as bilheteiras ficavam esvaziadas. O mítico Desportivo aglutinava uma inabalável crença e havia então cavalheiros que se deparavam com a portinha do cubículo encerrada, tendo esta por cima um cartaz afixado que mencionava: esgotado. Ou, numa outra perspetiva, havia também gente que recusava entrar na enorme fila e toca a facilitar a compra do passe no mercado negro. E agora? Interrogavam-se os adeptos que, entretanto, se viam espoliados com a situação deparada. Apareciam, dissimuladamente, os furibundos deuses da desgraça que se prontificavam a dispensar bilhetes mas a troco de mais-valias. Assim, de forma requintada, ou seja, às escondidas de um público agitado, sendo as forças da ordem implacáveis para aniquilar esse tipo de negócio escuro, lá aparecia um intermediário, indivíduo que tinha parte no negócio, que levava a pessoa, quiçá desvairada pela expetativa que parecia perdida, ao encontro do criador de quimeras. Escusado será dizer que o preço oficial tinha disparado em flecha. Mas, perante a oportunidade o homem não vacilava e toca a pagar a importância proposta pelo intrujão. Pagava e calava, porque o seu explícito objeto era ver, ao vivo e a cores, uma equipa que espraiava um futebol de qualidade e onde se concentravam jogadores de renome nacional e alguns internacionais. Estes fidedignos pormenores dantes observados parecem, agora, idolatrados contos de fadas, todavia, são factos reais que expomos, com seriedade, e que interpretam analogias que se situam entre o passado e o presente. Hoje, as vendas dos bilhetes para se assistir a uma partida de futebol na cidade são limitadíssimas e os candongueiros personagens interpretativas de um canal história que, hilariantemente, ainda ousamos trazer à tona das clássicas memórias. Bilhetes? Só na candonga! Coisas doutras épocas.
Fonte: Facebook de Jose Saude.

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