José Saúde
Herdou os dotes do seu tio-avô, Artur Manero
Gil, a arte para o futebol e o epíteto de Manero. Quem conhece o básico
da história da modalidade bejense, sabe que Gil foi um irrepreensível
jogador do Luso. Mas falemos de António Gil Palma Aleixo, o popular
Manero, um cidadão que nasceu no dia 25 de julho de 1933 na freguesia de
São João Batista, em Beja. Seu pai, natural da Corte Pinto, foi
secretário de Finança em Mértola e transferido para Vila Real de Santo
António, motivo que visou, simultaneamente, salvaguardar o futuro dos
seis filhos. O curioso da história é que do clã sairiam craques para o
cosmos futebolístico. O irmão, já falecido, também conhecido por Manero,
foi um excelente jogador da bola que passou pelo o Benfica e que deu
nas vistas no Boavista, onde foi apelidado como o malabarista do Bessa.
Manero, o bejense, deu os primeiros passos na bola em jogatanas de rua,
seguindo-se os torneios populares naquela urbe algarvia. Mas a vida é,
sem dúvida, uma esmerada caixinha de surpresas e ei-lo a estrear-se,
oficialmente, como júnior no Oriental. O pai, já reformado, pegou no clã
familiar e foi morar para Lisboa, uma vez que o outro descendente tinha
ingressado no clube da Luz. Num exercício feito às saudosas memórias,
Manero, obra “Glórias do Passado”, volume I, recorda a sua passagem pelo
grémio de Marvila: “O meu treinador nos juniores foi Alberto Augusto,
depois o antigo internacional Mariano Amaro, um jogador que tinha atuado
no Belenenses. Estriei-me na época de 1950/1951 e na temporada seguinte
deu-se a minha subida aos seniores. O Oriental militava na primeira
divisão nacional e tinha uma excelente equipa”. A estadia em Lisboa foi
efémera. Manuel Manso, um poeta natural de Vidigueira, amigo da família,
incentivo-o a conhecer a terra do país das uvas e convido-o para jogar
na Vasco da Gama. Pedido aceite. Em 1953 instalou-se em Beja. O
propósito era concluir o curso comercial e, simultaneamente, jogar
futebol. Neste encadeamento de vidas, Manero ingressou no Despertar e
teve como companheiros o Manel Ameixa, Mansinhos, Páscoa, “back
Lourinho”, ou Marques como era o seu verdadeiro nome, Adelino, Fanga,
Maragato, Valadas, Sioga, Passinhas, Zé Elias, entre outros. A sua ida
para o Desportivo de Beja soou a traição. Comentou-se, à época, que o
Despertar, liderado por Francisco de Assunção, ter-se-ia apressado em
solicitar ao Oriental a sua carta que visava a condição de atleta livre,
só que pelo meio houve uma conversa com o diretor do Desportivo, de
nome Galrito, que lhe propôs a sua ida para o emblemático clube da rua
do Sembrano, o que veio a suceder. Mais tarde, e em concordância com a
amizade que nutria pelo padre Alcobia, Manero rumou ao Sporting
Ferreirense, tendo ali permanecendo por três temporadas. O argentino
Juan, o Raposo, o Marcolino, e outros, foram seus condiscípulos no
interior das quatro linhas. Hoje, o antigo jogador coabita com o prazer
da vida e continua a calcorrear as calçadas da velhinha Pax Júlia.
Fonte: Facebook de Jose saude
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