Com 40 anos acabados de fazer e mais de 500 jogos com a camisola do
clube, o capitão do Odemirense está aí "para as curvas" e ainda sonha
levantar a Taça do Distrito de Beja. Em entrevista ao "SW", Pedro
Gonçalves (que todos conhecem por Périka) diz mesmo: "Não me considero
um símbolo. Símbolo é aquele que temos na parede da sede e na bandeira
do Odemirense. Sou apenas mais um que tem tentado ajudar ao longo destes
anos todos".
Já lá vão 40 anos no Cartão do Cidadão. O que é que ainda o motiva para, domingo após domingo, continuar a entrar em campo?
Acima de tudo a paixão pelo futebol! Porque quando deixar de jogar
futebol, para mim acaba-se
Há aqueles que têm o objectivo de vir a ser
treinador, mas isso é uma coisa que não me fascina minimamente. Por isso
vou aproveitar o máximo enquanto ainda consigo jogar e depois cá
estarei como adepto, de cachecol e boné ao domingo.
Quer dizer que ainda não pensa em "pendurar as botas"?
Pensar até penso
Mas já houve duas vezes em que disse que ia deixar de
jogar e depois acabei por continuar. Provavelmente esta vai ser a minha
última época, mas não quero afirmar isso dessa forma
Grande parte dos seus adversários terão idade para serem seus filhos. Como é que lhes "faz frente"?
Há jogadores com muita qualidade no Distrital e cada vez vou tendo mais
dificuldade para os acompanhar. E há fins-de-semana que não correm tão
bem! E dentro do plantel também mais de metade [dos jogadores] podiam
ser meus filhos devido à idade. Mas damo-nos todos bem, há respeito e
quando chegamos ao balneário somos todos da mesma idade. Antigamente era
diferente.
Como assim?
Lembro-me que quando passei dos juniores para os seniores havia aquele
respeito com os mais velhos. Agora é diferente e acho que é melhor
assim: tratamo-nos todos com igualdade, na brincadeira e com o devido
respeito.
Mas no balneário não brincam consigo devido à idade?
É "cota para aqui", "cota para ali", "velhote"
[risos] Mas tudo na brincadeira e levo isso na boa. Tem mesmo de ser assim!
Tem quase 600 jogos ao serviço do Odemirense. Nunca teve vontade de mudar, de experimentar outro clube?
Não, não
É aqui que me sinto bem, é que tenho os meus amigos e não vejo
necessidade de estar a ir para aqui ou para ali jogar à bola por meia
dúzia de tostões. Apesar do dinheiro dar jeito ao final do mês, não é
isso que me motiva. Como costumo dizer aos meus amigos, tenho tido um
casamento perfeito com o Odemirense!
Qual o momento mais especial que viveu com a camisola do Odemirense?
Infelizmente só fui campeão distrital uma vez [em 2009], mas esse foi
sem dúvida o momento mais alto. Depois foi ter jogado alguns jogos,
ainda júnior, pelos seniores na antiga 3ª divisão nacional. E depois ter
ido a duas finais da Taça [do Distrito de Beja], que infelizmente
perdemos. Costumo dizer que o dia mais bonito do futebol no distrito de
Beja é o dia da final da Taça e já lá fui duas vezes, ainda que sem
conseguirmos trazer a Taça para cá
Pode ser que seja este ano.
Pois, esse é um dos nossos objectivos. Quando entramos em campo é sempre para ganhar, mas nem sempre corre como queremos.
Aos 40 anos sente-se um "símbolo" do Odemirense?
[risos] Do clube não, mas da equipa sénior talvez. Já me aconteceu duas
ou três vezes ir a Serpa, por exemplo, e haver alguém na bancada a dizer
- 'O defesa-direito do Odemirense é sempre o mesmo!'. As pessoas
já me conhecem, mas não me considero um símbolo. Símbolo é aquele que
temos na parede da sede e na bandeira do Odemirense. Sou apenas mais um
que tem tentado ajudar ao longo destes anos todos.
Fonte: http://www.jornalsudoeste.com/
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