sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Bola de trapos, edição no Diário do Alentejo de 31 de agosto de 2018

José Saúde
Horta
A generalidade de jogadores que com mui digna altivez integraram outrora plantéis do Desportivo de Beja, remete-nos para a longevidade de um ágil avançado que defendeu brilhantemente as cores do emblemático clube bejense: o Horta. Francisco Gregório Oliveira Horta nasceu a 14 de abril de 1949, sendo o seu registo de nascimento outorgado na Conservatória Civil de Serpa. Os primeiros passos de vida logo foram dados na urbe do histórico Abade Correia da Serra. A curiosidade desportiva deste enorme atleta que a história jamais esquecerá, dividiu-se entre dois amores: o futebol e o atletismo. Com nove anos viajou com a família de Serpa para Beja, radicando-se então na zona do Castelo. A descoberta de novos rumos passou pelas visitas constantes ao Terreirinho das Peças, local onde as conhecidíssimas famílias Madeira e Agatão impunham leis no prodígio futebolístico paxjuliano. Integrado no grupo do Terreirinho das Peças, ei-lo a defrontar outros bairros paxjulianos: “A malta juntava-se e toca a jogar contra os outros bairros. Lembro a rapaziada da Praça de Touros que tinha na sua equipa duas famílias que a malta temia, os Parranças e os Ameixas”. Com 13 anos iniciou-se nos principiantes do Desportivo e só de lá saiu passadas duas décadas. Uma curiosidade ficou-lhe gravada na memória: “Comecei a jogar como defesa-central, mas houve um jogo em que o Manuel Trincalhetas, que era o nosso treinador, trocou-me com o Zé Lameira, ou seja, passou-me para avançado e ele para a defesa, sendo que nesse jogo fiz quatro golos e não mais conheci outro lugar”. Na época 1967/1968, ainda como júnior, Suarez lançou-o na equipa sénior. O seu mundo na bola passou literalmente pela componente do cobiçado golo. “Em Lagos, num jogo a contar para a Taça de Portugal, ganhámos por 4-0 sendo os golos da minha autoria”. Como estudante do Liceu de Beja, Horta deixou-se seduzir pelo atletismo. Era veloz e a distância dos 100 metros enquadrava-se em pleno com as suas potencialidades. Participou em várias competições nacionais organizadas pela Mocidade Portuguesa o que lhe valeu uma experiência como atleta do Sporting Clube de Portugal. “Esta ida para o Sporting teve origem quando um dia me apresentei no Estádio Nacional numa prova intitulada como o 1º Passo e venci os 100 metros no escalão de juniores. Fui campeão nacional, os dirigentes leoninos contataram-me e eu aceitei. Na época 1966/1967 estive ao serviço do clube de Alvalade, mesmo jogando simultaneamente futebol”. Com as chuteiras penduradas, Horta ainda teve uma passagem, embora efémera, como treinador do Desportivo, sendo no papel de dirigente que o antigo craque se afirmaria em defesa do clube do seu coração.
Fonte: Facebook de JOse Saude.

Sem comentários:

Enviar um comentário