sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Bola de trapos, Diário do Alentejo, edição de 30 de novembro de 2018

José Saúde
O jogo
A história é meramente uma narração de factos, alguns ambíguos, que nos remetem para informações que nos conduzem para o conhecimento de antiguidades que a longevidade do tempo paulatinamente transformou. Recorro a dados que angelicamente armazenei numa gaveta já corroída pelas agruras das eras, e dou por mim a viajar nas asas da idade e trazer à estampa os princípios do desporto-rei em Beja. E se no ano de 1888 os irmãos Pinto Bastos, Guilherme, Eduardo e Frederico, estudantes num colégio em Liverpool, Inglaterra, foram pioneiros em trazer para Portugal a primeira bola de futebol, na urbe bejense foi em finais de 1906 que Frederico Durão Ferreira, José Campos Peneda, Manuel Gomes Palma, João Candoso, Joaquim Vilhena Freire de Andrade e Francisco Nobre Guedes, acicatados por jovens oriundos do Colégio Militar e Escola Académica de Lisboa, se assumiram como os grandes mentores do “vício do jogo da bola”. No Largo da Conceição concentrava-se a juventude cuja finalidade passava pela prática do jogo, não obstante as muitas arrelias que a aventura causava ao polícia de giro. As balizas eram assinaladas por duas pedras e as vestes dos endiabrados rapazes deitavam para as domingueiras. Perante a realidade constatada os estudantes do Liceu de Beja comungavam efusivamente uma modalidade que a nível do país se expandia a uma velocidade estonteante. João Manuel do Carmo, vulgo João da “Boneca”, e Doroteo Flecha, foram os adolescentes que deram relevo à rotina da novel conjuntura. Em 1912 fundou-se na cidade aquela que terá sido a primeira agremiação denominada “Grupo Sportivo Bejense”. Estava dado o tiro de partida para a aparição de novos grupos e clubes. Num olhar abrangente sobre uma veracidade que cruzou incomensuráveis épocas, algumas áureas, chegamos à realidade que longe vão os tempos em que os emblemas se afirmaram num palco onde conquistaram inquestionáveis deuses. Aconteceu, porém, que toda a dinâmica vencedora dantes constatada caiu a pique e lá se foram as emoções que outrora o povo honradamente enobreceu. Presenciou-se uma panóplia de feitos futebolísticos onde o sonho comandou a vida mas na qual os fidedignos adeptos acabaram por se divorciar de um enlace que durou indetermináveis temporadas. O futebol perdeu assistência e a emoção do jogo derrapou para estranhas clemências. Resta relembrar, exemplarmente, o passado do Desportivo que muitas alegrias deu à plebe. O seu símbolo aparentava seguridade, afirmava-se como o grémio mais representativo do distrito, o vetor futebolístico resvalava para o imperecível, a Beja chegavam semanalmente carradas de gentes para assistirem ao espetáculo do jogo, só que tudo o vento levou e por ora observa-se um grupo de dirigentes incansáveis que em boa hora lá vão levando a Carta a Garcia, estimulando, basicamente, a formação.
Fonte_: Facebook de Jose saude.

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