José Saúde
Veiga Trigo
Inconfundível na forma como
geria as leis do jogo ao longo de um desafio, Veiga Trigo foi um dos
melhores árbitros que o futebol português conheceu no Século XX. Sólido
numa atitude tomada, hirto nas decisões e fazendo do procedimento
disciplinar uma das suas armas, o antigo juiz de campo deixou vincado
arte no interior dos retângulos de jogos nacionais e internacionais. No
momento de ajuizar não olhava a cores clubísticas e nem tão-pouco à
personagem que se deparava pela frente. Todos, para ele, enveredavam
pelo mesmo diapasão. José Alberto Veiga Trigo nasceu em Beja a 7 de
julho de 1951, sendo os seus primeiros passos no universo futebolístico
no Desportivo, como juvenil. A sua passagem pelo então simbólico emblema
foi efémera e com 17 anos resolveu experimentar a arbitragem. Mas,
existiam, nesses tempos, regulamentos oficiais que impediam o candidato
em frequentar os cursos com idade inferior aos 21, por isso o diploma só
fora adquirido em consonância com a legalidade vigente. E foi esse
estatuto que durante quatro anos apitou jogos promovidos pela AF Beja.
Dissecando hierarquicamente o seu vasto historial, recuemos no tempo e
observemos Veiga Trigo, empregado no Café “O Cortiço”, a apitar jogos
entre turmas do Liceu de Beja quando o momento o proporcionava. Ao
espiar esses amistosos encontros, o saudoso Armando Nascimento,
presidente dos árbitros bejenses, viu nele excelentes qualidades e
convidou-o para abraçar uma causa a qual se desenhou de forma
literalmente exemplar. O serviço militar obrigatório levou-o a uma
paragem forçada. Esteve em Angola mas o bichinho da arbitragem
manteve-se inalterável. No regresso à velha Pax Júlia, Veiga Trigo
retomou o convívio dos homens do apito e na época de 1972/1973 esteve
como estagiário na associação, seguindo-se uma carreira inolvidável. Na
temporada de 1973/1974, foi árbitro da 2ª categoria regional; 1975/1976,
subiu à primeira; 1977/1978, rumou à 3ª categoria nacional; 1978/1979,
2ª categoria; 1979/1980, 1ª nacional, e na temporada de 1985/1986 a
internacional, mantendo-se no ativo até 1995. Para memória futura,
socorremo-nos do seu vasto currículo e este diz-nos que foi num jogo que
opôs as seleções de Espanha e Malta que o categorizado árbitro se
estreou com as insígnias da FIFA ao peito, fechando o ciclo
além-fronteiras no Luxemburgo num desafio entre o Averir Beggen e o
Orebro Sport Club, da Suécia. Intramuros observamos a presença em duas
finais de Taça de Portugal, a primeira entre o Boavista e o FC Porto, e
uma outra que colocou frente a frente o Benfica e o Boavista. Arnaldo
Aguiar, Manuel Burrica, Teixeira Correia, João Crujo, Luís Lameira e
Francisco Pardal, foram alguns dos condiscípulos que acompanharam Veiga
Trigo como fiscais de linha, agora árbitros auxiliares.
Fonte: Facebook de Jose Saude.
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