sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Bola de trapos, Diário do Alentejo edição de 25 de janeiro de 2019

José Saúde
Veiga Trigo
Inconfundível na forma como geria as leis do jogo ao longo de um desafio, Veiga Trigo foi um dos melhores árbitros que o futebol português conheceu no Século XX. Sólido numa atitude tomada, hirto nas decisões e fazendo do procedimento disciplinar uma das suas armas, o antigo juiz de campo deixou vincado arte no interior dos retângulos de jogos nacionais e internacionais. No momento de ajuizar não olhava a cores clubísticas e nem tão-pouco à personagem que se deparava pela frente. Todos, para ele, enveredavam pelo mesmo diapasão. José Alberto Veiga Trigo nasceu em Beja a 7 de julho de 1951, sendo os seus primeiros passos no universo futebolístico no Desportivo, como juvenil. A sua passagem pelo então simbólico emblema foi efémera e com 17 anos resolveu experimentar a arbitragem. Mas, existiam, nesses tempos, regulamentos oficiais que impediam o candidato em frequentar os cursos com idade inferior aos 21, por isso o diploma só fora adquirido em consonância com a legalidade vigente. E foi esse estatuto que durante quatro anos apitou jogos promovidos pela AF Beja. Dissecando hierarquicamente o seu vasto historial, recuemos no tempo e observemos Veiga Trigo, empregado no Café “O Cortiço”, a apitar jogos entre turmas do Liceu de Beja quando o momento o proporcionava. Ao espiar esses amistosos encontros, o saudoso Armando Nascimento, presidente dos árbitros bejenses, viu nele excelentes qualidades e convidou-o para abraçar uma causa a qual se desenhou de forma literalmente exemplar. O serviço militar obrigatório levou-o a uma paragem forçada. Esteve em Angola mas o bichinho da arbitragem manteve-se inalterável. No regresso à velha Pax Júlia, Veiga Trigo retomou o convívio dos homens do apito e na época de 1972/1973 esteve como estagiário na associação, seguindo-se uma carreira inolvidável. Na temporada de 1973/1974, foi árbitro da 2ª categoria regional; 1975/1976, subiu à primeira; 1977/1978, rumou à 3ª categoria nacional; 1978/1979, 2ª categoria; 1979/1980, 1ª nacional, e na temporada de 1985/1986 a internacional, mantendo-se no ativo até 1995. Para memória futura, socorremo-nos do seu vasto currículo e este diz-nos que foi num jogo que opôs as seleções de Espanha e Malta que o categorizado árbitro se estreou com as insígnias da FIFA ao peito, fechando o ciclo além-fronteiras no Luxemburgo num desafio entre o Averir Beggen e o Orebro Sport Club, da Suécia. Intramuros observamos a presença em duas finais de Taça de Portugal, a primeira entre o Boavista e o FC Porto, e uma outra que colocou frente a frente o Benfica e o Boavista. Arnaldo Aguiar, Manuel Burrica, Teixeira Correia, João Crujo, Luís Lameira e Francisco Pardal, foram alguns dos condiscípulos que acompanharam Veiga Trigo como fiscais de linha, agora árbitros auxiliares.
Fonte: Facebook de Jose Saude.

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