José Saúde
Lança
As calças rasgadas e os joelhos
vulgarmente em ferida, arrogavam-se para Lança como um convincente
problema do dia a dia, mas o seu sonho de criança passava pelo cândido
desejo de em tempos vindouros assumir-se como guarda-redes de eminente
performance. As figuras mundiais Yashine, da antiga União Soviética,
Dino Zoff, Itália, e Vítor Damas, Sporting, foram, na universalidade do
seu cosmos futebolístico, a fonte segura para deliberadamente se
inspirar na arte de defender com perícia os remates traiçoeiros dos
temíveis avançados. António Hilário Marques Lança nasceu a 5 de junho de
1953, em Beja, e com nove anos acompanhou os pais que entretanto se
radicaram em Rio Maior. O clã, com o intuito de melhorar o seu estrato
social, rumou a Angola, sendo que no declinar do ano de 1975 a família
abandonou aquele território. O Lusitano de Lobito foi o clube onde se
estreou, como sénior, não existindo porém registos sobre qualquer
atividade futebolística em escalões de formação. “Quando cheguei ao
Lusitano tinha 17 anos e o meu destino foi logo a equipa sénior”. A sua
elasticidade entre os postes encaminhou-o para altos voos. “Integrei
algumas seleções da região de Lobito. Nesta fase da minha vida no
futebol joguei contra o Barreirense, que tinha o Bento na baliza, depois
defrontei o Porto, o Belenenses e o Vitória de Setúbal, de entre outros
conjuntos que se deslocavam a Angola”. Após o 25 de Abril, Revolução
dos Cravos, Lança aportou na sua terra natal e o Desportivo foi o seu
destino. “Foi na época de 1975/1976 que integrei o plantel do
Desportivo. As amplitudes térmicas entre as regiões eram abismais. Em
Angola era o calor e em Beja o frio. Quando me deparei com o rigor do
Inverno arrepiei caminho e desisti. Os treinos eram, para mim,
autênticos sacrifícios. Não aguentava as temperaturas baixas e a chuva.
Aliás, quando a bola me batia nas mãos cheia de lama parecia ferro”.
Todavia, o futebol corria-lhe nas veias e ei-lo de regresso ao emblema
bejense. “Os tempos que passei no Desportivo foram maravilhoso. A
temporada de 1979/1979 foi fantástica. Subimos à segunda divisão
nacional”. Fechado o ciclo com a camisola do então emblemático
Desportivo ao peito, Lança encaminhou-se para o Despertar. “Essa equipa
onde joguei fez história. Chamavam-nos o “Cosmos”. O presidente era o
Barbosa. Pegámos na equipa na segunda divisão distrital e só parámos na
terceira divisão nacional em anos consecutivos. Ganhámos tudo.
Campeonatos e taças”. Vocacionado literalmente para o mundo da bola,
Lança lançou-se como treinador. “Comecei no Despertar como
jogador/treinador seguindo-se o Cabeça Gorda. Depois veio o FC Serpa e
Aljustrelense, em ambos fui campeão, e finalizei no Desportivo”. O
virtuoso guardião é um conceituado empresário de material de construção
civil em Beja e vive de requintes desportivos que dantes o conduziram à
ribalta.
Fonte: Facebook de Jose saude .
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