sábado, 5 de janeiro de 2019

Bola de trapos, edição de 4 de janeiro de 2019 no Diário do Alentejo

José Saúde
Lança
As calças rasgadas e os joelhos vulgarmente em ferida, arrogavam-se para Lança como um convincente problema do dia a dia, mas o seu sonho de criança passava pelo cândido desejo de em tempos vindouros assumir-se como guarda-redes de eminente performance. As figuras mundiais Yashine, da antiga União Soviética, Dino Zoff, Itália, e Vítor Damas, Sporting, foram, na universalidade do seu cosmos futebolístico, a fonte segura para deliberadamente se inspirar na arte de defender com perícia os remates traiçoeiros dos temíveis avançados. António Hilário Marques Lança nasceu a 5 de junho de 1953, em Beja, e com nove anos acompanhou os pais que entretanto se radicaram em Rio Maior. O clã, com o intuito de melhorar o seu estrato social, rumou a Angola, sendo que no declinar do ano de 1975 a família abandonou aquele território. O Lusitano de Lobito foi o clube onde se estreou, como sénior, não existindo porém registos sobre qualquer atividade futebolística em escalões de formação. “Quando cheguei ao Lusitano tinha 17 anos e o meu destino foi logo a equipa sénior”. A sua elasticidade entre os postes encaminhou-o para altos voos. “Integrei algumas seleções da região de Lobito. Nesta fase da minha vida no futebol joguei contra o Barreirense, que tinha o Bento na baliza, depois defrontei o Porto, o Belenenses e o Vitória de Setúbal, de entre outros conjuntos que se deslocavam a Angola”. Após o 25 de Abril, Revolução dos Cravos, Lança aportou na sua terra natal e o Desportivo foi o seu destino. “Foi na época de 1975/1976 que integrei o plantel do Desportivo. As amplitudes térmicas entre as regiões eram abismais. Em Angola era o calor e em Beja o frio. Quando me deparei com o rigor do Inverno arrepiei caminho e desisti. Os treinos eram, para mim, autênticos sacrifícios. Não aguentava as temperaturas baixas e a chuva. Aliás, quando a bola me batia nas mãos cheia de lama parecia ferro”. Todavia, o futebol corria-lhe nas veias e ei-lo de regresso ao emblema bejense. “Os tempos que passei no Desportivo foram maravilhoso. A temporada de 1979/1979 foi fantástica. Subimos à segunda divisão nacional”. Fechado o ciclo com a camisola do então emblemático Desportivo ao peito, Lança encaminhou-se para o Despertar. “Essa equipa onde joguei fez história. Chamavam-nos o “Cosmos”. O presidente era o Barbosa. Pegámos na equipa na segunda divisão distrital e só parámos na terceira divisão nacional em anos consecutivos. Ganhámos tudo. Campeonatos e taças”. Vocacionado literalmente para o mundo da bola, Lança lançou-se como treinador. “Comecei no Despertar como jogador/treinador seguindo-se o Cabeça Gorda. Depois veio o FC Serpa e Aljustrelense, em ambos fui campeão, e finalizei no Desportivo”. O virtuoso guardião é um conceituado empresário de material de construção civil em Beja e vive de requintes desportivos que dantes o conduziram à ribalta.
Fonte: Facebook de Jose saude .

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