sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Sara Inácio: atleta

10 h
Diário do Alentejo
10 h
Sara Inácio: atleta
“O professor José Silveira e o dirigente Amílcar Pereira foram as pessoas que estiveram na origem de tudo. Tenho, naturalmente, que lhes agradecer por me terem motivado para aquilo que foi o início do meu percurso de atleta. Por me terem dado força e ânimo para continuar, por terem acreditado em mim. Foram eles os primeiros a fazê-lo mas, depois, eu também dei sempre o melhor de mim, fazia sempre mais do que me era pedido. Vivia com a ambição de ser sempre melhor do que era”
Sara Inácio nasceu em Beja há 23 anos. É atleta da Associação Desportiva e Recreativa Água de Pena, do Machico (Madeira), e licenciou-se em Enfermagem. O atletismo é o seu compromisso pessoal, a enfermagem é a sua missão para com o próximo. Fez-se atleta na Juventude Desportiva das Neves. “Tenho boas recordações desse tempo. Comecei a praticar atletismo em fevereiro de 2007, tinha 11 anos, no segundo ano de infantil, os meus resultados começaram a sobressair e obtive muitos títulos regionais. A primeira prova que ganhei foi em Vila Nova de Baronia, em 2008”.
Saiu de Neves para o Diana de Évora, correu pelo Beja Atlético Clube e, agora, está num clube madeirense. Confessa: “O primeiro clube é sempre o que nos marca e a Juventude Desportiva das Neves foi, de alguma forma, o clube que me deu uma base, que me deu as ferramentas para que eu pudesse evoluir. À medida que crescemos vamos evoluindo, aperfeiçoando técnicas e melhorando o que sentimos que é necessário melhorar, mas a base de tudo foi o sítio onde começámos”.
Convidada por vários clubes, nesta época, optou pelo Água de Pena, mas tem o legítimo sonho de chegar a um emblema de topo. O sonho maior é largo como a sua passada. “Desde miúda que sonho ir aos jogos olímpicos. Não sei se o conseguirei, mas trabalho todos os dias para isso. O sonho de ser enfermeira, esse, está praticamente realizado”.
Na sua autoavaliação como atleta, Sara Inácio considera: “Não sendo atleta de alta competição, sei que, no distrito de Beja, sou a melhor atleta em distâncias, como os 800 e os 1500 metros. No corta-mato nem tanto, porque me dediquei mais a estas distâncias, mas em termos nacionais sou uma das melhores do País nos 800 metros planos. Nos 1500 nem por isso, porque existem atletas com mais resistência. Nos 800 estou num bom patamar”. Agora, o foco é evidente: “Ambiciono melhorar as minhas marcas, para ficarem mais próximas dos registos das atletas do Sporting e do Benfica que correm estas distâncias, para isso é preciso trabalhar muito, ter perseverança e continuar a treinar bem. Um dia gostaria de ser convidada para representar Portugal nos europeus”.
O ano de 2018 foi generoso para com Sara Inácio: “Foi um ano em que me consegui empenhar mais nos treinos. Consegui evoluir melhor e cumpri as metas a que me tinha proposto, que passavam por bater todos os recordes”. Conseguiu, efetivamente, melhorar as suas marcas nos 400, 800, 800 em pista coberta e 1500 metros. Contudo, terá sido o seu melhor ano? “Em 2010 também fui vice-campeã nacional de 800 metros, mas desde essa altura, com umas paragens pelo meio, porque entrei para a universidade e recomecei, mas de uma forma mais moderada, desde aí, este foi de facto o melhor ano”.
Pertence-lhe também o recorde da milha (desde 2012) e o dos 1000 metros planos (desde 2011). No final de 2018 fez várias provas com classificações dentro do top 10, sinal de absoluta regularidade. Por isso, Sara Inácio, embora esteja feliz com o que tem recebido da modalidade, sente que “no distrito de Beja podíamos ter mais incentivos”. “Não estamos em pé de igualdade, por exemplo, com o futebol, para o qual existem sempre apoios, para nós é tudo diferente. É difícil ser-se atleta numa região como a nossa”, lamentou. Sobre a sua elevada estatura física (1,83metros), diz: “Uma pessoa como eu tem mais facilidade em provas de meia distância. Já nos jogos olímpicos se vê que a campeã Caster Semenya tem uma considerável estatura”.
Sobre a sua vida pessoal, além de manifestar regozijo pela licenciatura em Enfermagem – “Desde pequena que queria ser enfermeira. É uma profissão muito bonita, de que gosto muito, e sinto-me muito feliz por a ter conseguido” –, não esconde a sua infância na Fundação Manuel Gerardo de Sousa e Castro, em Beja: “Na infância tive problemas familiares, os meus pais não tinham condições para ficar comigo e assumirem o meu crescimento, por isso, fui ali criada e educada. Foi a partir dali que consegui ser atleta e foi ali que me fiz mulher. Só tenho que estar reconhecida pelo tempo que ali tenho passado, estou agradecida às pessoas que me acompanharam, porque elas é que me ajudaram a escolher e a percorrer o meu caminho e me tornaram na pessoa que sou hoje”.
Felicidades, Sara! Esse é o melhor dos recordes, afinal, nada caiu do céu e essa vivência torná-la-á numa pessoa ainda mais feliz.

Texto e Foto Firmino Paixão
Fonte: Facebook de Firmino Paixaom e diario do alentejo

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