José Saúde
Marinho Ameixa
Oriundo de uma família que a sociedade bejense respeitou, o clã Ameixa revelou-se nas modalidades de tauromaquia, columbofilia e no futebol. João Ameixa, o pai, foi uma figura conhecida em Beja que se destacou nas folias amadoras do toureio e como jogador no Esperança Foot-Ball Club, um grupo fundado a 1 de maio de 1931 onde militavam rapazes provenientes do Largo de Santo Amaro. João era irmão de Manuel Ameixa, um jogador que o futebol alentejano cortejou e que atuou no “Elvas” quando os raianos pisavam o palco primodivisionário nacional, sucedendo-se uma viagem pelo Vitória de Setúbal. Mário Augusto Piçarra Ameixa, o sucessor, nasceu em Beja no dia 2 de dezembro de 1940 e é irmão do João e do Zé Ameixa, também eles antigos jogadores. Marinho foi mais uma das pérolas que o bairro do João Barbeiro infalivelmente produziu. Numa pesquisa sobre o fenómeno futebolístico na velha Pax Júlia, constata-se que, tal como os rapazes do seu tempo, iniciou-se a dar pontapés na bola em terrenos vadios e longe dos olhares vigilantes do policia de giro.“Os meus primeiros passos no futebol foram dados com os moços da zona do João Barbeiro. Os campos ou eram nas proximidades da praça de touros, ou da Ermida de Santo André, ou nas eiras. A malta integrava-se em equipas consoante os bairros onde moravam. No fim andava tudo à batatada. Mais tarde formou-se uma equipa popular que dava pelo nome de Esperança onde comecei a jogar”. Depois veio o futebol federado. “Ingressei nos juniores do Despertar. O meu tio Manel Ameixa era o treinador e levou-me para o clube”. Em 1960, já como sénior, transitou para o Desportivo e Marinho explica o porquê. “Foi para fazer o gosto ao meu pai”. Nesses tempos o Desportivo era uma referência na região e chegar à equipa sénior não era tarefa fácil. O candidato ou tinha qualidade sendo então tratado com o devido respeito, ou o “tio” Firmino, velho sapiente nas andanças do futebol, observava com rigidez a postura como o novo craque se equipava e desde logo lhe prognosticava o futuro. O método passava por lhe impingir umas meia rotas, umas botas de travessas com pregos, uns calções enormes ou uma camisola debota e o rapaz lá concluía que os seus sonhos tinham caído num manto de ilusões. Ou não fosse o “tio” Firmino uma antiga estrela do Luso e supremo “juiz” a ditar sentenças da bola. A história de um prémio de jogo de 150 escudos que viu fugir. “Quando pedi esse dinheiro ao senhor Artur Guerreiro ele disse-me que os 150 escudos era para entregar ao meu pai”. Marinho Ameixa prestou serviço militar em Moçambique e jogou no Benfica de Nampula, sendo que no regresso a Beja voltou ao Desportivo com um vencimento mensal de 1500$00. Fechamos com um 11 que atuou na segunda divisão nacional: Alves, Marinho Ameixa, Tino, Nói Madeira, Zezinho, Silvino, Zé Manel, Palma, Suarez, Dionísio e Caramba.
Fonte: Facebook de JOse saúde.
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