sexta-feira, 19 de abril de 2019

Bola de trapos, edição de 19 de abril de 2019 no Diário do Alentejo

José Saúde
Manuel Baião
A sensibilidade que há muito se acumula neste velho escriba, remete o comum dos mortais para a explanação de histórias que levam os leitores a rever um passado repleto de atrativos acontecimentos ou para o despertar de curiosidades de gentes contemporâneas que vivem o fenómeno desportivo entusiasticamente. Serpa foi, e é, uma terra onde a magnitude desportiva incessantemente apadrinhou uma grandiosa hospitalidade. Naquela afortunada urbe autenticasse uma grandeza de atletas que elevaram o nome do povoado aos píncaros, sendo todos eles robustos embaixadores numa arte em que foram de facto monarcas. De entre essa infinidade de craques, destaco o saudoso Manuel Jesus Baião, um antigo jogador que nasceu em Serpa no 12 de fevereiro de 1931. Manuel Baião despontou para o futebol no Luso local quando decorria o ano de 1948. Porém, o dever do cumprimento militar levou-o a uma pausa no jogo da bola. Na época de 1952/1953, já livre da tropa, ei-lo no FC Serpa onde foi fácil conquistar o lugar de efetivo. No seu currículo, que é vasto, sobressai o título de campeão nacional da terceira divisão conquistado na temporada de 1956/1957 com um virtuoso grupo de trabalho onde se destacavam: Cerqueira, Sardinha, Fidalgo, Diamantino, Eduardo, Ferreira, Pacheco, Manel Baião, Garcia, Picareta, Coureles, Cecílio, Cordeiro, Patalino, Teixeira da Silva e Manolo. O treinador era o Fabian e o presidente o inesquecível João Diogo Cano. Manuel Baião tinha o estatuto de jogador versátil e ele próprio o confessava em vida: “Era um jogador muito ágil. Comecei a jogar como avançado mas fixei-me como defesa central. Na final, em Coimbra, contra o Vila Real, onde fomos campeões, tudo tinha sido planeado se porventura existisse um azar com o Garcia seria eu a assumir a baliza”. Todavia, tal não foi necessário e a festa da consagração teve um ilustre nome: FC Serpa. Em 1962 rumou a Beja, sendo que antes já tinha havido um percalço com o seu ingresso no emblema bejense. “Na época anterior estive à beira de ingressar no Desportivo. O treinador era o Camiruaga e mandou-se chutar a bola com o pé esquerdo, só que este era cego e o remate saiu defeituoso e não fiquei”. Na temporada seguinte ingressou no Desportivo e teve como companheiros, Marcelino, Zé Rosa, Apolinário, Meira, Madaleno, Perdigão, Zé Baiôa de entre outros excelentes jogadores que integravam essa fabulosa equipa. Com as botas colocadas ao canto do armário, vemo-lo como treinador: “Na época de 1970/1971 iniciei-me como técnico no FC Serpa e fomos campeões distritais”. Fica explícito que a autarquia de Serpa fez questão em perpetuar este ícone serpense atribuindo ao espaço lúdico o nome de Complexo Desportivo Manuel Baião. Como desportista de alto gabarito perdura a certeza que a sua carreira como jogador terminou quando ostentava a idade de 42 risonhas primaveras.
Fonte: Facebook de Jose saude

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