José Saúde
Pombos correios
A ciência prova que a
orientação dos pombos correios se cinge a mistérios que o homem jamais
ousou desvendar. O conhecimento do voo é um vazio completo quando o ser
humano tenta deslindar as coordenadas aéreas traçados pelos alados.
Estudiosos sobre esta ave, uma ave oriunda de uma variedade do pombo das
rochas que identifica o seu pleno habitat no mundo selvagem, recaem
sobre performances inatas quando se coloca a questão do retorno ao
pombal. O pombo correio ao longo do percurso de uma solta depara-se com
alguns riscos e as aves de rapina não dão tréguas ao voador. Não fui
columbófilo mas vivi de perto a azáfama quotidiana da circunstância.
Conheci a labuta como o tratador preparava o “atleta” para a prova
seguinte, quer ela fosse de velocidade, meio fundo ou fundo. O detalhe
do voo na viuvez, o mostrar o macho à fêmea no momento do encestamento,
ou o jogo dos ninhos e dos borrachos, tudo isto me foi permitido
observar, não obstante a parte oculta que o columbófilo intimamente
escondia. Um outro dado curioso passa pela forma como apurar as
potencialidades do volátil pássaro para a componente distância. Cada
pombo correio tem as suas características, logo o saber determina o
estudo apurado de fatores para a exausta seleção dos pássaros existentes
na colónia. No que concerne ao trabalho intenso que a columbofilia
carece, subscrevo que os métodos usados antigamente são hoje meras
ficções. Para trás ficaram os tempos em que o praticante passava horas a
fio a joeirar as sementes, ou limpar a preceito os bebedoiros, tendo em
linha de conta a condição física da ave para o próximo concurso. Somos
do tempo em que a rapaziada carregava os cestos à mão pelas ruas da
cidade, sendo o transporte dos pombos através de carruagens do caminho
de ferro e antes procedia-se à colocação de anilhas nas patas das aves
que identificavam o pombo na prova. Atraente era algazarra da malta na
altura dos disparos dos antiquados relógios e o subsequente recurso às
fitas que determinava a hora da chegada de cada concorrente. Recordo,
também, o momento da constatação das classificações e, logicamente, das
pequenas querelas constatadas que passavam por pormenores que nem sempre
eram atendíveis por parte de quem se achava espoliado. Atualmente a
columbofilia regesse-se pela modernização, ou seja, as soltas e as
chegadas são cronometradas ao ínfimo pormenor. Os registos são
computorizados. O columbófilo trabalha, é verdade, mas a sua missão está
simplificada e possui outros adornos. Presentemente, a base da
alimentação do pombo correio tem outras nuances e envolve-se noutros
adornos. Preservo, porém, a convicção que o enigma de orientação do
pombo correio permanece como uma autêntica incógnita para o influente
cultor de uma modalidade que paulatinamente tem perdido algumas das suas
enormes referências do passado.
Fonte, Facebook de Jose saude.
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