sexta-feira, 28 de junho de 2019

Um desafio para todos!


Carlos Pinto
Além de ser o "ópio do povo", o futebol pode igualmente servir de barómetro ao que somos como país e sociedade. Não pelo facto de fomentar eternas discussões sem razão à vista em cafés (e nas televisões), mas sobretudo porque espelha aquela que é a realidade sócio-económica de Portugal.
Veja-se este exemplo bem simples: das 18 equipas que vão entrar na Liga NOS na temporada desportiva de 2019-2020, uma dezena são do Grande Porto e do Minho. Depois há mais quatro da zona de Lisboa, duas das zonas insulares (uma da Madeira e outra dos Açores), uma do Algarve… e uma da Beira Alta, no interior (Tondela, concelho com cerca de 28 mil habitantes). Mas se atentarmos ao segundo campeonato profissional, o quadro é em tudo idêntico: a única excepção são a participação de três equipas do interior, o Desportivo de Chaves, o Académico de Viseu e o Sp. Covilhã. Do Alentejo, que "apenas" representa um terço da área total do país, nem sinal…
O que quer tudo isto dizer? Simplesmente que o futebol está como o país: completamente "litoralizado", votando os territórios do interior ao esquecimento. Esta é a realidade que temos e o desafio que necessitamos, de uma vez por todas, de superar. Todos mesmo, de autarquias a empresas, passando pela sociedade civil.
A Regionalização podia aqui ser decisiva para inverter este quadro. Mas enquanto se espera que haja coragem política para dar esse passo, é preciso que o próprio Estado crie as ferramentas e implemente as estratégias que possam travar a desertificação do interior. Caso contrário...

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