sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Bola de trapos, edição no Diário do Alentejo de 27 de setembro de 2019

José Saúde
Pacheco
Odemira, vila situada nos confins da planície alentejana e na raia da serra algarvia, é uma terra onde o futebol teve o seu início nos princípios de 1920 por via de uma família inglesa detentora de uma fábrica de cortiça e que teve o condão em fundar o Sport Clube Odemirense a 1 de março de 1923. Ao longo do seu percurso o Odemirense contou nas suas fileiras com excelentes atletas que souberam erguer bem alta a bandeira de uma povoação que dista da capital do distrito, Beja, cerca de 100 quilómetros, sendo que a distância jamais se apresentou como um problema de importância maior. Das margens do rio Mira saíram desportistas para clubes de uma outra dimensão, ficando gravado no universo das estrelas que de entre os craques que usufruíram dessa realidade, encontra-se Francisco António Guerreiro Pacheco, nascido em Odemira a 2 de outubro de 1953. Pacheco foi um guarda-redes com classe aprimorada que lhe permitiu pisar o palco supremo do futebol nacional ao serviço do Farense. Dissecando uma carreira esplêndida, damos conta que os primeiros passos no universo da bola foram dados como defesa direito. Um dia, precisamente a uma quinta-feira, ao integrar um treino de conjunto, pediu ao treinador que o deixasse experimentar a baliza, pedido autorizado e o jovem arrebatou uma exibição espantosa, uma vez que a sorte dessa magnífica tarde lhe ditaria um futuro risonho como guardião. Viajando pela sua carreira, vislumbramos que a estreia aconteceu em Cercal do Alentejo, onde a equipa perdeu por 4-1, ficando registado que Pacheco, nos últimos 10 minutos, jogou descalço visto que as botas, de cor azul e trazidas pelo cunhado que trabalhava na Suíça, apertaram-lhe de tal maneira os pés que não deu mais para as suportar. Com 16 anos rumou aos juniores do Esperança de Lagos e despertou desde logo outros interesses. O Farense foi um dos grémios onde a jovem promessa motivou interesse. E o certo é que essa transferência consumou-se. A ida para Faro não teve custos adicionais ao clube daquela cidade algarvia, dado que o Farense avançou com a cedência de três jogadores: o Rodrigues Pereira, o Panhufa e Manhita. Quando tudo corria sobre rodas, uma fratura no perónio terá sido determinante para a sua continuidade na urbe de Faro. Verificou-se o regresso a Odemira, a lesão foi entretanto debelada e na temporada 1973/1974 sagrou-se campeão pelo emblema que o projetou para as lides futebolísticas. Pacheco voltou ao seu melhor nível, dá-se o retorno ao Esperança de Lagos que militava na segunda divisão nacional, seguindo-se uma passagem pelo Vasco da Gama de Sines, na época de 1979/1980 ingressou no Desportivo de Beja, transitou depois para o Juventude de Évora e terminou a carreira ao serviço do seu Odemirense. Para trás ficaram 20 anos de dedicação a uma modalidade que muito o preencheu e onde ficaram imensas amizades.
Fonte: Facebook de Jose saude

Sem comentários:

Enviar um comentário