sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Bola de trapos, edição no Diário do Alentejo de 13 de dezembro de 2019

José Saúde
O senhor Silva
No universo desportivo de outrora existiram personagens que marcaram diversas gerações. Aliás, era comum subsistirem personalidades no mais recôndito ermo que por lá não figurassem carolas dedicados ao clube do seu povoado. Enalteço, com justiça, uma pessoa que guardarei eternamente na memória: o senhor Silva. O senhor Silva, um homem da minha prezada Aldeia Nova de São Bento, foi um ícone no fenómeno futebolístico que transbordou saber quando em causa estava o recolher de informações sobre o lendário jogo da bola local. Quem se predispusesse em saber algo acerca da evolução do futebol na povoação, era usual recorrer a esta cortês pessoa que amavelmente desbaratava pormenores sobre uma vulgar questão que o mais incauto comum dos mortais porventura lhe colocasse. Conheci-o com tenra idade e muito o admirei. A sua dinâmica fora estonteante. O Atlético Aldenovense apresentava-se como o seu mundo clubístico. Pormenorizava a história da agremiação desde a sua fundação, que data a 20 de agosto de 1947, sendo o seu criador o capitão Alcino Pires, individualidade que fez do emblema a 11ª filial do Atlético Clube de Portugal. António Loureiro da Silva integrou a primeira direção do Atlético como tesoureiro, sendo o presidente Hilário Madeira Carrasco e Francisco Carmo Mendes o secretário. Creio, que não existe conterrâneo algum conhecedor da atividade imprimida pelo senhor Silva ao longo da sua existência terrena, que não tire o chapéu a uma individualidade inigualável no contexto da profícua maravilha na terra que o viu nascer. Os pormenores como ele vivia o Atlético eram francamente grandiosos. No vidro da montra da sua loja, situada na Rua Bento Costa, lá se concentravam recortes de jornais para o povo se inteirar das classificações dos diversos escalões que disputavam os campeonatos da AF Beja. Por outro lado, também jamais esquecerei a sua comparência quer nos jogos, quer em treinos das equipas do Atlético ou ainda a sua presença física num desafio onde a turma sénior atuasse. O seu legado foi substancialmente desmedido e a sua desinteressada rendição ao emblemático clube da sua alma quiçá insubstituível. Rebobinando um filme onde o preto e o branco plenamente se enquadram, revejo uma imagem retirada ao álbum fotográfico do meu estimável amigo David Monge da Silva que dá conta de um jogo no campo de futebol no Rossio da aldeia, sendo que na bancada central, coberta à época por um pano e a vedação do retângulo apetrechado com ripas de madeira, lá está em primeiro plano o fantástico senhor Silva e atrás o inolvidável capitão Alcino Pires. Interagindo com uma realidade que me fora conhecida, aceitem este repto por mim lançado o qual envolve profundos sentimentos desportivos aonde o senhor Silva, a bíblia infalível do futebol aldenovense, foi uma personagem inegável no âmbito geral no desenvolvimento do Atlético.
Fonte: Facebook de Jose Saude

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