sábado, 18 de janeiro de 2020

Bola de trapos, edição de 17 de janeiro de 2020 no Diário do Alentejo

José Saúde
Caetano
A longevidade do tempo é algo que não se dissolve facilmente numa panóplia de considerandos dantes visualizados e nem tão-pouco se ouse olvidar inesquecíveis acontecimentos desportivos. O leitor comum, atento ao êxtase do fenómeno que o povo cedo abraçou, nunca omite aqueles grandiosos feitos protagonizados por futebolistas bejenses que brilharam em grandes palanques nacionais e recordará eternamente aquela tarde domingueira no Estádio Nacional, uma vez que o relvado do Restelo não estava em condições para o dérbi se realizar, um jogo que opôs o Belenenses e o Benfica e de um jovem jogador chamado Caetano “secar” a reluzente estrela do futebol mundial de nome Eusébio. Caetano, com uma pujança física descomunal e rápido na disputa de um lance, não deu abébias ao “pantera negra”, sendo a comunicação social unânime na avaliação quanto à magnífica exibição de uma marcação direta àquele fabuloso astro que cintilava exuberantemente no palco universal. Falamos de António José Figueira Caetano, nascido a 25 de junho de 1948 na Mina de São Domingos, sendo que a velha Pax Júlia o acolheu enquanto criança. O Desportivo de Beja foi, aliás, o emblema que lhe abriu as portas, sucedendo-se uma aventura que integrou quatro moços de Beja, o Caetano, o Lagarto, o Corujo e o Teixeira, que partiram rumo a Lisboa visando prestar provas no Benfica, onde ao longo de uma semana foram observados por Fernando Cabrita. Todavia, a sua fulgente aparição nos grandes estrados lusitanos, deu-se precisamente com a camisola da Cruz de Cristo envergada no corpo onde debitou uma aprimorada classe que o levou, aos 18 anos, à primeira categoria do grémio do Restelo. De Lisboa a Braga foi um passo. O Sporting bracarense acolheu-o com distinto primor e nessa época foi convocado para a Seleção de Esperanças. O serviço militar obrigatório chamou por ele, sendo então enviado para o quartel militar de Beja. Nesta cidade defendeu as cores do clube de origem, o Desportivo, tendo ali permanecido duas épocas. A CUF foi a agremiação que se seguiu, sendo no Barreiro que deu por terminada a sua carreira no cosmos futebolístico. Com o rótulo de exímio avançado, que o foi, Caetano finalizou o seu percurso na bola a jogar no sector mais recuado: “Costuma dizer-se que os bons avançados dão bons defesas, principalmente quando estes atingem uma certa idade e o que se passou é que foi o Manuel Oliveira, como treinador, acreditou nas minhas capacidades e eu não o desiludi”, afirma o antigo jogador. Caetano é irmão de Augusto Caetano, um guarda-redes doutros tempos que deixou vincada a sua apetência entre os postes. A antiga vedeta frequentou o Curso de Treinadores ministrado pelo CIMBOL o que lhe proporcionou uma fugaz experiência como técnico do Almodôvar. Caetano vive em Beja e guarda ainda hoje um rosário de recordações que o futebol orgulhosamente lhe facultou.
Fonte: Facebook de Jose saude.
 

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