sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Bola de trapos, edição de 14 de fevereiro no Diário do Alentejo

José Saúde
Pombos-correios
Numa investigação primária a uma das componentes desportivas que inevitavelmente marcou a columbofilia, esbarramos no misterioso mundo dos pombos-correios, onde a necessidade em compreender o rumo dos seus voos é uma incógnita. Por isso, a incursão que, porventura, ousemos cogitar sobre a essência do seu enigma é, tão-só, uma curiosidade imaginária sobre o poder de orientação do seu voar nos infinitos céus ao longo dos concursos. Consta-se que estas aves assumem-se como protagonistas de diversos episódios da História da Humanidade. Cruzam espaços aéreos, lutam contra as adversidades das aves de rapina e foram outrora copiosos mensageiros de notícias em pleno campo de batalhas. Nesses tempos da guerra assumiam-se como exímios carteiros na permuta de informações. A sua existência remota para os 4.000 anos antes de Cristo e a sua origem reporta-se ao antigo Egipto. Na Europa, foi a Bélgica, expressam os historiadores, que exerceu um papel determinante para a sua vulgarização como distinto atleta em campeonatos de fundo, meio-fundo e velocidade. O columbófilo soube paulatinamente sugar-lhes evidentes competências e a família columbófila expandiu-se. Defendem alguns dos seus praticantes que a modalidade se coloca num dos lugares do pódio nacional, contudo esse chamar a si tão presunçosa honra é quiçá discutível, dai que não entremos por caminhos que não dominamos. Admitamos que sim, apenas. Mas as conversas com as peripécias dos pombos-correios estendem-se com o evoluir de cada solta. O pequeníssimo cérebro dos alados transfere-nos para o mundo das interrogações. Ninguém descobriu, até hoje, as coordenadas traçadas por um órgão pequeníssimo e que lhes transmite o profícuo poder da direção a seguir. Por entre ventos e tempestades cruzam vastos quilómetros e regressam prodigiosamente ao seu pombal. Pelo meio da maratona, algumas longas, a sua fértil inteligência permite-lhes ludibriar os mais dolorosos obstáculos. Reconhecesse que os tempos pelos quais passamos são outros. Os clássicos columbófilos vão jogando a toalha ao chão e a juventude dispersa-se desportivamente. Ainda assim, permanecem em atividade cerca de 200 briosos resistentes distribuídos por 19 coletividades residentes no distrito de Beja. No âmbito nacional a modalidade, segundo os entendidos, também esmoreceu. Sucede, porém, que nos últimos 10 anos verificou-se o regresso dalguns apaixonados por uma circunstância que outrora muito lhes tocou na alma. Conheço o universo columbófilo bejense desde os tempos de infância e testemunhei o carregar dos cesto rumo ao encestamento e o subsequente transporte para carruagens do comboio. Atualmente, os meios físicos e humanos são outros e o seu conteúdo resvalou para exequíveis condições financeiras que o columbófilo em atividade porventura exterioriza. Bem-haja a vossa dedicação à resplandecente causa que teimam em preservar, sabendo-se que a única razão que vos move é a paixão!
Fonte: Facebook de Jose Saude.

Sem comentários:

Enviar um comentário