José Saúde
Pombos-correios
Numa investigação primária
a uma das componentes desportivas que inevitavelmente marcou a
columbofilia, esbarramos no misterioso mundo dos pombos-correios, onde a
necessidade em compreender o rumo dos seus voos é uma incógnita. Por
isso, a incursão que, porventura, ousemos cogitar sobre a essência do
seu enigma é, tão-só, uma curiosidade imaginária sobre o poder de
orientação do seu voar nos infinitos céus ao longo dos concursos.
Consta-se que estas aves assumem-se como protagonistas de diversos
episódios da História da Humanidade. Cruzam espaços aéreos, lutam contra
as adversidades das aves de rapina e foram outrora copiosos mensageiros
de notícias em pleno campo de batalhas. Nesses tempos da guerra
assumiam-se como exímios carteiros na permuta de informações. A sua
existência remota para os 4.000 anos antes de Cristo e a sua origem
reporta-se ao antigo Egipto. Na Europa, foi a Bélgica, expressam os
historiadores, que exerceu um papel determinante para a sua vulgarização
como distinto atleta em campeonatos de fundo, meio-fundo e velocidade. O
columbófilo soube paulatinamente sugar-lhes evidentes competências e a
família columbófila expandiu-se. Defendem alguns dos seus praticantes
que a modalidade se coloca num dos lugares do pódio nacional, contudo
esse chamar a si tão presunçosa honra é quiçá discutível, dai que não
entremos por caminhos que não dominamos. Admitamos que sim, apenas. Mas
as conversas com as peripécias dos pombos-correios estendem-se com o
evoluir de cada solta. O pequeníssimo cérebro dos alados transfere-nos
para o mundo das interrogações. Ninguém descobriu, até hoje, as
coordenadas traçadas por um órgão pequeníssimo e que lhes transmite o
profícuo poder da direção a seguir. Por entre ventos e tempestades
cruzam vastos quilómetros e regressam prodigiosamente ao seu pombal.
Pelo meio da maratona, algumas longas, a sua fértil inteligência
permite-lhes ludibriar os mais dolorosos obstáculos. Reconhecesse que os
tempos pelos quais passamos são outros. Os clássicos columbófilos vão
jogando a toalha ao chão e a juventude dispersa-se desportivamente.
Ainda assim, permanecem em atividade cerca de 200 briosos resistentes
distribuídos por 19 coletividades residentes no distrito de Beja. No
âmbito nacional a modalidade, segundo os entendidos, também esmoreceu.
Sucede, porém, que nos últimos 10 anos verificou-se o regresso dalguns
apaixonados por uma circunstância que outrora muito lhes tocou na alma.
Conheço o universo columbófilo bejense desde os tempos de infância e
testemunhei o carregar dos cesto rumo ao encestamento e o subsequente
transporte para carruagens do comboio. Atualmente, os meios físicos e
humanos são outros e o seu conteúdo resvalou para exequíveis condições
financeiras que o columbófilo em atividade porventura exterioriza.
Bem-haja a vossa dedicação à resplandecente causa que teimam em
preservar, sabendo-se que a única razão que vos move é a paixão!
Fonte: Facebook de Jose Saude.
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