Manel da Benta
Com uma estatura física atirada para o baixo, mas não lhe olhassem ao
tamanho porque a sua sublime ação no interior das quatro linhas era
preponderante para carregar com a equipa “ás costas” e manobrar todo o
jogo ofensivo, eis-nos numa visita a um craque da bola do antigamente.
Um livre direto nas imediações da grande área adversária, saía
normalmente “bomba” e o acumular de mais um golinho que por vezes
determinava o desfecho da contenda. Aliás, a sua diminuta altura
impediu-o de pisar palcos supremos do futebol nacional, sendo ainda hoje
reconhecida a subtileza futebolística com a qual cativou gerações numa
povoação que ao longo dos tempos tem dado excelentes desportistas.
Manuel Abril Machado nasceu em Aldeia Nova de São Bento a 10 de janeiro
de 1943 e explica que razão do nome de guerra, Manel da Benta, surgiu
através de uma irmã: “Quando era pequenino andava sempre atrás da minha
mana Benta e daí surgiu a alcunha”. Nesses tempos, anos de 1950, o Manel
da Benta começou a deixar cartel entre a pequenada. “Andava na escola
primária e já os rapazes me consideravam como um dos melhores jogadores.
Jogava descalço e as bolas eram feitas com trapos que a malta cozia à
mão”. Reza a história que na aldeia, nessa época, existiam vários grupos
populares e Manel da Benta assumiu compromisso com os “Azuis”. “Esse
grupo era formado com a rapaziada que frequentava o Café do Zé Amaro e
dele faziam parte o Emílio, Mamede, Zé Aldeia, Chora, Manel Foguete e o
Aurélio, de entre outros”. A curiosidade destas hilariantes histórias
remetem-nos para um agregado de circunstâncias substancialmente
maravilhoso. “Uns eram sapateiros, outros carpinteiros e outros
trabalhavam no campo”, adianta. Os equipamentos, segundo o antigo
jogador, “foram comprados com o dinheiro, vinte cinco tostões, de um
mealheiro que todas as semanas cada um de nós lá depositávamos”.
Segue-se a “transferência” para os “Amarelos”. “Este grupo tinha a sua
sede na taberna do Bento Monge, na Rua do Sobral, e comigo foi o Emílio.
Os equipamentos foram comprados com parte da jorna de uma empreitada
que fizemos numa ceifa nas courelas do senhor Zé Pedro. No final
juntámos uns tostões e toca a equiparmo-nos à maneira”. Aos 17 anos
rumou a Lisboa. “Prestei provas na equipa de juniores do Sporting. Foi o
senhor Silva que escreveu ao Sporting. Estive quinze dias em Alvalade. O
treinador era o Juca e o presidente o doutor Abrantes Mendes. Os
treinos correram bem, mas a minha baixa estatura foi fatal”. No Atlético
Aldenovense deixou memórias. Jogou ao lado de Vitorino e mais tarde no
campeonato da antiga FNAT pela Casa do Povo. Presentemente, recorda, com
brio, esses gloriosos tempos e lembra alguns dos jogadores que o
marcaram: “O Carapezinho, Zé Amaro, Vitorino, Manel Romeiro, Zé Beirão,
António Rodolfo e outros”. Crónicas doutras épocas onde o Manel da Benta
foi um carismático ator!
Fonte: Facebook de JOse saude.
Fonte: Facebook de JOse saude.
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