quarta-feira, 13 de maio de 2020

Bola de trapos, edição de 1/05/2020 no Diário do Alentejo

José Saúde
Raul Lampreia
Recentemente, o meu amigo de longa data professor Monge da Silva – ambos nascemos em Aldeia Nova de São Bento – que é um aprimorado estudioso em matéria desportiva, sendo o seu nome sobejamente conhecido a nível nacional e internacional, enviou-me um breve documento histórico onde se fala da existência do Luso, fundado a 16 de junho 1916, do projeto para o Estádio Condessa de D’Avilez, que seria inaugurado a 1 de maio de 1931, e de Raul Guerreiro Lampreia. Aliciado pelo argumento exposto, prontifiquei-me em elaborar um texto sobre a tão proeminente figura que fora Raul Lampreia. Assim, numa sucinta narrativa sobre a história desportiva na velha Pax Júlia, leva-me a complexidade da informação a enveredar por caminhos que refletem prudência. Todos temos opiniões e todas elas são bem-vindas. Reconheço que agradar a gregos e a troianos é complexo, no entanto ouso desafiar preconceitos e trazer livremente à opinião pública retratos de individualidades que muito contribuíram para o progresso do futebol por estas paragens sul alentejanas. Sei que o catálogo de personalidades é vastíssimo, mas a minha ânsia de saber quem somos e de onde viemos, conduz-me por veredas apertadas e leva-me a desbravar etapas construídas por criaturas cuja entrega à causa se reflete na realidade presente. Raul Lampreia, conhecido em Beja pela alcunha de “Bife”, foi um dos homens que participou na construção do processo futebolístico bejense. Iniciou a sua carreira como dirigente a 9 de novembro de 1935 no “conselho de gerência” do Luso, onde assumiu depois a presidência da direção. A sua relevante obra levou-o a presidente da Associação de Futebol de Beja (1938/1939-1941/1943), sendo também representante deste organismo na Federação Portuguesa de Futebol. A sua imutável crença de indivíduo prudente, conduziu-o a diretor do Clube Desportivo de Beja após a fusão (a 8 de setembro de 1947) entre o Luso, o União e o Pax Júlia. Homem íntegro, correto, educado, envergando sempre vestes requintadas, ou seja, fatos de excelência emparelhados com gravatas de qualidade, e considerado pessoa de bem, ei-lo como vereador da Câmara Municipal de Beja, sendo o presidente Banha da Silva. Raúl Lampreia foi considerado como um dos principais responsáveis pela construção do velhinho estádio municipal Engenheiro José Frederico Ulrich, cuja inauguração ocorreu a 27 de abril de 1953. Um estádio que ao longo dos anos fez furor a sul de Portugal, uma vez que a sua magnitude bélica, bem como o excelente pelado que habitualmente apresentava, era, à época, motivo de orgulho não só para a população local, como também para o pessoal que regularmente visitava o recinto. Recordar Raul Lampreia é trazer à estampa um cidadão cordial que a plebe, conhecedora da sua rotina diária, sempre venerou. A residência oficial onde habitou foi um quarto na Pensão Rocha, no Largo D. Nuno Álvares Pereira, em Beja, e o Café Luiz da Rocha o recanto sagrado que radiosamente o acolhia.
Fonte: Facebook de JOse saude

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