José Saúde
Despertar
Relato, com conhecimento de
causa, que o Despertar Sporting Clube, fundado a 24 de junho de 1920, é o
segundo emblema mais antigo da cidade de Beja, atrás do extinto Luso
(16 de junho de 1916). Vistoriando os seus 100 anos de existência,
porque a gesta é real, tanto mais que os tempos que levei dedicados ao
estudo pormenorizado do fenómeno futebolístico distrital são sinónimo de
autenticidade, principalmente quando narramos acontecimentos doutras
eras. A sigla do grémio comporta o nome Sporting que advém do apelido
ter sido ganho, por maioria, em detrimento daqueles que votaram como
adeptos do Benfica. O dever cívico interiorizado neste já idoso escriba,
levou-me aos primórdios do centenário do aniversariante, trazendo
justamente à opinião pública Manuel Gonçalves Peladinho, o primeiro
presidente do Despertar. Tudo, porém, começou antes quando um grupo de
jovens de idades compreendidas entre os 13 e os 15 anos que atuavam, à
época, nos grupos o “Libertário” e “Infantil”, resolveram juntar-se e
formar um clube. Desvendando esses estreitos trilhos, sabe-se que os
rapazes se reuniam sob a luz ténue de um candeeiro a petróleo que
iluminava, à noite, a via pública, lá para as bandas onde se localiza
hoje a Rua Fialho de Almeida, em Beja, e junto a uma estalagem que dava
pelo nome de Bárbara Meneses. Curioso foi a mística lançada nas hostes
em que a plebe alcunhou o grémio como “Rasga”, um veredito popular
motivado pela avalanche de pessoal operário que envergava a sua
camisola. Diz-nos, ainda, o seu histórico que a primeira sede foi numa
vacaria localizada na rua Freire Amador Arraiais, propriedade de um
lavrador de nome Manuel Agostinho Dias. As instalações eram imundas o
que granjeou comentários da plebe da bola apelidando o local como o
sítio da “Pega Azul”. O Despertar possui um copioso passado. A sua ação
desportiva foi sempre eclética. Estatutariamente só o boxe é uma
modalidade que jamais entrou no seu rosário de contas. De resto, o seu
património desportivo, assim como as eficazes implementações de
infraestruturas, regem-se pelo positivismo. Do Despertar saíram
excelentes jogadores para clubes de nomeada nacional. Jovens atletas que
transportaram consigo as origens despertarianas, sendo que alguns
militaram no Benfica e Sporting, outros no Vitória de Setúbal e de
Guimarães, designadamente. No Despertar o capítulo formação tem sido uma
bênção determinante. Olhou-se para as capacidades existentes e os
avanços foram pautados pela segurança. Recusou-se o aventureirismo e a
ganância da vitória. Construiu-se, paralelamente, um valioso património.
Contempla-se, atualmente, o seu considerável pé-de-meia e constatamos a
posse de uma sede, construída de raiz, integrada numa zona distinta
onde prolifera um esplêndido complexo desportivo e uma bomba de gasolina
que reflete a sua grandiosidade no que concerne aos capitais entrados
na tesouraria. Despertar, um símbolo de eleição!
Fonte: Facebook de Jose Saude
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