quarta-feira, 8 de julho de 2020

"Obsessão do Castrense não é subir de divisão"

Já depois de ter tomado posse como presidente do FC Castrense, Abelha revela ao "CA" quais as metas definidas para os próximos dois anos, assumindo que a ambição continua a ser a aposta nos jovens jogadores da terra. "Continuo a achar que nos próximos dois anos vamos cada vez mais dar oportunidades aos nossos jovens de chegar à equipa principal e dar-lhes experiência, para que nos anos seguintes, nos dois anos do próximo mandato, esses miúdos possam jogar nos campeonatos nacionais com uma equipa de qualidade e sem grandes custos", afiança o presidente do emblema de Castro Verde.
Foi reeleito presidente do FC Castrense. Avançou por sentir que era necessário dar continuidade ao trabalho iniciado em 2018?
Sim, a ideia foi sempre essa. Quando esta direcção e eu pessoalmente tomámos a decisão de assumir os destinos do clube foi sempre tendo em vista um projecto, no máximo, de seis anos. Como não tinha muita experiência, estes primeiros dois anos foram para ganhar o "calo". A partir de agora, tudo o que começámos a implementar vai começar a dar frutos, porque o trabalho está a ser bem feito.

Que objectivos traça para estes dois anos?
Que cada vez mais o FC Castrense seja o clube da terra! Queremos que os atletas nascidos em Castro Verde e aqueles que cheguem à terra se adaptem ao clube, que gostem do clube, que vivam o clube. Mas todos têm que ter a noção que não chega apenas o clube dar-lhes as oportunidades: eles têm também que fazer muitos sacrifícios para poderem chegar aos patamares que o clube já exige.

Quando foi eleito pela primeira vez, em 2018, tinha como "bandeira" devolver a mística ao FC Castrense. Sente que esse objectivo foi alcançado?
Penso que estamos no bom caminho! Uma das coisas que sempre pensámos foi que o clube tinha de estar mais envolvido com a própria sociedade e por isso, hoje em dia, o FC Castrense faz parte do conselho consultivo da Reserva da Biosfera [de Castro Verde] e integra a comissão alargada da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Castro Verde. E já somos entidade formadora de duas estrelas – muito perto da terceira estrela –, o que confere qualidade ao trabalho que fazemos na nossa formação. Por tudo isto, sinto que as pessoas se estão a identificar mais com o clube.

O futebol sénior é a "imagem de marca" do FC Castrense e os últimos dois anos, ao nível dos resultados, não foram propriamente famosos. Nos próximos dois anos poderá ser diferente?
Temos que ver os objectivos que traçámos… E os objectivos que traçámos nestes dois anos – que eram termos cada vez mais jogadores formados na terra [no plantel] – foram atingidos plenamente! Essa foi a nossa meta, nunca prometemos nada em termos de resultados e continuamos a não prometer. Continuo a achar que nos próximos dois anos vamos cada vez mais dar oportunidades aos nossos jovens de chegar à equipa principal e dar-lhes experiência, para que nos anos seguintes – nos dois anos do próximo mandato – esses miúdos possam jogar nos campeonatos nacionais com uma equipa de qualidade e sem grandes custos. Porque como [o clube] estava era insustentável!

Ou seja, vai manter-se a aposta na formação sem a ambição de subir de divisão?
Sim, o nosso objectivo é que mais miúdos consigam chegar à equipa principal. Por exemplo, no ano passado tivemos quatro juvenis que fizeram o exame médico especial e foram usados na equipa principal. E queremos que este ano os juniores – e até os juvenis – tenham noção que a qualquer momento podem chegar à equipa sénior. As aquisições que estamos a tentar fazer são de jogadores experientes, alguns que já passaram pelo Castrense, que vão dar a base [de apoio] aos mais jovens para poderem errar e para poderem falhar. Ou seja, a ideia nestes próximos dois anos vai ser esta, ainda que saibamos que o FC Castrense a qualquer altura está sujeito a subir ao nacional, porque isso é normal para um clube com o prestígio e a qualidade do FC Castrense. Aliás, nestes dois últimos anos tínhamos qualidade no plantel. Houve algumas coisas que não correram bem, mas não era por falta de qualidade no plantel!

Tem, portanto, a convicção que desportivamente os resultados da equipa sénior do FC Castrense serão melhores nestes próximos dois anos?
Há uma coisa que é diferente: há o subir e há o ser campeão. Uma coisa não impede a outra, pois podemos ser campeões e não assumir a subida. E eu sempre disse que se nestes primeiros dois anos fossemos campeões provavelmente não assumiríamos a subida. Vamos ver o que vai acontecer, mas nunca ninguém disse que não queríamos ser campeões. E o FC Castrense corre esse risco [de ser campeão], ainda mais agora sem o Moura AC e o Mineiro Aljustrelense no campeonato distrital. Mas essa não é uma obsessão… A nossa obsessão é que cada vez mais os nosso miúdos tenham noção que podem chegar à equipa principal, porque lhes vamos dar oportunidades para isso.

Além do futebol, o FC Castrense conta com atletismo, hóquei em patins, patinagem artística e voleibol. Que papel vão ter estas modalidades no clube?
O papel que hoje já têm, ou seja, um papel importante. Sabendo que fazem parte activa do clube e que o Castrense não é só futebol. E cada vez está a notar-se isso menos! Queremos que todos os miúdos que pratiquem essas modalidades tenham espaço para crescer e atingir as metas que possam ter. Nestes dois anos queremos criar condições para que cada vez mais estes atletas possam sentir orgulho no clube da terra deles.

No plano financeiro, o FC Castrense é neste momento um clube estabilizado?
Sim, pois desde o início que estamos a gastar conforme o que temos. A situação está estável e vamos ficar agora com algum fundo de maneio, mas esse tem de ser bem gerido e guardado, porque não sabemos o futuro. Temos noção que a partir de agora, a nível dos sócios e do comércio, vai ser muito difícil e alguma verba que consigamos poupar terá de ser para o futuro, pois não sabemos o que vem aí.

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