O piloto Jaime Coelho, natural de Pias, vencedor da “Copa Dunlop Motoval 2019” ganhou, este ano, três provas do Campeonato Nacional de Velocidade Superstock 600. Uma lesão, por queda, tê-lo-á afastado da corrida pelo título, mas garante que, em 2021, lutará por esse objetivo.
Texto Firmino Paixão
O piloto alentejano disputou, apenas seis, das 12 provas do campeonato nacional e conseguiu três vitórias e três segundos lugares. Uma queda nos treinos livres da sétima prova (quarta corrida) afastou-o temporariamente das pistas e da luta pelo campeonato. No final deste mês, voltará a competir na jornada que encerra o campeonato, sempre focado nas vitórias, mas já sem possibilidades de discutir o título. Algo por que promete lutar na próxima temporada.
Como lhe tem corrida esta temporada desportiva?
Tem corrido mais ou menos, com muitos pontos positivos, mas também alguns pontos negativos. Começámos muito bem, muito fortes, motivados pela vitória no campeonato em 2019, mas, dada esta situação do confinamento, e mesmo com essa agravante, treinámos muito, preparámo-nos muito bem e entrámos muito fortes no campeonato. Conseguimos logo duas vitórias na primeira ronda, no Estoril, que nos motivaram bastante para darmos continuidade ao campeonato. Na segunda prova, em Portimão, as coisas descambaram um bocadinho, por causa de uma queda quando liderava a primeira corrida e a partir daí havia que dar a volta à situação o mais rapidamente possível.
O que lhe faltou para ter ido um pouco mais além?
As corridas deste ano têm 15 voltas e nós estávamos habituados a menos. São provas mais exigentes a nível físico e poderíamos ter gerido as coisas de outra maneira. Agora, mais a frio, e olhando para trás, percebemos que podíamos ter feito as coisas de outra maneira, aproveitando alguns erros dos adversários. Podíamos ter transformado essas seis corridas em seis vitórias.
Considera que esta foi a sua melhor época de sempre, ou não?
Não! A época de 2019 foi a melhor. Foi mesmo muito boa, porque consegui oito vitórias em 12 corridas e venci a “Copa Dunlop Motoval”. Foi fantástico, tínhamos estado um ano parados, por causa do nascimento da minha filha, e decidimos não avançar. Depois, começámos do zero, trabalhámos muito durante o inverno para conseguir importantes apoios e parcerias que nos permitiram um planeamento equilibrado da época. Também devo agradecer aos meus parceiros e patrocinadores, sem os quais não seriam possíveis estas performances.
E a Kawasaki ZXR6 tem correspondido às exigências do Campeonato Nacional de Velocidade Superstock 600?
Sim, tem correspondido muito bem. Está bem afinadinha, tem potencial para muito mais, aliás, o conjunto piloto/moto tem potencial para muito mais… nestes dois anos, nunca tive um problema mecânico, a moto nunca me deixou a pé, estou bastante satisfeito.
Não disputou as últimas duas provas deste campeonato…
Não, eu tive uma queda na quarta corrida do campeonato, em Portimão, logo pela manhã, nos treinos livres. Deixou-me algumas mazelas, das quais ainda estou a recuperar, mas estou a melhorar. Estes são os tais pontos negativos que falei no início, porque ficar de fora, a ver o adversário direto ganhar vantagem, é sempre doloroso.
Não fosse esse ‘percalço’ e estaria a discutir o título na próxima corrida no Estoril?
Garantidamente, porque entrei naquela corrida em primeiro lugar do campeonato e com os mesmos pontos do adversário direto (Dani Trelles/Yamaha) e tínhamos que vencer nesse fim de semana, para tentarmos ganhar alguma vantagem. Falta realmente essa última corrida, nos dias 24 e 25 de outubro, em princípio irei disputá-la, creio que, nessa altura, a lesão estará ultrapassada e poderei concluir este desafio.
Que sentimento tem um piloto do Alentejo quando sobe ao lugar mais alto do pódio?
É algo espetacular, existe uma descarga de adrenalina fantástica. Começa naquela volta final que se chama de consagração. É uma volta que nós, pilotos, nunca desejamos que acabe, porque o que se vive nesse momento é tão bom que desejamos prolongá-la. Depois, o pódio é um momento fantástico, um momento de reconhecimento do trabalho que fazemos, porque, por detrás de tudo isto, está uma logística muito grande, estão muitos sacrifícios. Mas, felizmente, a comunidade local tem-me apoiado, reconhece este meu empenho.
Este ano também viveu um momento especial, correndo com o Miguel Oliveira, recente vencedor do Grande Prémio da Estíria?
Foi inesquecível. Aconteceu porque o Moto GP estava parado e ele veio correr ao nosso campeonato, para ganhar ritmo, antes de voltar a competir. Nós só temos a aprender com os pilotos profissionais que vêm ao nosso campeonato. Foi um enorme prazer e, nesse fim de semana, o que ficou para a história foi que o Miguel Oliveira ganhou nos 1000 cm3 e eu venci nos 600 cm3.
Fonte: https://diariodoalentejo.pt
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