domingo, 29 de novembro de 2020

BOLA DE TRAPOS, edição de 27/11/2020 no Diário do Alentejo

 

JOSÉ SAÚDE
Manuel Baião
Generoso e completamente obstinado pela sua entrega total ao jogo, Manuel Baião foi um dos grandes senhores do futebol de outrora nesta sedenta pátria alentejana. Instintivo na forma como administrava os seus excelentes dotes, não virava a cara à luta e fazia do poder de salto a sua colossal arma. Revejo imagens onde a sua agilidade capital ditava uma ordem descomunal no interior das quatro linhas, em defesa das “suas” cores. Manuel Jesus Baião nasceu em Serpa a 12 de fevereiro de 1931 e o futebol foi a sua grande paixão. Aliás, acrescentaria mais: Manuel Baião foi um dos ícones do historial futebolístico sul alentejano e onde se reveem, também, profícuas pérolas que jamais sairão de uma montra repleta de preciosidades. Depois dos aprazíveis jogos de rua “foi no Luso, no ano de 1948, que dei os primeiros passos no futebol à séria”, adiantava aquela glória de um passado que lhe fora substancialmente afável. Nos anos de 1950 viviam-se, em Serpa, momentos de elevada grandeza com a equipa da terra a levar ao púlpito façanhas inesquecíveis. Neste contexto, Manuel Baião, com o serviço militar cumprido, regressou ao seu torrão sagrado e, logicamente, integrou o plantel do Futebol Clube de Serpa (FC Serpa). “O Serpa vivia momentos de grande glória desportiva. O presidente era o senhor João Diogo Cano, sendo ele o senhor absoluto do clube. Por Serpa passaram jogadores de grande qualidade e treinadores. O Fabian foi, para mim, o treinador que mais me marcou. O Fonda e o Di Paola também me ensinaram muito sobre a realidade do futebol. O Rana foi um dos treinadores a que muito se deve a evolução do futebol em Serpa”. No capítulo dos jogadores, Manuel Baião recordava os tempos em que o FC Serpa se sagrou Campeão da III Divisão Nacional, época 1956/57, numa final (2-1) disputada em Coimbra a 23 de junho de 1957, sendo o adversário o Vila Real de Trás-os-Montes e com os golos serpenses a serem apontados por Teixeira da Silva e Coureles. Olhemos, agora, para os nomes que dignificaram esse valioso plantel: Cerqueira, Sardinha, Fidalgo, Diamantino, Eduardo, Ferreira, Pacheco, Manuel Baião, Garcia, Picareta, Coureles, Cecílio, Cordeiro, Patalino, Teixeira da Silva e Manolo. Em 1962, o saudoso Manuel Baião ingressou no Desportivo de Beja, mas fica a curiosidade da razão pela qual, no ano antecedente, recebeu um perentório não. “Na época anterior estive à beira de ir para o Desportivo, mas nessa época o treinador era o Camiruaga, ele mandou-me chutar uma bola com o pé esquerdo e como este era ‘cego’ o remate saiu defeituoso e não fiquei em Beja”. Após o adeus ao futebol como jogador, Manuel Baião deixou excelentes indicações como treinador: “Na época de 1971/72 levei o FC Serpa à III Divisão Nacional”. Resta deixar explícito que Manuel Baião deu por terminada a carreira como jogador aos 42 anos, ficando para trás descomunais momentos de fama.
Fonte: facebook de Jose Saude

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