sábado, 6 de março de 2021

“Enquanto tiver oportunidade, estarei disponível para servir esta causa”

O Conselho Regional de Arbitragem da Associação de Futebol de Beja tem um quadro de árbitros com qualidade para fazerem um percurso bem-sucedido e chegarem a outros palcos na arbitragem nacional. Basta, muitas vezes, terem confiança em si próprios, porque as oportunidades são iguais. É esta a garantia deixada por Albano Fialho, dirigente nacional, em entrevista ao “DA”.

 

Texto Firmino Paixão

 

Antigo árbitro e treinador de hóquei em patins, o ferreirense Albano Rocha Fialho, licenciado em Direito, e membro da Associação Portuguesa de Direito Desportivo, é hoje um dos sete vogais do Conselho Nacional de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, presidido por Fontelas Gomes. O dirigente alentejano, ao lado de Lucílio Batista e de Pedro Portugal, forma o trio empenhado nas classificações.

 

Albano Fialho está na arbitragem há cerca de quatro décadas. Foi árbitro, instrutor, dirigente, observador, formador, conhece bem o terreno que pisa e, talvez por esse motivo, as declarações ao “DA” sejam um pouco no estilo ‘”português suave”. O setor vive momentos difíceis, reconheça-se, o que, se calhar, aconselha os dirigentes a terem alguma reserva, mas Albano Fialho aceitou, ainda assim, avaliar positivamente o quadro bejense, deixando a ideia de que todos os árbitros têm as mesmas oportunidades.

 

Sobra a dúvida: existindo oportunidades iguais para todos e ponderando a existência de qualidade na arbitragem bejense, porque é que surgem árbitros de elite, por exemplo, no Algarve, Setúbal e Portalegre e em Beja não?

 

Antigo árbitro, formador, observador, atualmente vogal do Conselho Nacional de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol. Concretamente, quais são as tarefas que está a desempenhar?

Este conselho iniciou, nesta época, o seu segundo mandato. As funções que desempenho continuam a ser as mesmas, isto é, integrado na secção de classificações, com a tarefa das avaliações e nomeações de observadores.

 

Tem dedicado uma vida à causa da arbitragem no futebol? Tem-lo feito por missão ou por paixão? O que lhe falta ainda fazer na arbitragem?

Estou perto dos 40 anos de ligação a esta atividade. Tem sido uma dedicação quase total, mas o gosto pelo futebol e pela arbitragem em particular tem-me estimulado a trilhar este caminho. Na arbitragem, já passei pelas três grandes vertentes: árbitro, técnico e dirigente, pelo que, enquanto tiver oportunidade, estarei disponível para servir esta causa e o futuro nunca se sabe.

 

Continua a partilhar as suas aprendizagens com os árbitros do Conselho Regional de Beja?

Sempre que sou convidado diretamente ou solicitado, através do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, é com muito gosto e prazer que estou disponível para dar o meu contributo ao local onde comecei este percurso. E isso tem acontecido.

 

A arbitragem regional voltou a ser liderada por um antigo árbitro. Que expectativa tem quanto ao desempenho da equipa presidida por Manuel Custódio?

O Manuel Custódio é um elemento que tem experiência, que a adquiriu com muito trabalho, dedicação e disponibilidade, pelo que terá tudo para realizar um bom trabalho à frente do Conselho de Arbitragem, conjuntamente com os colegas… a maioria também vem do seio da arbitragem. No entanto, importa referir que todos aqueles que o antecederam contribuíram, de uma forma geral, para criar todas as condições para os árbitros obterem os seus objetivos.

 

Que avaliação se pode fazer, de uma forma global, da qualidade da arbitragem neste distrito?

Hoje em dia, para atingir um patamar nacional, exige-se trabalho e dedicação. Temos jovens no distrito com a qualidade suficiente para fazer um percurso e chegar a outros palcos. Basta, muitas vezes, acreditarem neles e terem confiança em si próprios.

 

Porque não conseguimos colocar nenhum árbitro na elite nacional? Mário Alves, Rosa Santos e Veiga Trigo não deixaram sementes para germinar?

A arbitragem de hoje é diferente, tal como o próprio futebol. Atualmente, as componentes física, técnica e disciplinar devem ser cuidadosamente preparadas para atingir os objetivos de chegar mais além. Esses árbitros são um bom exemplo para a arbitragem distrital. Estiveram, a nível nacional e internacional, nos melhores palcos. Não deixaram sementes, mas deixaram muito prestigio.

 

Alguns árbitros do distrito, entre os melhores, têm pedido a transferência para outros conselhos regionais, nomeadamente o de Lisboa. Mantendo-se em Beja, estes juízes teriam os horizontes mais limitados?

A vida profissional de cada um a isso obriga. Hoje em dia, todos os distritos estão em pé de igualdade, talvez a forma de trabalho é que poderá ser um pouco diferente (reuniões semanais de núcleos, frequência de centros de treinos, mais jogos, etc.), mas é justo afirmar que todos têm as mesmas oportunidades, estejam eles onde estiverem.

 

A arbitragem nacional está a viver um momento difícil. Ameaçar de morte os árbitros e os familiares é algo que jamais deveria acontecer? Nada o justifica, o futebol é apenas um jogo…

O futebol vive do momento e a situação da pandemia levou a muitos condicionalismos, mas certamente é uma fase que será ultrapassada. Todos os que gostam do futebol devem pensar nisso mesmo, isto é uma partida de futebol, é mais um jogo, para ser vivido com entusiasmo e alegria.

Fonte:  https://diariodoalentejo.pt/

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