O Alvorada Futebol Clube, de Ervidel teve um início de campeonato atribulado. Dois casos de covid-19, dois confinamentos, e a quebra no rendimento dos jogadores treinados por Jesus Neca. O foco estava, e ainda se mantém, na qualificação para a segunda fase da prova.
Texto e Foto Firmino Paixão
“O nosso objetivo era, ainda é, assim seja possível, retomarmos a competição e qualificarmo-nos para segunda fase do Campeonato Distrital da II Divisão”, assume Jesus Neca, 49 anos, técnico do Alvorada. A equipa até iniciou a pré-época mais cedo, para entrar na competição mais forte e mais competitiva. Porém, foi visitada pela covid-19. “Uma semana antes do início da prova tivemos um caso positivo e ficámos todos em quarentena. Não disputámos as duas primeiras jornadas, entrámos na terceira, na semana seguinte tivemos um novo caso positivo, parámos mais duas jornadas e só regressámos na quinta jornada”.
Tantas contrariedades no início do campeonato justificam essa prestação aquém do previsto?
Temos duas derrotas em jogos onde tínhamos obrigação de ter feito mais. Eu assumo completamente a responsabilidade dessas duas derrotas. Mais adiante empatámos com o São Marcos, primeiro classificado da série, e empatámos com a equipa B do Aljustrelense, resultados normais, tendo em conta o valor dos adversários. Mas deixámos escapar seis pontos que nos faziam muita falta. Também acho que a série onde estamos a competir é a mais complicada. Temos quatro equipas do concelho, nós, o Aljustrelense, o Messejanense e o Negrilhos. São seis dérbis, sempre jogos de resultados imprevisíveis. Depois temos o São Marcos, que faz habitualmente boas equipas, o Santaclarense, que é um misto com pessoal do Algarve, uma equipa muito difícil a jogar no seu terreno e o Desportivo da Sete, que tem um conjunto muito aguerrido.
Uma série muito equilibrada. É essa a análise que faz?
Qualquer equipa pode perder ou conquistar pontos no terreno do adversário e a prova foi que, durante a primeira volta, todas as equipas perderam pontos. O campeonato está equilibrado. Nós, realmente, temos cinco pontos e estamos a outros cinco do segundo classificado, mas eles têm um jogo a mais do que nós. Ainda nos falta disputar o jogo da primeira jornada, com o Negrilhos, e ainda teremos toda a segunda volta.
Percebe-se que as metas traçadas ainda se mantêm intocáveis?
Claro! Mas temos que recuperar os pontos que deixámos naquelas duas derrotas que sofremos, em ambas por duas bolas a uma, foi uma margem mínima em dois jogos equilibrados que, na minha opinião, não merecíamos ter perdido. Agora, na segunda volta, temos que recuperar esses seis pontos. Mas também reconhecemos que a pandemia nos tem prejudicado bastante. Não é uma desculpa, é a realidade.
O plantel, à parte essas dificuldades excecionais, tinha qualidade para atingir os objetivos propostos?
Acredito que sim. E espero que, na segunda volta, tenhamos o êxito que não tivemos na primeira. Ficámos com oito jogadores da época passada e procurámos reforçar-nos com jogadores jovens, alguns deles que tinham sido meus atletas no seu percurso de formação. Temos dois mais experientes que ainda nem conseguiram dar o real contributo à equipa, porque só jogaram alguns minutos. Espero contar com eles na segunda volta, para ajudarem a equipa a atingir os objetivos a que nos propusemos. Recordo até que, em quatro jogos, o guarda-redes suplente teve que entrar como avançado. Temos tido 13 ou 14 jogadores disponíveis por jogo e várias situações de suspeição de contactos com pessoas infetadas com covid-19; outros que, por receio, já não aparecem e, sem atletas suficientes para treinar, as coisas ainda se tornam mais difíceis… enfim, esses seis pontos perdidos estão-nos “atravessados na garganta”, mas se tivermos todos os jogadores disponíveis para o que nos resta cumprir do campeonato acredito que ainda teremos uma palavra a dizer.
O Alvorada tem mais dificuldade no recrutamento de atletas que saem da formação do Aljustrelense, do que o Messejanense e o Negrilhos?
É verdade, a maior parte deles até está no Negrilhos, uma equipa formada há alguns anos. Tem uma estrutura já montada e tem feito bons campeonatos. No Messejanense também estão alguns, sobretudo jogadores com muita experiência e que até já disputaram muitos campeonatos nacionais. O Mineiro tem uma base da sua formação, os sub/23 e alguns seniores. Nós temos muitas dificuldades no recrutamento e, se formos a Beja, é a mesma coisa, porque os jogadores preferem jogar em clubes com campos sintéticos, outros optam por clubes onde são remunerados. O Alvorada só paga um prémio de jogo e organiza uma “petiscada” no final. Compreendemos essa dificuldade. Por outro lado, à volta de Beja existem muitos clubes por onde os atletas podem optar. Daí a minha opção de recrutar jogadores que já tinham estado comigo na formação. Mas uma coisa é certa, a direção e, especialmente, o presidente do Alvorada, tudo fazem para que não falte nada aos atletas, nem à equipa técnica. São inexcedíveis no apoio que nos dão.
Vivemos um tempo de incerteza, não se sabe quando poderá alivar esta situação de confinamento. Acredita que o campeonato prosseguirá e pode mesmo chegar ao final?
A Associação de Futebol de Beja reuniu, esta semana, com os clubes da I e da II Divisão e, em breve, serão tomadas decisões, naturalmente, em função daquilo que também for oficialmente permitido pela Direção-Geral da Saúde. Sinceramente, penso que o regresso será muito complicado. Estamos em confinamento prolongado e temos que entender que existem coisas muito mais importantes do que o futebol, como a saúde das pessoas e o bem-estar das famílias. Agora, estaremos disponíveis para acatar as decisões que forem tomadas, acreditando que, se as provas forem reiniciadas, podemos chegar ao final, mas temos que ver se todos os jogadores querem continuar.
Fonte: https://diariodoalentejo.pt
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