domingo, 14 de março de 2021

Moura será o último clube da carreira do treinador Bruno Ribeiro

 

Bruno Ribeiro, o técnico que, no início desta época, regressou ao banco do Moura Atlético Clube, analisa o insucesso na equipa no Campeonato de Portugal – é o último classificado da Série H.

 

Texto Firmino Paixão

 

A pandemia que obrigou a equipa mourense a dois confinamentos de 14 dias em momentos chave da época, os consequentes processos de recuperação física e das rotinas de jogo, bem como a falta de resposta do plantel para com estas inesperadas adversidades, num campeonato onde os concorrentes investiram muito mais do que o emblema mourense, justificam a mais do que provável despromoção do clube ao escalão regional.

 

O setubalense Bruno Ribeiro, 45 anos, assume inteiramente a responsabilidade pela forma como a temporada tem decorrido. “O Moura é o último clube que vou treinar, seja no final desta época ou na próxima, ainda nem pensei nisso. Vamos ver como corre o resto da época e depois decidiremos o que é melhor para as duas partes. Mas acabarei aqui a minha carreira de treinador”.

 

Não querendo ser cruel, mas o Moura está praticamente despromovido do Campeonato de Portugal?

Sim, é uma realidade. Contudo, a nossa missão ainda não terminou, lutaremos até ao fim, ainda nos faltam alguns jogos e vamos lutar pelos pontos, tentando ganhar o primeiro jogo porque, na verdade, esta época, ainda não vencemos nenhum.

 

Não tem sido uma época fácil…

É verdade que não tem sido fácil, mas temos vindo a trabalhar todos os dias para melhorar a equipa. Só que não tem sido fácil, tem havido muita mudança, mas estou aqui desde o primeiro dia, de corpo e alma, para ajudar. Estarei cá enquanto as pessoas quiserem. Tive várias propostas e nunca quis sair, nem o vou fazer, o meu trabalho é ajudar o Moura, em conjunto com a minha equipa técnica e as pessoas veem e estão satisfeitas com o nosso trabalho diário. Mas todos gostam de resultados, e eu também. Os resultados não são bons, admito isso mas, realmente, não esperava… não fui eu que fiz o plantel, mas assumi e assumo sem problema nenhum que iremos assim até ao fim.

 

O Moura ainda tem o jogo em atraso, em casa, com o Lusitano de Évora (que será disputado a 10 de março) e mais quatro jornadas, mas não vamos acreditar em milagres?

Claro! Faltam cinco jogos, mas nós sabemos que estamos numa situação muito difícil. Só por milagre é que não desceremos de divisão. Mas temos a nossa dignidade e vamos lutar até ao fim por esses 15 pontos. Sabemos que as coisas estão muito difíceis… como tenho dito aos jogadores, não somos profissionais, mas é como se o fossemos. Eu sou sempre profissional e até ao final do campeonato temos que nos bater sempre pelos três pontos em cada jogo. Há jogos que correm bem, outros que correm menos bem, e a nós tem-nos corrido muita coisa mal. Mas o futebol é isto e só temos que felicitar as equipas que nos têm ganho, é porque têm sido melhores. A nós compete-nos continuar a trabalhar.

 

O grupo ainda não atirou a toalha ao chão, certamente que cairá, mas fá-lo-á com a maior dignidade?

Naturalmente! Temos que cair com dignidade, esforçando-nos em todos os jogos e trabalhando no máximo todos os dias. Como disse, não somos profissionais, mas eu trabalho como os profissionais e com bastante exigência para com o grupo e para comigo próprio. Estou no estádio desde as sete e meia da manhã, com a minha equipa técnica, e ficamos por aqui até às oito da noite. É assim que trabalhamos, esse é o nosso dia-a-dia, e os jogadores têm que dar o máximo. Tentar melhorar coisas que acontecem nos jogos, que nem nós sabemos como acontecem. Trabalhamos todos os dias para as corrigir e elas continuam a acontecer. Mas pronto, dignidade acima de tudo, porque temos um emblema para honrar e para defender, o símbolo do Moura Atlético Clube, que merece o maior respeito de toda a gente.

 

A pandemia foi determinante para o insucesso da equipa?

Não vamos por aí. Eu assumo todas as culpas, sem problema nenhum. Como disse, não fui eu que formei o plantel, não ponho em causa quem o formou, ou quem deixou de o formar, a realidade é que as coisas não têm corrido bem. Há várias situações, há a pandemia, há gente que tem que jogar melhor e não joga… se jogamos bem em alguns períodos, porque é que não jogamos assim durante os 90 minutos? E estou aqui para assumir as coisas sem problema nenhum, porque estou cá para ajudar, continuarei a fazê-lo e estarei cá até que as pessoas queiram que eu esteja. Estão à vontade comigo. É o último clube que vou treinar e também quero sair com dignidade, porque estou aqui de corpo e alma.

 

Já referiu que não foi só a pandemia, talvez a qualidade e a disponibilidade do plantel não tenha correspondido às exigências. Em janeiro até dispensaram alguns atletas…

Saíram alguns jogadores em janeiro, entraram outros, mas nós sabemos que, nesta altura, temos que ir buscar os atletas que não estão a jogar, jogadores que estão numa situação difícil, porque não têm minutos de jogo. E foi isso que tivemos de fazer, porque também em termos financeiros não nos era permitido mais. Tentámos melhorar, não foi o ideal, mas não havia condições para fazermos diferente.

 

No início da época o Bruno Ribeiro disse que regressava a Moura para concluir um projeto que tinha iniciado com o presidente Luís Jacob. Infelizmente o regresso não foi feliz…

Claro que eu gosto de ganhar e vim com essa intenção. Mas pronto, vou continuar aqui, ao lado do presidente, que é uma pessoa que merece o respeito de toda a gente. O Luís Jacob tem feito muito por este clube, faz muito por esta cidade, está também aqui a trabalhar, de manhã à noite, para que o clube tenha sucesso e nós, todos, temos que o ajudar com a maior dignidade, tentando mudar a imagem destes últimos jogos, para que ele também tenha vontade de continuar aqui a investir, muitas vezes em prejuízo da sua vida privada. Acho que, todos juntos, temos que o ajudar. A massa associativa conhece a realidade das coisas, conhece as nossas dificuldades, o nosso orçamento, tem-nos compreendido. Os sócios estão connosco e iremos todos até ao final.

Fonte:  https://diariodoalentejo.pt/

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