domingo, 18 de abril de 2021

Lusitano de Évora foi a terceira equipa alentejana a cair para os distritais

Terminou a primeira fase do Campeonato de Portugal. Na última jornada caiu mais um emblema alentejano para os campeonatos regionais: o Lusitano de Évora. Seguramente, o clube da região que mais investiu, não só na manutenção, mas até na eventual promoção à III Liga.

 

Texto Firmino Paixão

 

O Lusitano Ginásio Clube, gerido há pelo menos duas épocas por uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD), constituída por capitais estrangeiros, tudo fez para deixar para trás o Campeonato de Portugal e iniciar um percurso que, progressivamente, projetasse o clube para outros patamares do futebol português. Falhou! O Lusitano foi a quarta equipa despromovida na Série H do Campeonato de Portugal, acompanhando o Aljustrelense, o Moura e os Armacenenses (estes desclassificados) no regresso aos campeonatos das respetivas associações distritais.

 

A descida dos lusitanistas, face aos recursos envolvidos e aos ativos com que se reforçaram, acaba por ter o mérito (?) de relativizar o insucesso do Aljustrelense e do Moura, clubes com orçamentos incomparavelmente menores ao dos eborenses. Mas é pena que uma região que é, geograficamente, um terço do território nacional, não consiga segurar mais representantes nos campeonatos nacionais de futebol (e de outras modalidades).

 

O distrito de Portalegre não tinha nenhum clube nesta prova, o de Évora tinha o Juventude e o Lusitano, permaneceram os juventudistas, mais ao sul, em Beja, desceram os dois clubes deste distrito, Aljustrelense e Moura. Enfim, é o que temos… Não o que merecemos! Contudo, convém recordar que o Lusitano e o Aljustrelense entraram nesta prova com uma “manutenção administrativa” na época 2019/20, porquanto, quando as provas foram interrompidas devido à pandemia, já ocupavam lugares de, mais do que provável, despromoção.

 

Ao inverso, o Moura e o Juventude, eram líderes dos respetivos campeonatos distritais e foram indicados para disputarem esta edição do nacional de seniores, num ano em que ela sofreu uma profunda remodelação, com um inédito alargamento a 96 clubes, antecâmara da futura III Liga.

 

Este é um preâmbulo sobre o qual importa refletir, para se avaliar se os conjuntos se apetrecharam devidamente para enfrentarem uma época que, além de transitória e dos riscos que por esse facto lhe estavam associados, também foi, e de que maneira, afetada pela pandemia do coronavírus.

 

Vamos agora em frente para escalpelizarmos o impacto desta derradeira jornada da prova na classificação da Série H. Há uma semana atrás avisamos que existia um leque de cinco equipas que tanto poderiam apurar-se para o acesso à III Liga (era o Moncarapachense que ocupava o lugar e ali se manteve), como uma delas poderia cair para o sétimo posto (era o Pinhalnovense que o ocupava) e ser despromovido. O que aconteceu, então? Primeiro, o Moncarapachense empatou em casa com o Amora, ganhando um ponto que o distanciou do Esperança Lagos (descansou), do Juventude (empatou), do Lusitano (empatou), e que o manteve em igualdade com o Pinhalnovense, mas com vantagem dos algarvios nos jogos disputados entre si.

 

Segundo facto, o Pinhalnovense precisava de vencer em Moura (goleou por 2-6) para garantir a manutenção, desde que o Lusitano de Évora não ganhasse (empatou em Olhão). O Juventude, que jogou em casa com o Louletano, não conseguiu mais do que um empate, mas conquistou o ponto que bastava para ultrapassar o Esperança de Lagos (que folgou) e, remate final, o Lusitano acabou por não sobreviver a esta combinação de resultados numa jornada verdadeiramente demolidora, com estes quatro jogos a terem início (e reatamento) rigoroso, no mesmo minuto, e transmissão televisiva partilhada através do Canal 11 da Federação Portuguesa de Futebol.

 

Esclareça-se que o Esperança de Lagos e o Lusitano de Évora concluíram a prova, ambos com os mesmos 23 pontos mas, nos resultados entre si, a vantagem pendeu para os lacobrigenses, que venceram no Algarve (1-0) e empataram em Évora (2-2). Mas falta uma partida, que é aquela que levou o Mineiro Aljustrelense para o Estádio do Bonfim para jogar com o Vitória de Setúbal, justos vencedores, invictos da Série H. Os sadinos, que já tinham assegurado o primeiro lugar na jornada anterior, vencerem naturalmente, por duas bolas a zero, tentos que reforçaram a sua condição de equipa mais realizadora da série (45 golos em 20 jogos).

 

Seguem para a segunda fase da prova, que se inicia no final de abril, as cinco equipas melhores classificadas das oito séries, sendo que os oito clubes que terminaram no primeiro lugar disputarão a fase de subida à II Liga (em duas séries de quatro equipas). O primeiro classificado de cada série sobe de escalão e apura-se para a terceira fase (apuramento de campeão); os restantes clubes apuram-se para a III Liga. Os restantes 32 clube competirão na fase de acesso à III Liga (oito séries com quatro equipas). Os dois primeiros classificados de cada série apuram-se para a III Liga, os restantes mantêm-se no Campeonato de Portugal.

 

Uma referência ao Fontinhas, treinado por Francisco Agatão, que assegurou a manutenção no Campeonato de Portugal, falhando a qualificação para a fase de acesso à II Liga por desvantagem no índice de golos marcados e sofridos, relativamente às equipas com quem terminou empatados em pontos no caso, os também açorianos, do Praiense e o Real, de Massamá.

 

Resultados da 22.ª Jornada: Juventude de Évora-Louletano, 1-1; Moncarapachense-Amora, 0-0; Moura-Pinhalnovense, 2-6; Olhanense-Lusitano de Évora, 1-1; Vitória de Setúbal-Aljustrelense, 2-0. Folgou o Esperança de Lagos.

 

Classificação: 1.º Vitória de Setúbal, 50 pontos. 2.º Amora, 44. 3.º Olhanense, 35. 4.º Louletano, 34. 5.º Moncarapachense, 25. 6.º Pinhalnovense, 25. 7.º Juventude de Évora, 24. 8.º Esperança de Lagos, 23. 9.º Lusitano de Évora, 23. 10.º Aljustrelense, 14. 11.º Moura, 4. Apurado para a fase de subida à II Liga: Vitória de Setúbal. Apurados para a fase de acesso à III Liga: Amora-Olhanense, Louletano, Moncarapachense. Manutenção no Campeonato de Portugal: Pinhalnovense, Juventude de Évora, Esperança de Lagos. Despromovidos às competições regionais: Lusitano de Évora, Mineiro Aljustrelense, Moura Atlético Clube.

Fonte:  https://diariodoalentejo.pt

 

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