domingo, 18 de abril de 2021

“O trabalho que temos feito dá-nos sustentabilidade”

 

Uma nova modalidade pode nascer, brevemente, no seio do Futebol Clube Albernoense, para preencher o esvaziamento da Academia de Atletismo. A equipa de futebol, líder da Série A da II Divisão da Associação de Futebol Beja, vai retomar a competição com a ambição de se manter entre os primeiros.

 

Texto Firmino Paixão

 

Pedro Jonas, presidente do Futebol Clube Albernoense, está confiante no futuro do clube, porque, assegura “quando abdicamos de muito da nossa vida pessoal e profissional em prol da nossa aldeia, e fazemo-lo há muitos anos, é porque possuímos essa confiança e isso faz com que, dentro do amadorismo, sejamos profissionais em construirmos ideias e em promovermos o crescimento do nosso clube”. Os sócios também são cada vez são mais e o carinho que dão ao clube cresce todos os dias, garante o dirigente.

 

Como é que o futebol clube Albernoense tem atravessado este tempo de incertezas, devido à pandemia?

 

Temos vivido como todos os outros. Tem sido complicado gerir tudo isto. Somos um clube pequeno, mas o trabalho que temos feito nos últimos anos dá-nos sustentabilidade para garantirmos o futuro do nosso clube. Tem sido esse o nosso trabalho desde que sou presidente. Felizmente, as coisas têm corrido bem ao nível financeiro e desportivo. O Albernoense estará hoje, se calhar, como nunca esteve no passado, por isso, estamos muito satisfeitos com tudo aquilo que temos conseguido.

 

Antes da pandemia o clube estava num visível processo de crescimento?

 

Claro, mas o crescimento depois paga-se muito caro. E já pagámos isso, muito recentemente, com o atletismo, porque nós aqui formámos campeões e fizemo-lo sem precisarmos de grandes atletas, nem de treinadores certificados; eu próprio é que os treinava, sem ter qualquer currículo nessa área. E formámos campeões. Os resultados ficaram à vista. E o facto de termos um trabalho tão bem conseguido ficou-nos muito caro, porque fomos alvo de ilusões que se criaram aos nossos atletas e que têm o seu custo. Mas estamos a crescer, temos as nossas ideias bem estruturadas e, muito em breve, pode aparecer uma nova modalidade no nosso clube.

 

Então, a Academia de Atletismo já não está ativa?

 

Neste momento não, porque os atletas que tínhamos… uns foram para os clubes da cidade, outros foram para o futebol e outros, devido ao avançar da idade, acabaram por deixar a modalidade. Mas o trabalho foi muito bem conseguido. Formámos, acima de tudo, pessoas, que é aquilo que se pretende nestas faixas etárias e os resultados falam por si. Foi uma das nossas bandeiras e um orgulho, muito grande, para a aldeia e para o clube. Mantivemos contacto com os atletas ao longo deste tempo, fomo-los acompanhando, mas é o que eu digo, o sucesso paga-se caro. Há sempre possibilidade de reabilitar a Academia, mas acredito que, através da nova modalidade em que estamos a pensar, talvez possamos trazer ainda mais participantes, todos eles de Albernoa. Mas só a revelaremos quando as coisas estiveram de facto concretizadas. Por agora, ainda não.

 

No futebol, que novidades existem a juntar a essa que é o clube liderar a Série A da II Divisão da AFBeja?

 

Estamos a aguardar com muito entusiasmo o regresso aos treinos, a 19 de abril, e da competição, no dia 8 de maio. O nosso trajeto tem sido fantástico, saímos das competições do Inatel há bem pouco tempo. Tem sido um processo de muito crescimento, mas também de muito trabalho. Somos a aldeia mais distante de Beja e é complicado trazer 19 jogadores para jogarem num pelado. Mas, no final da época, aquilo que nos orgulha é dizerem que ali existe algo diferente, algo que une e que nos move para, cada ano, fazer ainda melhor.

 

Que significado tem essa liderança da série? Uma eventual promoção?

 

Os nossos atletas são amadores, têm as suas vidas, as suas famílias, só a direção é que é profissional, porque trabalha todos os dias em prol do clube. Mas os jogadores têm mantido a ambição que sempre os caracterizou. Estamos muito contentes com aquilo que temos e estamos prontos para jogar à bola a partir do dia 19 de abril. Chegando à segunda fase e tendo condições para discutirmos com os outros candidatos à subida de divisão, claro que o Albernoense não dirá que não, irá à luta e no fim faremos as contas. Não viramos as costas, como nunca o fizemos no início da pandemia, jogando com tantas condicionantes.

 

Treinam, alternadamente, no pelado de Albernoa e no sintético de Cabeça Gorda?

 

Sim, porque uma forma de cativarmos os atletas para nos representarem é proporcionar-lhes um espaço relvado. Já que, em Beja, não conseguimos um espaço para o fazer, devido à existência de tantas equipas de formação, e ainda bem que assim é, optámos pela Cabeça Gorda, porque o clube nos abriu as portas. Pode ser que, em Albernoa, venha a surgir qualquer coisa de diferente nos próximos tempos.

 

Os apoios são sempre insuficientes, mas o Albernoense é um clube com a “cara lavada”?

 

Cara lavada e com muito orgulho, porque já são muitos anos de trabalho, rodeado, apenas, de quatro ou cinco pessoas. Temos uma situação financeira como nunca existiu, com outros encargos, como nunca teve, porque é diferente competir no Inatel ou na II Divisão da AFBeja, mas a Associação tem ajudado os clubes, desde que surgiu esta pandemia. O clube vive a sua melhor fase a nível financeiro e de crescimento, porque quando existe estabilidade não necessitamos de ir à procura de ajudas, são as pessoas que nos procuram, para saberem se faz falta alguma coisa. E isso motiva-nos.

Fonte:  https://diariodoalentejo.pt/

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