domingo, 13 de junho de 2021

Associação de Desportos de Natureza de Mértola ganha projeção

A Associação de Desportos de Natureza (AND) de Mértola nasceu em outubro do último ano e foi criada por um grupo de antigos membros da secção de ‘trail’ do Clube de Futebol Guadiana. Promover a prática de desportos na natureza e projetar a “vila museu”, são alguns dos seus propósitos.

 

Texto Firmino Paixão

 

António Leitão, vice-presidente da ADN Mértola, assume que a criação da associação surgiu para dar “continuidade” ao grupo que já tinha existido. “Era um grupo com excelentes resultados. A partir do momento em que aconteceu a extinção da secção de ‘trail’ pela parte do Clube de Futebol Guadiana seria um desperdício não aproveitar este conjunto de atletas que acaba por ser, também, um grupo de amigos”. Segundo o dirigente, como “não fazia sentido” o abandono da modalidade, o grupo resolveu então criar o ADN de Mértola.

 

Uma associação que, além da prática do ‘trail’, também prevê a realização de outros desafios na área do desporto na natureza…

 

Sim, mas estamos ainda a começar e não queremos dar um passo mais largo do que a perna, portanto, neste momento, estamos a dar prioridade à prática do ‘trail’ para os atletas que já temos, que são já 38 a praticar a modalidade federada, em competições regionais e nacionais, algumas até além-fronteiras. Mas temos também a intenção de promover caminhadas, dirigidas a pessoas que não podem correr.

 

Quase 40 atletas, sendo certo que a maior parte do grupo estava mais ou menos identificada, mas ainda assim o crescimento da ADN Mértola foi muito rápido.

 

Sim, felizmente. Temos conseguido o apoio de patrocinadores que nos têm permitido continuar a crescer. Também o apoio da Câmara de Mértola, com a qual temos um agendamento para tentarmos arranjar uma local para sede social da associação, algo que nos faz falta neste momento, ou seja, um posto de comando para que possamos reunir mais assiduamente, onde possamos ter os nossos troféus, onde possamos realizar as nossas reuniões e criar o nosso processo de angariação de associados e respetiva quotização. Mas, como referi, não fazia sentido não darmos continuidade ao trabalho que tínhamos feito até aqui e a rapidez do crescimento aconteceu porque já existia um grupo formado. Fizemos apenas uma transição do outro lado para esta nova associação que, esperamos, tenha muito sucesso.

 

Um grupo muito forte, com muita qualidade competitiva que já se mostra nas grandes provas nacionais…

 

Sim, é um grupo muito forte. Na última semana tivemos realmente um grupo de quatro atletas que participou no “TransPeneda-Gerês” que conquistou o primeiro lugar por equipas, numa prova de 165 quilómetros. É essa motivação, essa tentativa de superação, que nos estimula a continuar, porque a superação está sempre presente no ADN Mértola. Há atletas que começaram com ‘trails’ curtos, de 15 e 16 quilómetros e, neste momento, já fazem 24 ou 25, e até mais.

 

Ou seja ‘têm estado confinados, mas não têm estado parados’? As camisolas ADN já correm lá pelas serranias, no norte de Portugal?

 

Sem dúvida, muitas vezes nós, atletas do clube, até abdicamos de algum tempo livre em que podíamos estar com a família para irmos treinar. É a tal superação que está intrínseca dentro de nós, do grupo em si, porque se recebemos, também gostamos de retribuir algo ao grupo, como a promoção e a prática do ‘trail’. Neste momento, será esse o nosso principal objetivo, darmos a conhecer Mértola, o Vale do Guadiana e sermos a equipa mais representativa no âmbito regional, nacional e, quem sabe, além-fronteiras, ao nível do ‘trail’.

 

A extinta secção de ‘trail’ do Clube de Futebol Guadiana faz parte do passado. A ADN tem uma identidade própria e inovadora?

 

O Clube de Futebol Guadiana comunicou-nos que queria terminar com a secção de ‘trail’, porque julgou que não fazia parte do conjunto de atividades do clube que, maioritariamente é o futebol, e nós, obviamente, respeitámos essa decisão e criámos outra entidade. Não sei se com uma nova identidade, ou se com a mesma, porque nós somos os mesmos atletas, apenas representamos o ADN Mértola, que nasceu há pouco tempo, que já tem bons resultados e, se Deus quiser, terá muito mais e muito relevantes.

 

Faz todo o sentido, porque o território onde estão implantados tem uma forte propensão para desportos de aventura na natureza…

 

Claro, Mértola e o Vale do Guadiana têm condições geográficas extraordinárias para a prática do ‘trail’ e não só, também para outras atividades como a caminhada, a canoagem, o BTT… se calhar, futuramente, havendo patrocinadores, pode surgir o projeto de constituir uma equipa de BTT. Mas não queremos entrar em atividades praticadas por outros clubes que já existem, como é o caso da canoagem. Não faria sentido quando temos aqui o Clube Náutico, com resultados fantásticos, no entanto, queremos ter a nossa identidade, promover atividades de natureza, que é esse o nosso objetivo mas, perante as condições que temos, vamos apenas pelo ‘trail’ e pela caminhada. Uma das nossas regras é não interferirmos demasiado com a natureza. Quando temos que marcar um trilho ou fazer alguma limpeza, evitamos quebrar flores ou outra vegetação, nomeadamente as estevas.

 

Estão a avaliar a possibilidade de repor os Trilhos de Mértola, ou uma competição semelhante?

 

Estamos a aguardar uma reunião com a Câmara de Mértola, principalmente para a questão da sede. A situação dos Trilhos ainda não foi abordada, mas julgo que seria correto fazê-lo… estamos abertos a essa situação, assim o município entenda que devemos colaborar e que essa intenção seja positiva, porque a prova tinha renome a nível nacional e não fará sentido que não voltemos a realizá-la. Estamos abertos a essa oportunidade.

 

Quais são os projetos mais imediatos? Mostrar a camisola nas provas mais emblemáticas?

 

Certamente! Há provas em que, quanto maior for a nossa representação, maior será a projeção de Mértola a nível nacional. Temos atletas já inscritos em algumas provas internacionais, uma em Montblanc (França) de 171 quilómetros que atravessa três países (França, Itália e Suíça) e outra que é seguramente o “top race”, porque é fora do comum, são 1001 quilómetros, com um limite de 13 dias e 15 horas, em terreno íngreme, com várias exigências climatéricas. E nós teremos um atleta nessa prova.

Fonte:  https://diariodoalentejo.pt

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