domingo, 25 de julho de 2021

Bola de trapos, edição de 23/07/2021 no Diário do Alentejo

 

José Saúde
A partida de um amigo
A partida de um amigo e antigo companheiro de balneário deixou-me surpreso. Uma doença derradeira levou-o à morte. Dois meses que não lhe deram tréguas e que o encaminhou, inevitavelmente, para a tal viagem sem regresso. Reconheço a dor extrema que deixastes a familiares e amigos. Familiares que se remeteram compreensivamente a um silêncio profundo. Respeito esses valores sentimentais. O momento era sobretudo de um enorme pesar e aceita-se em pleno a sua opção. Os amigos, rostos que expeliam uma profunda saudade, disseram-lhe o último adeus na manhã do passado 19 de julho, segunda-feira. Joaquim Manuel Gonçalves Graciano, nasceu em Beja, freguesia de Salvador, a 6 de dezembro de 1949 e morreu a 18 de julho de 2021. Conhecido, vulgarmente por Quinelas, fora outrora um jogador de futebol que passou pelo Despertar e Desportivo de Beja. Aliás, o Quinelas foi meu companheiro de balneário, e de equipa, no Despertar no escalão de juvenis. Rapaz calmo, com uma educação que fazia parte integrante da sua forma de estar na vida, o nosso condiscípulo legou-nos valores morais que honraremos eternamente. Como juvenis do Despertar tivemos como treinadores dois seres humanos inesquecíveis: O “tio” Sioga e o Diniosio, popularmente conhecido por Macarrão. Com o Quinelas fomos campeões distritais com as cores do velhinho “Rasga”. Mais tarde o meu velho amigo defendeu o emblema do Desportivo, clube onde veio, à posteriori, a integrar uma comissão para o futebol de formação. Formação esta que obteve excelentes resultados desportivos e que elevaram o grémio da Rua do Sembrano ao cume máximo do fenómeno futebolístico bejense. O Quinelas fora, ainda, antigo funcionário do Banco de Portugal, em Beja. Mas o desporto preencheu-lhe a vida. Integrava o grupo de antigos companheiros que foram, tão-só, a tal suprema comissão para o futebol dos mais novos que tanto brado dera na velha Pax Júlia e que, semanalmente, se juntavam, e juntam, e se divertiam com as reviravoltas da vida, principalmente as desportivas. Uma vida que é, somente, uma curta passagem ao cimo deste vastíssimo globo terrestre. Tudo é, no fundo, laivos avulsos de uma fugaz presença terrena que acaba num horizonte onde a sua magnitude é e será infindavelmente desconhecida. Partiste para o “além” meu amigo, mas a tua presença, não sendo física, ser-nos-á perpetuamente inesquecível. Somos, afinal, matéria volátil que, inesperadamente, se esvazia num universo que vive em permanentes sobressaltos. Quinelas, somos oriundos de uma geração onde o futebol foi, para nós, um átrio de magníficas camaradagens e onde também se cimentaram imortalizadas amizades. Não te vou dizer um até amanhã, apenas um até logo, Quinelas, porque a vida sendo tão curta obedece a parâmetros de uma profunda cautela. Descansa em paz e prometo-te que um dia voltaremos a dar uns chutos na bola num dos mais insólitos campos galácticos que supostamente prPode ser uma imagem de 6 pessoas, pessoas em pé, pessoas a jogar futebol americano e ao ar livreoliferam na universalidade deste sistema sobrenatural.
Fonte: Facebook de JOse Saude

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