Manuel Custódio, presidente do Conselho Regional de Arbitragem da Associação de Futebol de Beja, faz uma análise positiva dos primeiros meses de um mandato que, devido à pandemia, não tem sido fácil.
Texto e Foto Firmino Paixão
As competições nacionais, apesar dos avanços e recuos, foram concluídas e os cinco árbitros no quadro nacional, em princípio, poderão manter-se (existem dúvidas quanto a Joel Martins). Ricardo Diogo é, atualmente, o juiz mais categorizado. No plano distrital, com as provas canceladas, os árbitros (uma grande percentagem autossuspendeu-se) só realizaram testes físicos e escritos e foram classificados por igual. Gonçalo Ramos e André Baltazar irão aos exames de acesso aos nacionais e o observador Jaime Medeiros foi promovido ao quadro nacional. Tempos difíceis assinalados por Manuel Custódio, líder da arbitragem distrital, que quer reforçar o quadro distrital de juízes para fazer face a um provável aumento de jogos na próxima época desportiva. O dirigente rejeita a ideia de deixar a sua marca na arbitragem regional. Quer, isso sim, unir e valorizar os árbitros.
Quer fazer uma avaliação global a estes seis meses de exercício de mandato?
Obviamente que tem sido complicado. Houve muitos árbitros que interromperam a atividade, uns porque tinham, em casa, pessoas com problemas de saúde ou pessoas de risco, e tiveram receio de serem eles os portadores do problema, e então preferiram interromper a atividade. Este ano, tínhamos disponíveis 51 árbitros e, para fazer face a uma época normal, precisamos de uns 75, mas temos a expectativa de que, no início da nova época, todos regressem normalmente à atividade, além de irmos fazer um novo curso para captarmos mais alguns. Sentimos a necessidade de uma maior cobertura do distrito, precisamos de árbitros em algumas sedes de concelho, caso contrário a arbitragem torna-se extremamente dispendiosa, nomeadamente pela necessidade de árbitros de maior proximidade para jogos de escalões de formação.
Os árbitros nacionais, esses, estiveram em atividade e as competições concluíram-se. Como foram as suas classificações?
A época foi positiva. Temos um árbitro C3, o mais credenciado, que é o Ricardo Diogo, depois, tínhamos outros quatro C4, num lote de 70, a nível nacional. Os primeiros 20 manter-se-iam no quadro nacional e ainda existiam cinco vagas para a categoria C3. Desses quatro, “metemos” três nos primeiros 20 e um deles, o Nelson Hermosilha, até em oitavo, mas com a mesma pontuação do sexto classificado… mas só subiram os cinco primeiros. Foi extremamente positivo, tanto o Joel Martins (54.º), o Diogo Rosa (14.º), o Nelson Hermosilha (8.º) e o Filipe Mestre (12.º), fizeram uma época, também, de aprendizagem, mas muito positiva. Concluiu-se a época com muitas limitações, porque isto tem sido mau para todos.
Existiram promoções, ou ainda espera que existem?
Não! Nós ainda não sabemos bem como serão as coisas. A Federação criou uma nova denominação (I, II e III Ligas e Campeonato de Portugal), serão já quatro escalões, os nossos árbitros C3 ainda não foram fazer provas para eventuais promoções a C4, os assistentes também não, só foi o observador Jaime Medeiros que, num lote de 16 para promover 10, ficou em 5.º e garantiu a subida aos quadros nacionais. Agora, árbitros e assistentes irão aos testes de acesso neste mês de julho. Depois é que se formarão os quadros. Mas estamos na expectativa de conhecer esse enquadramento, porque, com a criação da III Liga, as coisas ainda estão um bocadinho indefinidas. Mas à partida só existem indecisões quanto à situação do Joel Martins.
Sem atividade, logo sem retribuição, não vos chegaram nota de árbitros em dificuldades?
Não. Realmente existirão famílias que podem sentir no orçamento a falta dessas verbas, mas nenhum árbitro é profissional, ainda que na gestão familiar essas verbas deem algum jeito. É uma situação melindrosa que não é de fácil de resolver. Contudo, tivemos alguma sensibilidade e tentamos saber, com alguma discrição, se haveria alguma necessidade de apoio, mas não nos surgiram casos. Se acontecesse, teríamos que arranjar uma solução, somos todos seres humanos e estamos todos na mesma equipa. Somos todos jogadores do mesmo clube e, se algum estiver mal, os outros não podem estar bem.
Que planeamento será possível para a próxima época, tendo em conta a exiguidade dos quadros e a manutenção de equipas nos quadros nacionais?
Os quadros nacionais não são problemas para nós. Queremos é ter lá muitos árbitros. Precisamos de arranjar alternativas, pois o quadro atual é insuficiente. Temos que saber quantos clubes irão competir, quantos jogos se realizarão para, em alternativa, repartir jogos pelo sábado e pelo domingo. Queremos fazer regressar o lote de árbitros que se afastaram nos últimos anos, e que ainda estão dentro da idade… se calhar, serão cerca de 40 árbitros. E temos que organizar um curso com uma enorme abrangência, de Odemira a Barrancos, de Mértola a Alvito, para se conseguirem 15 ou 20 miúdos com disponibilidade para fazerem parte do nosso grupo.
A arbitragem bejense está ao nível daquilo que existe no País?
Os nossos árbitros são como os outros, não são melhores nem piores, são iguais. Mas o trabalho diário é cada mais exigente. No meu tempo de árbitro, treinávamos para as provas físicas e, ao fim de semana, tínhamos jogos. Hoje não é assim. Exige-se uma preparação contínua. Os nossos jovens trabalham muito, treinam, estudam, temos grupos de discussão e formação ‘online’, há sempre dúvidas e a própria Federação está sempre a propor-lhes atividades. Hoje até a gordura excessiva conta para a classificação. Mas esse esforço é mais compensador, em determinado patamar um árbitro nacional já ganha mais na arbitragem do que na sua atividade profissional.
Existem alguns projetos pensados que possam vincar a marca deste conselho na arbitragem regional?
Não quero deixar a minha marca. Quero ajudar a arbitragem regional. Sou um elemento da arbitragem que passou por várias fases: fui árbitro, fui observador, membro da comissão técnica, fui e sou dirigente, hoje estou cá de novo, mas apenas para trabalhar em prol do crescimento e da valorização da arbitragem regional. Não é para deixar a minha marca, porque temos aqui é uma equipa que trabalha em comunhão de interesses com os árbitros, com os observadores e numa parceria de excelência com a Associação de Futebol de Beja. Somos um conjunto de pessoas que quer elevar o nome de Beja e da sua arbitragem. Somos parceiros do futebol distrital e nacional.
Fonte: https://diariodoalentejo.pt
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