domingo, 22 de agosto de 2021

Bola de trapos, edição de 20/08/2021 no Diário do Alentejo

 

José Saúde
“Ferróbico”
Diz a biografia do Clube Recreativo e Desportivo Cabeça Gorda, agremiação fundada a 22 de Março de 1976, que no seu historial ficou registado uma brilhante proeza quando na época de 1980/81 disputava, como equipa estreante no Campeonato Nacional da III Divisão, num jogo que contou para uma eliminatória da Taça de Portugal, sendo que esse encontro entre o David e Golias se disputou no Estádio Municipal Dr. Flávio dos Santos, em Beja, e donde resultou a eliminação do potencial Penafiel, formação da I Divisão lusitana, treinada pelo conhecidíssimo António Oliveira que assumia também o papel de jogador, mas que nem sequer se equipou, pensando que tudo eram “favas contadas”. É óbvio que tamanho feito elevou bem alto o feito dos rapazes do popular “Ferróbico”, sendo eles os grandes obreiros para a comunicação social nacional e que fez do acontecimento excelentes manchetes nos jornais nacionais, sendo os nomes dos jogadores falados pelo mundo. O solitário golo foi da autoria de Pepe que, à entrada da área, desferiu um potente remate à baliza penafidelense, deixando o público incrédulo, visto que houve muita gente que nem viu a bola entrar na baliza, já que a força do remate levou o esférico a esbarrar, com estrondo, na parte metálica que segurava as redes, tendo a redondinha regressado, de pronto, para o retângulo de jogo. Para memória futura aqui fica registado o nome desses verdadeiros heróis: Luís Prazeres, Rosa, Chana, João Rodeia, Quim Rodeia, Góis, Cacito, Guerreiro, Zé Carlos, Pepe, Serrano, Neves, Ferreira, Da Costa, Araújo e Piriquito. O treinador era o saudoso António Dionísio, vulgo Macarrão. O “Ferróbico” tem no campo José Agostinho de Matos, hoje com relva sintética, histórias de verdadeiro encanto. A sombra do seu chaparro, um ícone que por lá se manteve ao longo de vários anos, foi abrigo de adeptos e visitantes que, por debaixo da sua enorme sombra, ali discutiam o teor das jogadas. Com campo e sede, instalações próprias do emblema, o “Ferróbico” contou para a sua fundação com Manuel Sacramento Jacinto, trivialmente conhecido por Manuel Cascalheira, Manuel Belga, António Pimpão, vulgo Camolas, e José Carlos Dias, entre muitos outros que desinteressadamente fizeram da coletividade um marco histórico do futebol regional. Presentemente, o “Ferróbico”, sob a presidência de Serginho como é conhecido na povoação, prepara para a época que se avizinha, 2021/2022, o regresso à competição sénior e de escalões de formação. Para além do futebol, o “Ferróbico” conta nas suas fileiras com as modalidades de BTT e de columbofilia. E se o caminho faz-se caminhando, em Cabeça Gorda trazer de volta o futebol sénior à aldeia é uma benfeitoria que o povo sempre idolatrou, sabendo-se, por outro lado, que os tempos presentes não trazem tréguas à comunidade. Mas o passo em frente foi dado, e com os devidos cuidados, num clube que conheceu épocas douradas no fenómeno futebolístico regional.

Fonte: Facebook de Jose Saude.

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