domingo, 29 de agosto de 2021

Bola de trapos, edição de 27/08/2021 no Diário do Alentejo

 

José Saúde
Piense
As liças testadas ante as realidades desportivas conhecidas nas paragens sul alentejanas, a que acresce à narrativa bagatelas de uma dinâmica porventura hercúlea que jamais se evacuará de uma montra onde se concentram imagens memoráveis, leva-nos a constringir estímulos que se concentram no prazer em divulgar pequenas histórias que os adeptos teimam em admirar e nós arriscamos restaurar. A familiaridade que há muito nos move pela dedicação inevitável a uma causa onde se guardam inolvidáveis relatos, remete-nos para estórias do antigamente que parecem agora meros esboços de um teórico filme de ficção. O desporto, no seu todo, ganhou uma inexorável dimensão. Cresceram as infra-estruturas, evoluíram as capacidades dos atletas, desenvolveram-se temáticas outrora impensáveis, progrediram outros saberes, vieram novas veracidades e o fenómeno expandiu-se integralmente pelo mais preconizado e distante lugar. O presente assemelha-se rigorosamente como uma antítese do passado. Falemos do Piense Sporting Clube. Após a sua fundação, 30 de novembro de 1933, o Piense reforçou-se com alguns jogadores de futebol de Serpa. O Baletas, o Tijoleiro, o Catrapulha, o Carrão, o Fernandinho e o Barrocal formaram a ala magna de reforços oriundos da então “Notável Vila” como justamente a sua heráldica acentuava com a devida vénia e honra. Francisco Véstia era, na altura, um dos raros sobreviventes desses tempos áureos do Piense e que se predispôs a uma conversa a dois sobre o mítico clube da margem esquerda do Guadiana. Naquele tempo, dizia-me ele, “nós entravamos em campo sempre bem alinhados, ou seja, à frente ia o guarda-redes com a bola na mão, depois iam o “back” direito, atrás o “back” esquerdo, o ´alfa` direito, o ´alfa` centro, o ´alfa` esquerdo, o ponta direita, o meia ponta direita, o avançado centro, o meia ponta esquerda e o ponta esquerda”. Curiosidades de histórias contadas que nos transportam para o campo da saudade e, sobretudo, para as raras preciosidades que, felizmente, guardo na gaveta onde se concentram lembranças que paulatinamente faço questão em traze-las a público. Esta viagem, aparentemente sinuosa, é tão-somente a demonstração provada que o desporto sempre caminhou sobre uma auto-estrada de sistemáticas inovações. Recorde-se que o emblema de Pias evoluiu desalmadamente no tempo, teve os seus períodos áureos, andou pelo futebol nacional, acumulou êxitos, viu o seu campo contemplado com relva natural, construíram-se novas infraestruturas, por lá militaram excelentes jogadores que conduziram ao rubro as cores do clube, o povo vivia entusiasticamente o seu Piense, mas tudo se terá esvanecido por razões obviamente aceitáveis. Agora, soou a notícia que para a época 2021/22 o grémio voltará à competição no escalão de seniores.

Fonte: Facebook de JOse Saude

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