O Clube Vale de Choupos Spot Golfe nasceu em Beja há nove anos, fruto da vontade de um grupo de apaixonados pela modalidade que, a cerca de dois minutos a oriente da cidade, vão bater bolas num ‘driving range’.
Texto Firmino Paixão
Os empresários Lourenço Mestre e Henrique Medeiros receberam o “Diário do Alentejo” nas instalações do Vale de Choupos Spot Golfe, a cerca de dois minutos da cidade de Beja. Conversámos à beira do ‘driving range’ (campo de treinos), onde os golfistas treinam, preparando-se para os torneios em que vão competir noutras partes do País.
Lourenço Mestre, um dos fundadores, também o praticante mais categorizado do clube, é o proprietário do espaço e foi o primeiro presidente do clube. Henrique Medeiros, outro dos fundadores, é o atual presidente, já com dois anos de mandato. Ambos convergem na ideia de que o golfe não é um desporto elitista.
“Numa cidade destas, foi arriscado [criar o clube] porque o golfe era conhecido como um desporto elitista, praticado por pessoas muito ricas, mas não é bem assim como as pessoas, às vezes podem pensar, e nós já temos vários jogadores”, diz Lourenço Mestre. Henrique Medeiros complementa: “O golfe, se calhar, é mais barato do que a caça e a pesca… há canas de pesca que custam 50 euros, outras custarão 1500, e com os tacos de golfe é precisamente igual. Para jogar golfe compra-se um ‘set’ com 200 euros, uns sapatos, umas calças e um polo e estamos aptos a jogar. Pagamos 25 euros pelo campo, embora também existem mais caros, mas para jogar não precisamos de ir para esses campos com preço mais elevado. Depois construiu-se também a ideia de que era um jogo de velhos e a verdade é que hoje já se veem muitos jovens a competir”.
Lourenço Mestre diz que o que prevaleceu foi a sua “paixão pelo golfe” e só depois nasceu o clube, porque já existia em Beja um número considerável de jogadores. “Estávamos federados pelo Clube de Golfe de Évora (CG Évora) e, entretanto, decidimos, entre meia dúzia de amigos, constituir um clube aqui em Beja… também com o objetivo de angariarmos mais sócios e mais praticantes da modalidade. Assim se ergueu o Vale de Choupos Spot Golfe”.
Também sócio fundador do clube oficializado por Lourenço Mestre e Luís Mira Coroa, Henrique Medeiros recorda: “Eu fazia parte dos corpos sociais do CG Évora. Tentámos unir os clubes de golfe da região e criar um possível Clube de Golfe do Alentejo, mas o pessoal de Évora não achou muito bem e foi isso que nos forçou a abrir um clube em Beja. Estar à frente de qualquer clube requer muito sacrifício e disponibilidade. Eu e o Lourenço apoiamo-nos muito, há muita gente que fala mas, quando chega à hora da verdade, diz não ter vagar”.
Em 2011 é inaugurado o campo de treinos na propriedade de Lourenço Mestre. “O ‘driving range’ aparece para angariar novos membros, porque como o golfe é uma modalidade que não é praticada nestas regiões do interior, tem que existir um campo de treino e este ‘driving’ surge aqui precisamente para captar essas pessoas. Começámos por fazer umas ‘clínicas’ com um profissional de golfe que vinha cá, reuníamos uns quantos amigos para as frequentarem e chegámos a ter aqui 20 e 30 assistentes. Nessa altura, terão vindo experimentar a modalidade cerca de uma centena de pessoas e ficaram 20 ou 30, o que já foi muito bom”.
No ano seguinte oficializa-se o Clube Vale de Choupos Golfe. “Foi assim batizado por causa da denominação da propriedade onde existe o ‘driving’ e, daí para a frente, começámos a organizar eventos entre nós. A Federação Portuguesa de Golfe tornou-nos no seu filiado número 155, temos a comissão de ‘handicaps’ oficialmente reconhecida, temos tudo legalizado e mantemos a atividade”. Fizeram alguns torneios, recorda Lourenço Mestre, entre os quais um de homenagem a José Maltez que é o sócio mais antigo: “Esteve muitos anos ligado ao golfe e à construção de campos e fizemos uma prova em sua homenagem. Competimos em várias provas a nível nacional e temos alguns títulos conquistados. Olhando para trás, penso que deveríamos ter constituído o clube um pouco mais cedo porque, certamente, já teríamos mais pessoas a praticar a modalidade”.
Henrique Medeiros aproveita a deixa dos títulos e anuncia estarmos na presença do melhor jogador do clube, que é Lourenço Mestre, com ‘handicap’ de apenas um dígito (7,7). “Não é para todos. Se calhar, só 10 por cento dos jogadores nacionais é que conseguem jogar só com um dígito. O Lourenço, com muito trabalho e muito esforço, é o melhor representante do nosso clube”. “Um elogio do presidente” ressalva o líder fundador. Acrescentando: “Realmente, sou o jogador com o ‘handicap’ mais baixo, se calhar porque treinei mais do que os outros. Como tinha aqui o ‘driving range’ à mão, acabava por treinar mais, porque sem treinar não se conseguem bons resultados”.
Nos dias que correm, comentou Henrique Medeiros, o clube tem cerca de 50 sócios, 25 dos quais praticantes. “Também temos alguns sócios em que a gestão de ‘handicaps’ não é feita pelo nosso clube, mas por outros. Os nossos torneios têm sido muito bem aceites, temos o apoio de algumas empresas da região que nos permitem organizar algumas provas de produtos alentejanos na passagem do buraco nove para o 10 e isso é muito bem aceite e temos sempre muita gente nos nossos torneios”.
Quanto ao crescimento do clube, opina Henrique Medeiros: “Na minha opinião, não tem evoluído como seria desejável. Nós não tínhamos onde bater bolas e o Lourenço Mestre investiu, na sua propriedade, construindo um ‘driving range’ com capital próprio, e as pessoas não mostraram a adesão que a modalidade merecia”.
Ou seja, a comunidade bejense talvez não conheça bem o Vale de Choupos Set Golfe. “Como se trata de um projeto privado, não foi muito divulgado. O ‘driving range’, neste momento, está em reestruturação mas, no futuro, as pessoas poderão associar-se ao clube e virem aqui bater umas bolas. Esperemos que reabra com mais força, porque o nosso objetivo é confraternizar com outros clubes e participar em torneios para onde somos convidados”, até porque o sonho do mentor do projeto é construir em Vale de Choupos um campo de golfe com dois, três, quatro ou cinco buracos. “Esse é o meu grande sonho” confessa Lourenço Mestre.
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