domingo, 19 de setembro de 2021

Bola de trapos, edição de 17/09/2021 no Diário do Alentejo

 

José Saúde
FC Serpa
Numa incursão às calendas da história lusitana, constata-se que Serpa fora habitada antes do domínio romano, porém, foi em 1166 que D. Afonso Henriques a conquistou aos mouros. Num périplo feito ao local, constata-se que no ano de 1295 D. Dinis mandou reconstruir o castelo e edificar as muralhas, sendo que mais tarde, 1513, D. Manuel concedeu-lhe a carta de foral e o povoado, rico em pastorícia e artesanato, desenvolveu uma enorme atividade comercial. Nesta sintética correria biográfica verifica-se que em 1674, D. Pedro II, ainda na condição de príncipe regente, conferiu-lhe o título de “Notável Vila”. Desportivamente o jogo da bola chegou a Serpa no ano de 1923. João Morgado Gomes, António Batista da Palma, Jacinto Lança, João Batista Palma, Arnaldo da Cruz Carrasco e Manuel Campina, foram os grandes incitadores. Em 1925 surgiu à estampa o grupo “Gatos Foot-Ball Clube Serpense”, onde João Batista Galamba, capitão de equipa, assumiu-se como principal precursor do conjunto que se sediou na Sociedade Artística Filarmónica Serpense. Na localidade havia uma outra sociedade que dava pelo nome de Filarmónica União Serpense, sendo os rapazes daquela associação conhecidos como “Os Trauliteiros” e criaram o Vitória Sporting Clube. E é ao fixarmo-nos neste afamado desígnio desportivo que afiançamos que na urbe da margem esquerda do Guadiana sempre despontaram eloquentes deuses da bola. Em 1937 deu à estampa o Club Foot-Ball Serpense e a 2 de dezembro de 1938 fundou-se o Futebol Clube de Serpa. Aliás, nos anais da gesta futebolística baixo alentejana, fica narrada a inegável certeza que na época de 1956/1957, com João Diogo Cano como presidente da direção, um homem que investiu uma fortuna com o futebol da sua terra, o clube sagrou-se campeão da III Divisão Nacional, uma final disputada em Coimbra, sendo a equipa vencida o Vila Real de Trás-os-Montes. Teixeira da Silva e Coureles carimbaram os golos do sucesso. Avivando memórias, recorro a uma foto que guardo religiosamente no meu espólio e que regista a constituição de onze que realizou um jogo na II Divisão Nacional: Garcia, Osvaldo, Zé Ferreira, Sardinha, Eduardo, Manuel Baião, Patalino, Coureles, Teixeira da Silva, Cecílio e Dionísio. É óbvio que o prodígio criou raízes profundas e o povo, atento, jamais abdicou de um penetrante afeto a um emblema que ao longo do percurso conquistou a afeição das suas gentes. E se a voz uníssona da plebe entoou bem alto a sua crença, a realidade diz-nos que os serpenses contabilizam um infindável número de troféus. Sabemos dos tempos áureos de um dos históricos do nosso futebol e conhecemos momentos de êxtase de um símbolo onde as memórias de euforia caíram magistralmente em catadupa. Na presente época, 2021/2022, o FC Serpa marca presença no Campeonato de Portugal, Série F. Mas, na novel cidade a agremiação serpense, espera-se que a equipa corresponda literalmente a uma aventura que se almeja de sucesso. Força, FC Serpa!
Fonte: Facebook de Jose Saude

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