sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

José Manuel Rações: Um campeonato mais estável

 

Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Quase uma década depois da sua última passagem pelos alvinegros da Margem Esquerda, o treinador José Manuel Rações, 51 anos, voltou a sentar-se no banco do Piense Sporting Clube para orientar a equipa até final da época em curso e com a missão de conseguir a manutenção.

 

Texto Firmino Paixão

 

O Piense Sporting Clube é o atual sétimo classificado da I Divisão da Associação de Futebol de Beja, a dois pontos do lote de equipas que assegura a manutenção no final da primeira fase em curso. Desde que Rações assumiu o lugar, o Piense ganhou dois jogos do campeonato e foi eliminado da Taça Distrito no terreno do Alvorada, de Ervidel. Este é o segundo momento em que o técnico assume a equipa onde também foi jogador ao longo de cinco temporadas.

 

Aceitou o convite do Piense para regressar a um local onde já foi feliz?

Sabe, não foi muito fácil dizer que sim ao convite. Contudo, é uma casa da qual eu gosto e, como estava parado, aceitei. Mas também senti que existiam ali grandes dificuldades. Estou aqui para tentar ajudar a superá-las, sabendo que será um percurso um pouco ingrato. Tenho o meu nome para defender, mas as pessoas conhecem-me, sabem quem eu sou e não aceitei este convite do Piense para provar nada. Estou aqui simplesmente para ser mais um a ajudar a superar as dificuldades que o clube atravessa. E estou a tentar dar o meu melhor para que todos consigamos que o Piense tenha um campeonato mais estável.

 

Antes de se comprometer, assistiu ao jogo entre o Piense e o Castrense (0-5). Que leitura fez daquilo que viu?

Ainda não tinha visto a equipa jogar, mas é claro, avaliando apenas a sua prestação naquele jogo, eu não teria vindo para o Piense. Mas nem tudo foi mau, foi isso que eu disse aos jogadores, há muita coisa a melhorar, mas tem sido difícil, mesmo com a continuidade dos treinos não tem sido fácil, agora, não valia a pena tirar ilações apenas daquele jogo, porque foi muito mau. Achei a equipa um pouco desorganizada e estou tentando ajeitá-la da melhor maneira. Vamos ver se vou conseguir.

 

O que lhe pediu a direção do Piense?

Simplesmente a manutenção. Se conseguirmos ficar no primeiro grupo de seis equipas, tanto melhor, porque fica logo assegurada, mas foi a única coisa que me foi pedida, porque se me pedissem algo mais eu também não teria vindo. Não faria qualquer sentido, temos que ser realistas, avaliarmos aquilo que temos e ponderar o que podemos fazer. Portanto, o único compromisso que existiu foi de assegurar a manutenção na I Divisão e é isso que estamos a tentar fazer.

 

No seu primeiro jogo à frente da equipa o Piense ganhou no terreno do Renascente, em São Teotónio. Foi um bom prenúncio?

Sim, mas foi um jogo bastante difícil. Foi complicado. Tentámos não sofrer golos, conseguimos, porque realmente a equipa estava a sofrer muitos golos. Batemo-nos bem, marcámos um golo, vencemos por 1/0. Foi um bom jogo para nós, até pela motivação que a equipa ganhou. A seguir recebemos o Sporting de Cuba, um jogo de muita luta, que também ganhámos por 1/0. O jogo da Taça Distrito foi muito mais fácil para nós, muito mais fácil, mas facilitámos e oferecemos dois golos à equipa adversária. Podíamos tê-lo evitado, mas os jogos da Taça são sempre diferentes. O nosso objetivo não era chegar à final da Taça… face à realidade que temos, eu ficaria mais penalizado se a derrota acontecesse num jogo de campeonato.

 

Essas duas vitórias em jogos de campeonato revelaram-se um bom tónico para a motivação da equipa?

Naturalmente que sim. A confiança dos jogadores estava um pouco em baixo, ganhámos um pouco mais de confiança, o jogo da Taça, em Ervidel, era para dar nos ainda mais motivação, não foi conseguido, mas o futebol é mesmo assim, temos que encarar as coisas com serenidade. Temos que tentar tirar o melhor proveito das vitórias e das derrotas. Os seis pontos que já conquistámos foram importantes, agora temos o próximo jogo, já pensando na conquistando de mais três pontos para irmos aumentando o nosso pecúlio o mais rapidamente possível.

 

O próximo jogo será em Almodôvar frente a uma equipa que, esta época, de facto, não tem feito um campeonato ao nível do que era habitual?

É um adversário direto que, esta época tem surpreendido um pouco pela negativa, mas que tem um leque de jogadores muito bom, com muita qualidade, jogadores que eu conheço bem. É uma equipa do nosso campeonato, seria bom ganharmos, para nos distanciarmos deles. É com essa ideia que lá iremos no domingo.

 

O jogo seguinte, primeiro da segunda volta, será em casa, com o Despertar. Outro adversário da mesma zona da tabela?

Sim, sabemos que neste campeonato já se vai notando um grupo de seis equipas mais fortes do que as restantes. Já se vai vendo essa diferença na própria classificação e no percurso das equipas durante esta primeira volta. Nós, tentando chegar mais perto desse lote da frente, temos depois esse jogo com o Despertar: se conseguirmos conquistar os três pontos, as coisas tornar-se-ão mais fáceis.

 

Outra realidade é que a equipa não pratica um futebol de qualidade. Privilegia-se a conquista de pontos, em vez do futebol espetáculo?

Concordo, mas nós temos que olhar para a realidade das coisas. Estamos mais preocupados em conquistar pontos do que tentarmos jogar bonito. Sempre que possível conciliaremos as duas coisas mas, entretanto, ainda não foi possível. Claro que essa evolução se vai fazendo com muito trabalho, muita dedicação, além de que temos que pensar se em janeiro poderá surgir algum jogador que não esteja satisfeito no clube onde está a jogar e queira vir ajudar-nos. Uma das opções seria tentar reforçar a equipa, mas será muito difícil consegui-lo. É uma possibilidade que está sempre em aberto. O que estamos a fazer pelo clube é olhando a que, nos próximos anos, o Piense, comigo, ou sem mim, esteja cada vez mais sólido nesta I Divisão Distrital.

Fonte:  https://diariodoalentejo.pt

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