Um campeão nacional, um terceiro lugar, a presença de vários atletas em provas internacionais, um acréscimo de clubes e de atletas federados, o troféu de Clube do Ano e a realização de provas mundiais no território da Associação Regional do Baixo Alentejo de Pesca Desportiva, são realidades que orgulham seu presidente, Manuel Vicente Ranhola.
Texto Firmino Paixão
Foi uma época um bocado ‘sui generis”, assumiu o dirigente, justificando que “apesar de a pandemia ainda se manter, conseguimos, este ano, organizar todos os campeonatos regionais que estavam programados e achamos que foi um ano de muitos bons resultados. As provas foram muito participadas, foi o ano em que tivemos mais concorrentes em todas as provas de todos os campeonatos, e os resultados são aliciantes e propícios a que a Associação continue a crescer, como tem acontecido até agora”.
O calendário foi integralmente cumprido, quer em água doce, quer no mar?
Sim, na vertente de mar e de água doce, com a água doce comportando também a especialidade de pesca ao achigã, que é uma pesca mais característica e separada dos ciprinídeos, no entanto, cumprimos. Para além dos campeonatos regionais, também tivemos uma grande participação de atletas nossos filiados em campeonatos nacionais, onde obtivemos alguns bons resultados. Tivemos vários representantes em campeonatos do mundo e um nosso filiado distinguido como Clube do Ano. Portanto, estamos, digamos, de boa saúde, para mantermos a maior esperança na nossa modalidade.
A Federação Portuguesa de Pesca Desportiva apoiou as suas associações regionais, num período de exceção como o que se tem vivido?
A Federação diminuiu um pouco os preços das inscrições em campeonatos nacionais, porque, realmente, também diminuiu o número de provas pontuáveis para os campeonatos. Foi uma decisão bem recebida, que atenuou as dificuldades financeiras das pessoas que queriam competir.
O acréscimo de participação em provas estará relacionado com alguma ansiedade provocada pelo período de suspensão da atividade?
Havia realmente muita ansiedade e muita vontade das pessoas em voltar a competir, em desfrutar da natureza. As pessoas pronunciaram-se muito sobre esse aspeto e, durante o confinamento, fomos mesmo contactados por várias pessoas no sentido de se filiarem para poderem ir à pesca, porque houve uma altura em que emitíamos uma declaração para que os atletas federados pudessem circular para treinarem, principalmente aqueles que pertenciam às seleções nacionais que não deveriam parar. Achamos que tudo isso fez com que houvesse um acréscimo de pessoas a aderirem à pesca desportiva. Surgiram até mais clubes, o Vale Figueira, da zona de Melides, e outros que aderiram à modalidade, como o caso da Sporting Abelense que tinha apenas água doce e passou a ter uma equipa de mar. Estamos muito felizes e creio que a nossa Associação já se projetou para a segunda ou terceira maior associação do país em número de filiados. Entre 2020 e 2021 crescemos em cerca de 70 novos atletas. Queremos continuar nesse caminho, reunimos recentemente com os clubes que manifestaram a intenção de intensificaram a competição. O óbice principal, da minha parte, enquanto presidente da Associação, é que a idade vai pesando e já sinto alguma dificuldade em manter esta dinâmica, mas não vejo que apareçam pessoas com disponibilidade para prosseguir este caminho, embora tenhamos uma estratégia para eleger novos corpos sociais em fevereiro.
Já são conhecidos os campeões nas diferentes disciplinas. São os nomes habituais ou aconteceram algumas surpresas?
No plano regional os campeões foram pescadores que já são consagrados. Não temos tido realmente muita repetição de campeões, mas temos um leque de pescadores que habitualmente andam junto dos primeiros lugares e que alternamos títulos entre si. Esta é uma modalidade difícil, quem treina, quem se apetrecha com o melhor equipamento, é quem melhor resultado consegue. A exigência é tanto no treino, como no equipamento que o pescador dispõe. Na pesca de mar é que surgiu um atleta, o Tiago Chaínho (do GD Vale Figueira) que competiu pela primeira vez e foi campeão, mas provou que era o melhor.
E no plano nacional?
Tivemos uma diminuição de bons resultados em campeonatos nacionais de jovens, porque as provas foram feitas num contexto muito diferente do que era habitual. Somos a associação que tem mais jovens federados mas, quando vamos para provas nacionais, os miúdos sentem mais dificuldades porque não estão habituados a treinar naquelas águas onde as provas se disputam. Mesmo assim, tivemos campeões nacionais de pesca ao achigã, uma equipa (Mauro Silva e Ruben Santos, da Associação de Moradores do Bairro dos Bombeiros de Castro Verde), em dois anos anteriores tinha ficado em segundo lugar e, desta vez, conseguiu o merecido título. Tivemos também um campeão nacional de veteranos, que se estreou nesse campeonato, o António Nunes, do C.A.P. Baixo Alentejo, de Alvito, e temos outros bons resultados. Na pesca com “feeder”, que é uma modalidade recente já temos também alguns praticantes a emergir e tivemos um terceiro lugar na III Divisão, o Márcio Guerra, também do C.A.P. Baixo Alentejo.
E subidas de divisão?
Tivemos várias, mas há uma questão que se levantou numa assembleia geral da Federação em que eu, por acaso, não estive, por motivo de doença. Alguém propôs que a III Divisão Nacional deixasse de ser disputada em duas zonas e passasse a disputar-se numa só. Acho que isso é negativo porque havia 48 pescadores em cada uma das zonas, norte e sul, e agora, numa zona única, o número de pescadores foi reduzido para cerca de 60. Perdem-se cerca de 30 concorrentes, refletindo-se nas percentagens de subidas de divisão que passam a ser, apenas, três por associação, algo que me recuso a aceitar.
A Associação continua a receber no seu território a organização de provas internacionais e também tem atletas seus nas seleções nacionais… É algo muito prestigiante para a nossa Associação. É sinal de que organizando bem as provas dos campeonatos nacionais, somos também competentes para organizar provas internacionais. Temos esse mérito, temos uma experiência adquirida a trabalhar na promoção da pesca desportiva e a colaborar com a Federação, e esse é o nosso reconhecimento. Recebemos o Mundial de Duplas, na costa de Grândola, uma das melhores zonas do País para a realização destas provas.
Fonte: https://diariodoalentejo.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário