sábado, 5 de fevereiro de 2022

Barrancos FC quer qualificar-se para a fase final do campeonato

 

Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Barrancos Futebol Clube é o atual líder da Série A do Campeonato Distrital da II Divisão da Associação de Futebol de Beja, aquando desta entrevista. O primeiro objetivo da equipa passa pela qualificação para a fase final da prova.

 

Texto Firmino Paixão

 

O percurso não tem sido fácil, assume o treinador Reinaldo Caçador, referindo-se a paragens prolongadas e problemas com a pandemia, mas realçou: “Os miúdos estão a treinar bem, mostram muito empenho e provam que estão aqui com muito gosto e felizes pelo bom percurso que temos feito neste campeonato, onde temos conseguido algumas vitórias expressivas”.

 

Que significado tem, para si, o facto de o Barrancos estar no primeiro lugar da série?

Sabe, no princípio da época, nada nos foi proposto pela direção mas, obviamente, estamos a trabalhar há quase dois anos, e os miúdos vão trabalhando e evoluindo cada vez mais e acreditando que conseguirão bons resultados, o que tem sido uma realidade. Não vou estar com rodeios, naturalmente, gostaríamos de ficar entre os primeiros e, quem sabe, mantermos este primeiro lugar. Claro que gostávamos de manter esta exposição, mas sabemos que estamos a lutar contra equipas muito boas.

 

A qualificação para a segunda fase é um dos vossos primeiros objetivos?

Neste momento, obviamente que a qualificação para a segunda fase é a nossa meta. Como lhe disse, estamos a competir com equipas muito fortes, não conheço as equipas das outras duas séries, mas esta série é muito forte, muito equilibrada. Existem ali cinco ou seis equipas com o objetivo de atingir os primeiros lugares e nós, claro, também queremos lá estar.

 

Confirmando-se o vosso apuramento para a fase final os objetivos serão reformulados?

Sinceramente, que ainda nem pensámos nisso. Não conversámos nada sobre essa possibilidade. O objetivo prioritário é terminarmos esta primeira fase numa posição que nos garanta o acesso à fase final, se possível no primeiro lugar, como é evidente, e depois logo se pensará se podemos ambicionar a mais alguma coisa.

 

Tem-se referido aos seus atletas como “os miúdos”, sinal de que tem muita juventude no plantel?

Só temos um jogador com 32 anos, depois outro com 28 e o resto anda na média de 22 anos. Como vê, é um plantel com muita juventude, são jogadores que, apesar de serem muito jovens, já têm alguma experiência competitiva. Têm um bom percurso anterior, jogando juntos desde os escalões de formação, com participação em torneios, enfim, nota-se neles muita capacidade e uma boa evolução. Já passaram aquela fase da inocência de antigamente, têm crescido bem e nós, eu e o “míster” Costinha (Nuno Costa), estamos satisfeitos com este percurso, julgo que também temos tido alguma sorte, porque isto do futebol também requer sorte… é assim, hoje estamos em cima, amanhã podemos estar em baixo.

 

Há poucos anos o Barrancos andava invariavelmente na parte de baixo da tabela classificativa. A persistência do trabalho resultou na construção desta equipa tão competitiva?

Sabe que nós estamos bastante afastados dos grandes meios onde, se calhar, existe maior facilidade em recrutar jogadores. Não é fácil alguém sair de Beja, de Serpa, ou de outro lugar, e fazer 80 ou 90 quilómetros para jogar no Barrancos. O dinheiro também não abunda. Mas temos miúdos em Barrancos e ali nas redondezas que são bons. É um processo que já vem de alguns anos, não é um trabalho apenas meu nem do Costinha, o mérito não é só nosso, é do coletivo do Barrancos, de toda a equipa, de toda a direção, de todos os que trabalham para que possamos conseguir isto. Obviamente que, este ano, andamos lá no topo, é muito bonito, trabalhamos todos os dias para isso mas acredito que os meus anteriores colegas também se esforçaram para que isso fosse possível. Podem não o ter conseguido, mas o trabalho ficou feito.

 

Nesta altura também já se reforça a retaguarda porque o clube já possui duas equipas de formação?

Sim, temos principalmente uma equipa de juvenis com mais de metade de atletas de segundo ano neste escalão. Para o ano serão juniores e certamente que iremos recrutar aí, também porque existe qualidade. Temos miúdos com aquela garra típica barranquenha de que vamos a todas e não desistimos de nada. Os juvenis estão a fazer um bom campeonato, apesar da idade que, às vezes, é um pouco complicada. Mas sim, temos ali matéria humana para darmos continuidade a este projeto juntamente com estes jovens que te- mos agora na equipa sénior.

 

As dificuldades que resultam de uma tão grande distância dos centros de decisão funcionam, seguramente, como estímulo e força motivacional?

Sim, para nós é tudo longe. Estamos afastados de tudo e de todos, mas esse pensamento não nos causa nenhum transtorno. Contudo, repare que um miúdo estudante quando chega ao 9.º ano tem que vir para Moura, se quiser ir para a universidade vai, no mínimo, para Beja ou Évora. Já estamos habituados a essa situação e no futebol é igual, as nossas deslocações são enormes, mas já se tornaram numa rotina. Motivação? Sim, temos muita, ambição também, temos família e andamos nisto, aliás com muito gosto. Barrancos vive muito o desporto, principalmente o futebol que é o que mais se pratica e, no último jogo, em Beja, tivemos adeptos que fizeram 200 quilómetros para apoiarem o seu clube.

 

E terão assistido a um bom jogo porque, além dos resultados positivos, a equipa também pratica um futebol bonito e muito atrativo?

Agradeço essa referência, mas, modéstia à parte, isto é um trabalho de muita gente, não é apenas meu e do Costinha, meu adjunto e amigo, é também dos anteriores treinadores, e principalmente da direção do clube, que está muito empenhada nisto. Mas os grandes protagonistas são os jogadores. Eu digo-lhes isso nos treinos e direi onde quer que seja. Os nossos jogadores é que são os principais responsáveis por este sucesso, pela sua dedicação e empenho. Tenho um orgulho imenso em ser treinador desta equipa

 

(Artigo publicado na edição nº 2073 a 14 de janeiro 2022)

 

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