Estou velho!
Sim, estou velho! Sim, o tempo passado já voou. Dissipou-se. Perdeu-se pela fresta de uma velha porta que paulatinamente se foi definhando com o declinar das eras. Vagueio pelo trilho de uma vereda que inevitavelmente vai estreitando. Sim, esta é uma das inevitáveis realidades que o ser humano literalmente terá que compreender e aceitar.
Curvo-me perante a transformação física do meu corpo. É verdade. Mas atenção: ainda não me considero um trapo, por enquanto. Talvez que um trapo de “flanela” mas embebido com os odores de uma juventude já perdida. Ficaram os cheiros que dantes me arregalaram as narinas. Ou, o toque em “matéria proibida” onde proliferavam mistérios. Sim, esses frenéticos momentos continuam emoldurados numa mente que persiste na sua vivência terrestre.
Recreio-me, agora, com a saudade. O que fiz e o que deixei de fazer. O meu corpo, outrora atlético, está velho. Cansado. De uma aldeia, a minha sempre querida Aldeia Nova de São Bento onde nasci, a metrópoles de maior dimensão, de tudo conheci. Conheci e fiz grandes amizades. Cresci e fiz-me homem. Tudo, porém, foi ontem.
E foi ontem que a minha saudosa mãe me levou à barraca do Favinhas, por altura da nossa feira de setembro (1, 2 e 3), e o fotógrafo clicou na sua velha máquina fotográfica, assente num tripé, e registou a imagem que aqui exponho.
Afinal, estou velho!
Fonte: Facebook de Jose Saude
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