Treinador do G.R. Renascente confiante na manutenção

 

Foto | Firmino Paixão

O Grupo Desportivo Renascente, de São Teotónio, um dos fortes candidatos a ganhar a Taça Distrital de Beja, mantém o foco na manutenção no Campeonato Distrital da 1ª Divisão, da Associação de Futebol de Beja.

 

Texto Firmino Paixão

 

O treinador Luís Miguel, 55 anos, assume a corresponsabilidade de um deficiente planeamento da época desportiva, razão principal para um percurso de altos e baixos no rendimento da equipa, algo que justifica ter sido “fruto de termos um plantel muito curto, curtíssimo mesmo, fruto de uma série de situações que aconteceram antes do início da época e que não deviam ter acontecido”.

 

Quer enumerar essas situações?

Os objetivos de uma temporada definem-se na pré-época, na construção do plantel, e nisso o Renascente falhou a todos os títulos. Já todos assumimos isso, a direção e eu próprio, enquanto treinador, assumimos esse erro gravíssimo e agora estamos a pagar por isso. E por isso é que têm acontecido estes altos e baixos. Quando temos todos os jogadores disponíveis conseguimos equilibrar os jogos, inclusive com as equipas mais fortes, mas como o plantel é curto, naturalmente que há lesões e castigos que, felizmente não têm sido muitos mas, nessa altura, não conseguimos preparar a equipa da mesma maneira.

 

A principal dificuldade que identifica é essa, o deficiente planeamento da época?

Sim. É a dificuldade principal e quase que é a única razão de a época não nos ter corrido melhor, porque a direção do clube tem colaborado connosco de uma forma extraordinária, não nos falta nada mas, de facto, cometemos esse erro inicial que estamos a pagar. Mas eu acredito, sinceramente, caso contrário também não andaria aqui, que nós vamos conseguir os nossos objetivos. Vamos conseguir, porque tenho um grupo de jogadores extraordinários, tenho uma direção também extraordinária, que não deixa que nos falte nada, e eu acredito que vamos conseguir alcançar os nossos objetivos, porque temos qualidade.

 

A manutenção nesta primeira divisão foi a meta que o Renascente trouxe para o campeonato?

Sim, o objetivo é esse mesmo, porque este campeonato é fortíssimo. Não me lembro, e há uns anos que ando aqui no Alentejo, mas não me recordo de um campeonato tão forte. São equipas com outra organização, outras infraestruturas. Não é só possuir bons jogadores, existe todo um trabalho por trás destas grandes equipas que estão na metade superior da tabela, que as equipas ditas mais pequenas não conseguem igualar tão cedo e isso faz muita diferença na forma como se encaram todos os jogos. O campeonato tem sido, realmente, muito forte, por isso, claramente que o nosso objetivo é a manutenção.

 

Na última época vieram duas equipas do Campeonato de Portugal que ainda não conseguiram afirmar a sua supremacia…

Honestamente, na minha opinião, ainda não conseguiram mostrar essa supremacia, porque existem outras duas equipas que têm vindo a fazer um percurso extraordinário. Estou a falar do Castrense e do Vasco da Gama. O Moura e o Mineiro estão ali muito perto, não estão assim tão distantes e repare que não é o Moura, nem o Aljustrelense, que estão a desiludir, os outros é que estão a fazer um campeonato, a todos os títulos, extraordinário. Têm pouquíssimos pontos perdidos e a equipa que, entre estas quatro que citei, perder pontos entre eles fora de casa, tornará as coisas mais complicadas.

 

O Renascente, certamente, que tem dificuldade no recrutamento de atletas e isso faz com que, invariavelmente se reforce com jogadores do Algarve?

Sim, temos três jogadores que vêm do Algarve, eu também sou oriundo do Algarve, temos cinco jogadores de Milfontes mas, depois, temos muita dificuldade em assegurar a contratação de outros jogadores. Repare que o concelho de Odemira tem nove equipas federadas, são cerca de cento e oitenta atletas, e nem falo nas equipas que estão no Inatel, E isto cria-nos muita dificuldade para construir um plantel.

 

Entre essas nove que enumerou estão o Odemirense e o Milfontes que, provavelmente, esgotam os melhores recursos?

Esta época não foi bem assim, porque alguns jogadores que tínhamos para construir a nossa equipa, optaram por ir para o Milfontes, porque o clube jogava ao sábado. Preferem jogar ao sábado, as pessoas tem as suas razões e temos que as respeitar. Preferem jogar ao sábado e terem o domingo de descanso junto da família. De facto, este foi outro dos problemas que também sentimos na construção do plantel, abordámos três ou quatro jogadores da zona para fazerem parte da nossa equipa e todos recusaram por esse motivo, portanto, tornou-se muito difícil, porque no Algarve também não se consegue trazer jogadores como acontecia há alguns anos atrás. Também já não existe essa facilidade.

 

O clube mantém-se na Taça Distrito de Beja depois de ter ganho em Barrancos. Quais as metas para esta competição?

As metas serão ir ganhando os jogos, como, de resto, todas as outras equipas o desejarão. O percurso da Taça depende muito dos sorteios, já tivemos equipas muito fortes que foram afastadas. Ainda se mantêm na prova equipas com muita qualidade, mas o objetivo é ir ganhando para ver se conseguimos chegar à final e, uma vez aí, logo se vê.

 

O que falta ao Renascente para se afirmar em definitivo no escalão principal do futebol regional?

Olhe, eu já tinha estado no Renascente há uns anos e achei que a principal carência era de recursos humanos. O clube funcionava em torno de duas ou três pessoas. Agora, quando regressei, com uma nova direção, isso mudou. Esta nova equipa diretiva trabalha bem, é empenhada e a dificuldade não vai por aí, mas existem deficiências em infraestruturas. Temos uma iluminação muito deficiente no campo, quase que não nos permite treinar, também não temos um posto médico, há pequenas coisas que são essenciais para tornar o clube mais forte e, neste caso, é fundamental melhorar essas infraestruturas. Só assim o clube conseguirá afirmar-se neste escalão.

 

(Artigo publicado na edição nº 2077 a 11 de janeiro 2022)

Fonte:  https://diariodoalentejo.pt