sábado, 28 de maio de 2022

Bola de trapos, edição de 27/5/2022, no Diário do Alentejo

 

José Saúde
Ascensão e queda
Articulemos o texto na compreensível particularidade do genuíno. Sim, porque todos somos cidadãos atentos e conhecedores de realidades, quiçá impensáveis, que nos conduzem para um futuro que se revela, à posteriori, de uma atroz mendicidade. Ontem fomos reis, hoje sem trono, que nos deixámos arrastar pelos trilhos de vidas dantes faustosas e, sabe-se lá porquê, caímos redondamente num charco onde os “peixes sapos” lutam por migalhas que os fazem sobreviver. O tempo é para refletir e concluir que no universo do desporto conhecemos ídolos que após a sua ascensão veio a imprevisível queda. Ganharam fortunas e esbanjaram. As contas bancárias, então recheadas, foram paulatinamente finando. As casas e os carros de luxo vendidos ao desbarato e o antigo atleta, já desprovido das riquezas “teve que entregar o fato ao dono” e vê-se agora cotejado com pequenas “esmolas” que o fazem manter-se ao cimo deste globo terrestre. A notabilidade, nos seus tempos áureos, experimentou o quão apetecível seria entrar no desditoso consumo das drogas, ou do álcool, sendo que alguns deles por lá ficaram agarrados e os misteriosos “patrões” que os sogaram, deuses de um negócio no qual proliferam odores de riqueza, por lá os deixaram ao deus dará. Mas, tudo também se esvaziara em alucinações de jovens que despertavam para um falso enriquecimento. Escrevemos sobre inquestionáveis situações que, num ténue olhar, somos forçados a uma profícua reflexão. Conhecemos, por outro lado, gentes humildes que se limitaram em amealhar e que fizeram um excelente pé de meia que os retirou de uma penúria outrora anunciada. Hoje, porém, são senhorios de posses que se resultam pelo suor derramado nos retângulos de jogos, jogos onde se propaga a humildade e ânsia de uma vida estável. A estes atletas tiro-lhes o chapéu. Outros, vivendo de meras alucinações, enveredaram pelo facilitismo, sendo que jamais pensaram no dia de amanhã. Passeavam-se em carros de alta cilindrada, dos últimos modelos, deixaram-se arrastar por delirantes festas noturnas, algumas até acabavam mal, e o povo, embora comente, passa imune às altas cavalarias do homem da bola, ou de atletas de alta competição noutras modalidades. Escrevemos a narrativa baseada em contextos universalmente conhecidos, dai que não optemos pelo apontar a arma especificamente para os casos mundialmente conhecidos. Sabemos, porque a realidade observada assim o confirma, que o mundo das drogas induz os ídolos para “paraísos” de uma outra dimensão, ou de divertimentos onde se multiplica o universo feminino. Sabemos, também, as voltas e reviravoltas que a vida de alguns expoentes máximos do cosmos desportivo que acabaram por sofrer na pele com as suas inusitadas aventuras. Da ascensão à queda foi apenas um pequeno passo!
Fonte: Facebook de Jose Saude

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