sábado, 25 de junho de 2022

Bola de trapos, edição de 24/6/2022 no Diário do Alentejo

 

José Saúde
O mágico futebol
Foi no mágico futebol que fizemos amizades que perdurarão para sempre nas nossas autoestimas, sendo exatamente lícito que só aqueles que por lá andaram conheceram os circuitos dos seus labirintos. Ou seja, enquanto divagarmos ao cimo deste incomensurável globo terrestre, existirão inolvidáveis recordações que jamais as esqueceremos. Conhecemos a dureza dos treinos na pré-época com um treinador que não dava tréguas ao plantel daí resultando as habituais dores musculares, os intensos odores dos balneários e as suas respeitabilidades, o sabor de uma vitória, ou a amargura de uma derrota, ou de um empate que soube a pouco, ou de uma lesão que pontualmente nos retiraria da próxima jornada, as palmas vindas de bancadas repletas de gentes, ou dos assobios que nos eram dirigidos por razões julgadas como inusitadas. Conhecemos, igualmente, dirigentes que nos marcaram, uns pela positiva outros pela negativa, de companheiros com os quais partilhámos os vestuários, das praxes, mas saudáveis, àqueles que chegavam para integrar o grupo de trabalho, dos roupeiros que primavam pela sua pontualidade de bem servir os atletas, o jogar sob a excentricidade duma canícula severa, ou sob uma chuva violenta, particularmente quando a bola de catechu encharcada parecia pesar quilos, o entusiasmo da contenda no interior das quatro linhas, o simbolismo das cores dos clubes que ao longo das nossas carreiras defendemos, enfim, uma listagem de memórias que nos enviam para um passado repleto de excêntricas lembranças. Numa análise entendida como apropriada e considerada profícua, trago à opinião pública um reencontro de antigos jogadores do Desportivo de Beja que, na condição de veteranos, lá vão desentorpecendo as pernas em jogos particulares, mas agora a troco de um simples abraço, diante doutros adversários que representaram dantes símbolos clubísticos diferentes. No pretérito 16 de junho, 2022, os bejenses defrontaram os veteranos do Vitória de Setúbal, no sintético 1 do Complexo Desportivo Fernando Mamede, em Beja, num desafio interessante, não obstante alguns apresentarem um certo excesso de peso, o que é absolutamente aceitável. De facto, assistimos aos pormenores desse desafio de futebol, onde o resultado final pouco interessou (fica apenas o registo, 3-2 a favor do conjunto sadino), prevalecendo a afeição e o franco convívio observado, quer ao largo da partida quer após o prélio. Os veteranos do Desportivo primaram por endossar convites a antigos jogadores do clube, sendo que por lá se juntaram um rol de companheiros de um tempo que teima correr vertiginosamente para a reta final de uma vivência que outrora nos fora fértil e, tal como manda a lei da vida, um dia terá o seu fim. Ficou-nos, porém, a certeza que o mágico futebol voltou a reunir 75 convivas num repasto que fora divinal e a interação examinada entre os já usados condiscípulos da bola pautada com a nota de excelente.
Fonte: Facebook de Jose saude

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