José Saúde
Quinito, uma lenda do futebol!
Existem momentos em que a saudade conquista, com proeminência, as nossas almas. Reconhecemos o que ontem fomos e o que hoje somos. Ontem, fomos jovens prontos para enfrentar uma contenda, mesmo dura que ela fosse; hoje, somos homens maduros, onde as mazelas proliferam em corpos que se foram desgastando com o evoluir dos tempos. Todos, na minha perceção, sofremos da ausência de uma juventude que nos fora semelhante. Desportivamente, cada um de nós seguiu o rumo dos seus sonhos. Alguns transformar-se-iam em brilhantes pérolas nas mais diversificadas modalidades. Fizeram e deixaram história. São, por isso, personalidades que o ângulo da nossa visão perpetuamente recordará, mas com infinita nostalgia. Falo-vos de Joaquim Alves dos Santos, o popular Quinito, um antigo jogador de futebol que teve como berço a cidade de Évora, sendo que o seu registo de nascimento menciona o dia 26 de abril de 1938, por conseguinte, soma 84 risonhas primaveras. Reencontrei-o no passado dia 11 de outubro, 2022, aquando a apresentação do meu último livro – Bola de trapos – Crónicas Desportivas do Baixo Alentejo 1904 a 2022 -, na Biblioteca Municipal de Beja José Saramago, e confesso que fiquei contente pelo nosso encontro. A “ciática”, segundo o que me fora dito pela filha, Paula Santos, não lhe tem dado tréguas, todavia, fez questão em marcar presença, onde, aliás, outros companheiros vincaram também as suas comparências. O Quinito ingressou no Lusitano de Évora quando seu Bilhete de Identidade registava 18 anos e quando o clube militava na 1ª Divisão Nacional. Mas, a sua capacidade técnica levou o treinador brasileiro, Otto Bumbel, a chamá-lo, na temporada seguinte, para o lote dos consagrados, sendo que nesse grupo de trabalho permaneciam verdadeiros ases do futebol nacional. Vital, Paixão, Falé, Antoninho, Zé Pedro, Caraça, Batalha, Flora, Vicente, Narciso, Mariano, Teotónio, de entre outros, são exemplos de craques onde a qualidade proliferava. Antes desta maravilhosa ascensão futebolística, já o Sporting lhe havia lançado um convite na consequência das suas excelentes participações em torneios populares, onde jogou com os irmãos Mendonça, o Jorge e o Fernando. Na época de 1959/1960, estreou-se pela seleção militar e no ano de 1963 ingressou no Desportivo de Beja. Quinito, nesse ano, foi colocado na velha Pax Júlia como empregado dos CTT, um objetivo que sempre delineou, porque havia de encontrar o caminho certo rumo ao futuro, principalmente quando a causa assentava na formação de um harmonioso clã familiar. Fui um dos seus antigos companheiros que teve o prazer de com ele partilhar o balneário e o gozo do jogo no interior das quatro linhas. Atualmente, revemos o seu passado e damos conta que o Quinito, foi, também, um dos fundadores da Associação Cultural e Desportiva da Zona Azul, em Beja. Quinito, uma lenda do futebol!
Fonte: Facebook de JOse Saude
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