sábado, 11 de fevereiro de 2023

Bola de trapos, edição de 10/02/2023, no Diário do Alentejo

 

José Saúde
Pombo correio
Numa pesquisa a uma das componentes desportivas que inevitavelmente marca a columbofilia, esbarramos no misterioso mundo do pombo correio onde a necessidade em compreender o rumo dos seus voos é uma incógnita. Por isso, a incursão que porventura possamos ponderar sobre a essência do seu enigma é, tão-só, uma curiosidade imaginária sobre o poder de orientação do seu voar nos infinitos céus ao longo dos concursos. Consta-se que estas aves se assumem como protagonistas de diversos episódios da História da Humanidade. Cruzam espaços aéreos, lutam contra as adversidades das aves de rapina e foram copiosos mensageiros de notícias em plenos campos de batalhas. Nos tempos da guerra assumiam-se como exímios “carteiros” na permuta de informações e a sua existência remota aos 4.000 anos a/Cristo, sendo que a sua origem se reporta ao antigo Egipto. Na Europa foi a Bélgica que exerceu um papel determinante para a vulgarização como distinto atleta em campeonatos de fundo, meio-fundo e velocidade. O columbófilo soube retirar-lhe evidentes competências e a família columbófila expandiu-se com o evoluir das eras. Defendem alguns dos seus praticantes que a modalidade se colocou outrora num dos lugares do pódio nacional, contudo, essa é uma discutível razão que não estamos em condições para abordar proficuamente. Mas, admitamos que sim. Todavia, as conversas com as peripécias dos pombos correios estendem-se com o progredir de cada solta. O pequeníssimo cérebro dos alados transfere-nos para o mundo das interrogações e ninguém descobriu, até hoje, as coordenadas traçadas por aquele exíguo órgão que lhes transmite o poder da direção a seguir. Por entre ventos e tempestades cruzam quilómetros e regressam prodigiosamente ao seu pombal. Pelo meio das longas maratonas a sua fértil inteligência de autodefesa permite-lhes ludibriar os mais dolorosos obstáculos. Os clássicos columbófilos insistem na velha tradição, outros, colocaram a arte num desventurado baú que acolhe a saudade, jogando, alguns, a toalha ao chão, embora o gosto pela modalidade lá more no recanto de uma melancolia que ainda lhe assalta a memória, enquanto, por outro lado, a juventude se dispersa por outras componentes desportivas. Atualmente existem 227 briosos resistentes no distrito de Beja, distribuídos por 20 coletividades que se distribuem pela Zona Norte e Sul. Conheço o universo columbófilo bejense desde os tempos de infância e testemunhei o carregar dos cestos a caminho do encestamento e o subsequente transporte para carruagens do comboio na velha Pax Júlia. Presentemente os meios físicos e humanos são outros e o seu conteúdo resvalou para exequíveis condições financeiras que cada columbófilo exterioriza. Bem-haja a vossa dedicação à resplandecente causa que teimam em preservar, sabendo-se que o único raciocínio lógico que vos move é a paixão pelos pombos correios!
Fonte: Facebook de Jose Saude

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