O rugby está de regresso à cidade. Dois anos depois de ter esmorecido o projeto que associou a modalidade ao Desportivo de Beja, surge uma nova tentativa de a ressuscitar.
Texto e fotos Firmino Paixão
Uma equipa velha, com um novo líder e um diferente conceito. Um projeto ainda pouco definido, que será tanto mais sustentável quanto o queira o grupo de jogadores que, há cerca de dois meses, vem treinando semanalmente no Complexo Desportivo Fernando Mamede, em Beja. O novo projeto tem um forte impulsionador, Guilherme Gaivão, de 31 anos, natural de Cascais, comissário de bordo da aviação civil, atualmente a residir em Ferreira do Alentejo. Um apaixonado da modalidade.
O que move este atual jogador do Rugby Clube de Montemor para trazer o rugby de volta a uma cidade aonde nunca se enraizou?Simplesmente estou a fazer uma coisa que aprendi e estou a tentar que os jogadores locais agarrem isto, porque eu, mais cedo ou mais tarde, terei que ir embora, mas gostava de deixar este projeto de pé para que eles o possam agarrar. Eu adoro o rugby e quero que eles voltem a adorar a modalidade.
Conhece o projeto anterior ligado ao Desportivo de Beja?Não tenho qualquer conhecimento do clube ou do projeto que existiu, simplesmente sou um apaixonado pelo rugby e soube através de uma página no Facebook da existência de jogadores que deixaram de jogar e eu, como tenho agora alguma disponibilidade de tempo, decidi, por vontade própria, reiniciar aqui o desporto que adoro.
O rugby vai manter-se enquadrado pelo Desportivo de Beja?A única coisa que tenho feito é aceder à página do Facebook do Rugby do Clube Desportivo de Beja e, por aí, contactei alguns jogadores e tem sido de boca em boca que tenho vindo a conquistar outros mais. Vivo em Ferreira do Alentejo e já consegui trazer de lá quatro jogadores. E assim, devagarinho, tenho estado a recrutar cada vez mais atletas, mas não sei nada do que se passou anteriormente. Isto é uma coisa que estou a fazer de novo e para a qual tenho tido alguma ajuda destes atletas, de quem gosto muito, porque todas as sextas-feiras tenho podido contar com eles e acredito que seja um projeto para ir em frente.
Então estamos perante um novo clube?Pode ser uma coisa nova. O clube de facto já existe, mas o projeto será novo, uma nova ideia e uma forma de estar diferente.
Vejo aqui mais de 20 atletas...Teve muita sorte porque hoje foi o primeiro dia em que apareceram mais de 16 jogadores. Foi, sem dúvida, o melhor treino que fizemos até ao momento nestes dois meses de atividade.
E que objetivos perseguem?O objetivo inicial era criar escolas, uma estrutura de baixo para cima, mas estou a ver que não será possível, porque não estou a conseguir recrutar atletas mais novos. Os que têm vindo são atletas que já jogavam na outra equipa de Beja. Vamos optar pelo rugby de 7, porque é uma estrutura mais fácil de criar. Existem torneios quinzenais, sem necessidade de inscrição na federação, porque será mais fácil aparecer sem o compromisso de não podermos falhar. Criando uma equipa federada precisamos de 30 jogadores que nunca falhem, porque à mínima falta de comparência temos graves problemas com a federação, entidade com a qual eu não quero ter problemas porque ando a fazer isto por amor à modalidade.
A modalidade não tem tradição na cidade, não teme que isto esmoreça...Não estou a criar expetativas, portanto, se isso acontecer, a desilusão também não será grande.
Que apoios tem atualmente?Apenas o município de Beja na cedência de instalações, o que é muito bom, porque joguei muitos anos em Évora e nós nem um campo tínhamos. Constatar a existência destas condições, que são excelentes, e não ver atletas, faz doer um bocado a alma.
Tem em mente apresentar a equipa na próxima Ovibeja?Gostava muito, sobretudo depois desta surpresa de ter tido aqui já 26 atletas. A manter--se esta assiduidade já me permitirá criar um segundo treino semanal, mas vamos devagar, não tenho sonhos que não sejam reais, tenho a plena consciência da realidade desta região e estou a caminhar cautelosamente. O que estamos a fazer aqui é puro amadorismo. Todos têm a consciência disso. Se continuarmos com esta assiduidade podemos pensar em qualquer coisa para a Ovibeja.
Mas existem poucos clubes na região?Nem por isso, temos o Évora, o Montemor, onde eu jogo, temos o Sines, com o antigo treinador da equipa de Beja, o Henrique Jonatas, que está disponível a novas ajudas e apoios para que se consiga fazer aqui qualquer coisa. Agora é preciso que os jogadores queiram, que tenham vontade. Eu quero e posso ajudá-los. O grupo não tem uma base muito boa, mas tem pessoas com amor a este desporto, que é uma modalidade muito física, exigente, mas de que eles gostam imenso.
Fonte: http://da.ambaal.pt
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