sexta-feira, 15 de junho de 2012

A realidade dos clubes do interior alentejano: “As pessoas são cada vez menos”



O Clube de Futebol de Santo Aleixo da Restauração surpreendeu-nos nesta época com a conquista da Taça Dr. Covas Lima, na categoria de infantis.

Texto e foto Firmino Paixão
Fundado em 1975, o Clube de Futebol de Santo Aleixo da Restauração tem, nos últimos anos, privilegiado a melhoria das suas infraestruturas e dedicado a atividade à formação de jovens desportistas. Sem atividade ao nível do futebol sénior, por opção, o clube está sedeado numa freguesia com pouco mais de 800 habitantes e a poucos quilómetros da fronteira com o país vizinho. A equipa de iniciados conquistou este ano a Taça Dr. Covas Lima, dando repentina visibilidade ao clube. Uma história escrita por uma dúzia de miúdos, com idades entre os 12 e 13 anos, que o patrono da prova, se estivesse entre nós, teria orgulho em conhecer. Jorge Machado, presidente do Clube de Santo Aleixo da Restauração, mostra um pouco do que é a realidade de um pequeno clube de uma freguesia no interior da região alentejana.

O Santo Aleixo tem andado um pouco afastado das grandes competições do futebol distrital…Talvez. Em 2007 formámos esta direção que está em exercício e temos vindo a trabalhar em prol do desenvolvimento do clube. Temos um projeto a médio/longo prazo para dotar o clube de melhores meios. Já adquirimos uma carrinha para transporte dos atletas, já fizemos obras de beneficiação e alargamento dos balneários do campo de futebol, enfim, vamos fazendo algumas coisas para melhorar as infraestruturas. Tem sido essa a opção.

E no plano desportivo?Neste período já participámos por duas épocas no Campeonato Distrital de Juniores, sempre com boas classificações, entre o quarto e o sexto lugares, entre clubes de vilas e cidades. É muito bom, porque nós somos uma aldeia, mas tivemos sempre boas classificações. E nesta época os nossos infantis brilharam na Taça Dr. Covas Lima.

O futebol sénior não é uma prioridade?Não, por agora não pensamos nisso, essencialmente por questões financeiras. As coisas não estão bem e nós não temos dinheiro para suportar as despesas com um campeonato da segunda divisão distrital.

E teriam jogadores para isso?Na freguesia não, mas no concelho talvez conseguíssemos. Mas não temos condições financeiras. Tem que se pagar a árbitros, tem que se pagar o policiamento, e nós não temos suporte financeiro para isso.

Entretanto os infantis fizeram um brilharete…Esta equipa já vem trabalhando junta há três anos, juntaram-se ainda em benjamins, depois nos infantis e por aí fora. Este ano foi o segundo ano de infantis, na próxima época vamos inscrevê-los em iniciados.

Estes miúdos serão o futuro do Santo Aleixo?Talvez, nós vamos tentar levá-los até ao escalão de juniores, depois logo se vê. Na próxima época faremos mais uma equipa de infantis, manteremos os iniciados, vamos dar continuidade a este trabalho. Temos uma sede, um campo de futebol com boas condições, mas isto dá tudo muito trabalho e as pessoas são cada vez menos. As dificuldades são enormes, as pessoas não têm emprego, vão-se embora. Temos cerca de 120 sócios, mas é muito complicado fazer uma equipa de futebol, só apostando nestes escalões de futebol de 7.

As dificuldades são maiores que os apoios?Nem por isso. Temos que agradecer muito à Câmara Municipal de Moura, que nos tem ajudado, a junta de freguesia também contribui e os adeptos, quando vão ao futebol, sempre deixam um eurinho para as despesas. Financeiramente não estamos mal, apesar dos investimentos recentes que fizemos.

O que me pediria se eu lhe pudesse dar uma boa ajuda?Assim de repente é difícil dar--lhe a melhor resposta, mas, olhe, um campo sintético, por exemplo. Ajudava-nos muito e dava mais qualidade ao futebol destes miúdos. 

Fonte:  da.ambaal.pt

Sem comentários:

Enviar um comentário