sexta-feira, 15 de junho de 2012

“Árbitro do ano” da AF Beja já está na 3.ª Divisão Nacional: Um sorriso para dentro do campo



O árbitro Bruno Vieira, do conselho regional de arbitragem da AF Beja, ficou apto nos exames de acesso ao quadro nacional da 3.ª categoria, sucesso que partilhou com o outro candidato bejense, André Baltazar.

Texto e foto Firmino Paixão
Bruno Vieira nasceu em Beja há cerca de 23 anos e desde muito novo teve o exemplo do pai na dedicação à causa da arbitragem. Começou a dirigir jogos de futebol apenas com 15 anos. Na época 2011/2012 foi o melhor classificado do escalão principal da AF Beja, o Árbitro do ano. Esta semana conseguiu, na cidade de Tomar, o apuramento para a 3.ª categoria nacional. Um jovem licenciado em Gestão de Empresas, com um futuro muito promissor na arbitragem nacional, que perfilha a ideia de profissionalização.

Tudo começou por influência do seu pai?Sim, a minha opção pela arbitragem foi mais por influência do meu pai e do meu tio do que por qualquer outra razão. Gostava de jogar futebol, como todos os rapazes, ainda hoje gosto, cheguei a jogar no Despertar, no Desportivo e no Bairro da Conceição, mas o bichinho da arbitragem falou mais alto.

Como foi o seu percurso até aqui?Foi um percurso difícil, principalmente nos primeiros anos. Iniciei-me aos 15 anos, era um árbitro jovem, só apitava jogos de formação e era árbitro assistente. O bichinho pedia-me para ir lá para dentro apitar os jogos, até que aos 18 anos recebi o convite do Dinis Gorjão para ser seu assistente no nacional. Aceitei com muito agrado e a partir daí assumi o meu percurso.

Houve muitos obstáculos pelo caminho?Alguns. Ser filho do Jaime Vieira não ajudou, os observadores exigiam mais de mim, eu tinha que ser melhor que os outros, porque era filho de um árbitro, que agora é observador e internacional de hóquei em patins. Eu tinha que me superar, sentia que exigiam mais de mim do que dos outros, mas nunca deixei de trabalhar e de me esforçar por ser filho de um árbitro.

Perseguia a distinção Árbitro do ano?Era um objetivo que eu perseguia há cerca de três anos. No ano em que subi com o Dinis Gorjão, fui ao acesso e fiquei em 2.º lugar, mas ainda bem que não fiquei no nacional. Na altura fiquei triste, mas com o tempo fui percebendo que ainda era cedo e teria que trabalhar mais. No ano passado tentei ficar em primeiro, não fui capaz, tive algumas dificuldades pelo caminho, até por causa do curso académico.

Ficou a 82 centésimas do pleno (19,08 valores). Enganou-se a colocar algumas vírgulas?Não (risos), foram mesmo as bonificações nos testes. É muito importante o trabalho dos observadores, às vezes pensamos que por termos melhores notas somos nós a subir, mas isso passa também pelas bonificações nos testes e nas provas físicas.

Com se revê como árbitro? Tolerante, disciplinador?O ponto forte que me caracteriza é a maneira como me relaciono e a empatia que crio com os jogadores. Isso na 3.ª Divisão Nacional será complicado, sou um juiz que tenho muito contacto físico com os jogadores, face à grande empatia que existe, mas no patamar nacional não posso fazer isso, vou ter que corrigir esse aspeto, não será difícil porque não se conhecem os jogadores.

A internacionalização é uma meta distante?Isso é o sonho de qualquer árbitro. Mas até lá há outras metas para ir ultrapassando. Agora pensamos na terceira divisão, que sabemos que tem os dias contados. Descem cerca de dois terços dos árbitros, só sobem 50 à 2.ª categoria. Será uma época difícil, mas não limitará a minha ambição. Se voltar cá abaixo hei de arranjar forças para subir novamente.

Mário Alves, Rosa Santos, Veiga Trigo, Bruno Vieira. Como lhe soa esta sequência?(Risos) Soa-me bem. Mas é complicado pedirmos tanto tendo tão pouco no sítio onde estamos. É muito difícil chegar a estes patamares. Eu confio nas minhas capacidades, mas isto não depende só de nós, há muito fatores a influenciar estas coisas.

O Bruno tem também o curso de árbitro de hóquei em patins…É verdade, e tenho também o curso de árbitro de futsal. Mas agora só exerço no futebol. O hóquei em patins foi mais um bichinho do meu pai, não é uma modalidade que me motive muito.

O que vai mudar no Bruno Vieira que conhecemos?Naturalmente que algumas coisas terão que mudar, mas continuarei a ser a pessoa humilde que sempre fui, com um bom relacionamento com toda a gente. Levarei um sorriso comigo para dentro do campo, farei o que mais gosto e sairei de consciência tranquila. 

Fonte:  http://da.ambaal.pt

Sem comentários:

Enviar um comentário