segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Fernando Piçarra conhece as diferentes realidades do futebol alentejano: Vasco da Gama fará a pré-época em competição





Fundado em 1945, o Clube de Futebol Vasco da Gama, de Vidigueira, vai pela primeira vez no seu historial competir no Campeonato Nacional da 3.ª Divisão.

Texto e foto Firmino Paixão
O clube aceitou um convite da Federação Portuguesa de Futebol para preencher uma das inúmeras vagas provocadas pela desistência de muitos clubes que disputavam provas nacionais e depois de o Milfontes, vice-campeão da AF Beja na época passada, ter declinado. Chegado à Vidigueira a meio da época anterior, o treinador Fernando Piçarra, 52 anos, conduziu a equipa vascaína ao terceiro lugar do Distrital de Beja e assume esta oportunidade de disputarem uma prova nacional como importante para a projeção do clube e da terra, sublinhando que o pior que pode acontecer é voltarem ao lugar onde estavam.

A direção do Vasco da Gama renovou a confiança no Fernando para uma segunda temporada?
No final da época passada tínhamos acordado que eu continuaria a treinar o clube, dei a minha palavra às pessoas nesse sentido, entretanto surgiu o convite para o Vasco da Gama disputar a 3.ª Divisão, falei com o presidente, sabíamos que seria uma situação nova cuja decisão teve que ser rápida, e estamos a trabalhar com esse objetivo.

Teria outro sabor se tivessem subido pela via do título distrital

A questão não é essa, nós não pedimos nada a ninguém, a federação é que nos convidou a disputar o campeonato. O problema é que foi tudo muito rápido, muito em cima, tínhamos programado o regresso no final de agosto e tivemos que antecipar o início da época. Mas estamos a tentar trabalhar o melhor possível, dentro das possibilidades que temos.

O Fernando foi ouvido antes de o Vasco da Gama aceitar?Sim, eu aconselhei a direção. Parece-me que este campeonato não terá grandes dificuldades, praticamente será uma espécie de Distritalão. Temos oito equipas alentejanas, entre Beja e Évora. Repare que teríamos que sair para Odemira e Milfontes, assim vamos a Lagoa e a Lagos, as despesas são praticamente as mesmas.

Quais são os fatores positivos desta decisão?Principalmente o facto de o Vasco da Gama nunca ter estado na 3.ª Divisão. Será uma boa experiência, sobem apenas duas equipas, sabemos das dificuldades que vamos encontrar, mas será algo de importante para a terra e para o clube, e se o Vasco da Gama descer vem para o mesmo sítio onde estava, portanto não vejo nada de negativo.

A época teve que ser repensada?Vamos fazendo isso pouco a pouco. Estamos a tentar melhorar as coisas, sempre dentro da nossa realidade, não queremos ir além daquilo que é possível, não embandeiramos em arco, não entraremos em loucuras, vamos comer o nosso feijãozinho com arroz dentro da nossa humildade, com uma equipa competitiva, que entre em campo para nunca sair derrotada. Estamos a ver jogadores, a pouco e pouco vamos ter que tomar decisões e formar a equipa. Como costumo dizer, faremos a pré-época já em competição.

O objetivo é conseguir o melhor lugar possível…Seria um discurso irrealista da minha parte se eu dissesse o contrário. Mas o nosso objetivo também depende muito daquilo que a direção do clube quiser e tiver possibilidade de investir. Vamos tentar ficar nos primeiros seis lugares e depois vamos ver.

Lamentavelmente a 3.ª Divisão vai acabar…O problema está aí, se fosse mais cedo seria um trabalho mais fácil, mas estamos a duas semanas da Taça de Portugal. Acho que vai ser um campeonato competitivo, as pessoas fazem sempre um esforço e vão um pouco mais além do que podem para tentarem ir o mais longe possível. Mas a grande questão é esta, se houver uma segunda fase para as últimas, o que vão as últimas seis equipas lá fazer, sabendo antecipadamente que descem aos distritais? Mas as regras são estas, temos que viver com elas.

Três das equipas competiam na época passada na 2.ª Divisão. Serão os principais candidatos?
É uma resposta que não lhe posso dar, eles é que saberão. Mas é natural que assim seja, são equipas com mais talento, mais experiência, principalmente experientes ao nível da 2.ª e 3.ª divisões. E depois têm outro tipo de orçamento que nós não temos. Mas é importante referir que dentro do campo é que se vê o potencial e a dimensão das equipas. Não sou pessoa de baixar os braços, acredito no meu trabalho e não facilitaremos a vida a ninguém.

O futebol amador passa por grandes dificuldades…Estes são os sinais das mudanças que têm existido a nível global. Costumo dizer que quem não sabe ler vê os bonecos, porque isto é assim, esta conversa que estou aqui a ter podia mudar em 10 minutos se aparecesse dinheiro, cinco ou seis telefonemas e vinham outros tantos jogadores, o problema é que não o temos e assim gerimos a realidade que temos. O futebol é cada vez mais uma indústria. Nem imagina a quantidade de telefonemas de empresários que temos todos os dias.

Fernando Piçarra
Nascido em Moura, em 15 de dezembro de 1959 (52 anos)
Percurso como jogador: Moura, Académica de Coimbra,
Vasco da Gama de Sines, Desportivo de Beja, Moura.
Percurso como treinador: Moura, Amarelejense,
Piense (três épocas); Barrancos (três épocas
e título distrital da 2.ª Divisão em 2007/2008),
Moura (duas épocas com subida à 2.ª Divisão Nacional), Vasco da Gama da Vidigueira (duas épocas)

Fonte:  http://da.ambaal.pt/

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