quinta-feira, 9 de maio de 2013

Homenagem póstuma a Benvinda

É justa a homenagem que a Câmara Municipal de Beja presta, hoje, a uma GRANDE SENHORA que ao longo de uma vida foi familiar para os cidadãos bejenses. É certo que esse rol de individualidades escolhidas é restrito, porém, afirma-se como uma justeza enorme. Associando-me a esse momento póstumo à popular Benvinda, trago à estampa a minha última homenagem a uma SENHORA que comeu o pão que o diabo amassou para fazer dos filhos pessoas idóneas, respeitadas e respeitadoras, amigos dos seus amigos e um ambiente familiar exemplar que deixou, naturalmente, inequívocas marcas de união.
Benvinda, velha amiga, esteja onde estiver o povo de Beja recordar-te-á para sempre.
Eis a minha opinião no Diário do Alentejo antes da sua morte.

OPINIÃO

Benvinda, figura mítica

Nos tempos em que o futebol, em Beja, assumia perfis literalmente opostos da realidade atual, sendo comum as multidões ao estádio Flávio dos Santos em dia de jogo, existiram figuras míticas que o povo jamais esquecerá. Nesse rol de personagens havia uma peculiar adepta que enriqueceu a minha estima face à sua assiduidade nos desafios do Desportivo de Beja. Era habitual deparamo-nos com a senhora estimulando a rapaziada na bancada para aplaudirem os artistas em campo. Os jogadores mereciam-lhe uma dedicação especial e eram aclamados com enfâse. Esta senhora, que muito respeitei, e respeito, é a Benvinda. Uma mulher de armas, com um coração enorme, que a dada altura da sua vida se dedicou em acompanhar o clube do seu coração: o Desportivo. A Benvinda teve o condão em saber conviver com as dificuldades. A sua vida não foi fácil. Comeu o pão que o diabo amassou. Os filhos (dois homens e uma mulher) preencheram-lhe a vida. Criou-os. Fê-los adultos. A Benvinda brincava com coisas sérias. Era divertida. Brincalhona. Respeitadora e respeitada. Falava dos assuntos em claro. Sem maldade. À sua passagem pelas ruas da cidade havia sempre uma nova para contar e a rapaziada delirava com enormes gargalhadas. Em épocas carnavalescas, tinha sempre uma na mão. Recentemente revi uma fotografia de uma equipa do Desportivo da época 1970/71. A foto foi tirada no final de um jogo onde clube bejense recebeu o Atlético Clube de Portugal e lá está a Benvinda erguendo um cartaz que dizia: “Desportivo vamos à Taça”. Ganhámos (3-1) e ficou a certeza que nessa época, onde eu próprio fazia parte do onze, o Desportivo de Beja foi considerado o “tomba gigantes” da taça, tendo em conta que defrontámos uma equipa de escalão superior. Hoje, já octogenária, Benvinda vive num lar em Beja.

Fonte: Facebook de Jose saude.

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