sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Um treinador recordista...


O nome de Manuel Costa Silvestre, por certo, dirá pouco aos adeptos do futebol regional, mas se falarmos de “Manuel Simão” imediatamente se associará ao treinador do Futebol Clube de São Marcos da Ataboeira.
Texto e foto Firmino Paixão

Um recordista na duração do seu vínculo de treinador ao clube onde se fez futebolista e é, igualmente, dirigente. Manuel Simão, 57 anos, é, também, o técnico que conseguiu juntar no plantel do modesto emblema de São Marcos da Ataboeira estrelas como o brasileiro Pitico e os antigos internacionais Jorge Cadete e Fernando Mendes. “Estou no São Marcos há mais de 20 anos. Começámos pela 2.ª Divisão distrital, eu era jogador e depois fiquei a treinar a equipa. Nos primeiros anos sentimos algumas dificuldades, mas a partir de uma certa altura em que ficámos nos primeiros lugares, decidimos apostar na 1.ª  Divisão, com algumas cautelas, mas subimos e cá estamos, e até agora acho que o trabalho tem sido positivo, porque conseguimos subir a equipa e ainda não a deixámos descer”.
A receita para tamanha longevidade não pode dissociar-se da relação de confiança com Manuel Batista, o presidente do clube e, até ao próximo domingo, presidente daquela junta de freguesia do concelho de castro Verde. Manuel Simão explica que “foi um pouco por essa relação de confiança que, recentemente, nos propusemos aceitar mais dois anos de mandato, porque não aparece ninguém, e se aparecer tem que ser alguém que dê garantias de continuidade, pessoas em quem o Manuel Batista confie, porque ele foi o grande fundador do clube, tem-lhe tanto amor como tem aos filhos e não deixa o clube a qualquer pessoa. Enquanto nós pudermos vamos assegurando a sua continuidade”.
Numa freguesia com cerca de 370 habitantes, “a maioria está connosco, apesar de algumas pessoas, felizmente poucas, não aceitarem bem o desporto, nem reconhecerem o trabalho do nosso presidente Manuel Batista, um homem incansável, que leva o ano a trabalhar gratuitamente para o clube, mas também temos pessoas que vão connosco para todo o lado e nos incentivam. Se o futebol morrer em São Marcos, fica uma aldeia morta, sem desporto nem outras atividades de lazer”.
O piso térreo do Campo de Jogos João Celorico Drago e a irregularidade nos treinos, estão na linha da frente das grandes dificuldades que o treinador enumera: “As coisas estão cada vez mais difíceis, temos que conter despesas, começando pelo número de treinos. Não é fácil, numa aldeia como São Marcos, mantermos uma equipa na 1.ª Divisão distrital. Começamos com quatro treinos semanais e depois vamos reduzindo para três e até para dois, porque as despesas com transportes, gasóleo, eletricidade, são incomportáveis”. Por isso, as expectativas para o campeonato que a equipa inicia no domingo, no terreno do Rosairense, são moderadas: “Quando começamos um campeonato, o nosso desejo é sempre fazermos melhor do que na temporada anterior, no ano passado ficámos no décimo lugar, este ano gostávamos de ficar um pouco mais acima”, projeta Manuel Simão. E adianta: “Mas devido às condições que dispomos estamos certos de que nos espera um campeonato com muitas dificuldades, como tem sido no passado, porque reconhecemos as poucas condições que temos para  trabalhar, sabendo que estaremos perante adversários com outros recursos”. Somar os cerca de 30 pontos que assegurem a manutenção é a meta de Manuel Simão, que sublinha: “Estamos há 10 anos na 1.ª Divisão e, este ano, queríamos manter esse estatuto, sabendo que temos pela frente um percurso muito difícil para ficarmos nos primeiros 10 lugares da tabela, não pensamos em mais nada”. Na construção do plantel, refere Simão, “mantêm‑se 11 jogadores que estiveram connosco, a época passada e temos mais 11 aquisições, sobretudo juniores do castrense e três jogadores que vieram do Desportivo de Beja. Vamos começar o campeonato com estes jogadores, se virmos que as coisas se complicam teremos que reforçar a equipa”. Entre os atletas que deixaram São Marcos, o técnico lamenta: “Perdemos o Gonçalo, que é um dos melhores pontas de lança do distrito, saíram dois guarda-redes, mas para esse lugar ficámos com o Garret, que é um jogador muito experiente, em quem deposito a  máxima confiança”.
E Manuel Inácio Silva Filho, perdão, “Pitico”, que brilhou na década de 90 na 1.ª Divisão, ao serviço do Farense, hoje com 50 anos, ainda é um exemplo? “O Pitico é uma mais-valia para o nosso plantel. Está connosco há 11 anos e, apesar da idade que já tem, ainda se sente em condições de fazer mais uma época com a nossa camisola. É uma das nossas armas, pela experiência que tem e pelos conselhos que dá aos mais novos”.
Na hora de anunciar quem são os seus candidatos ao título, o treinador do São Marcos aponta o Aljustrelense, o castrense e o Serpa, mas avisa que terão que ser melhores que o São Marcos, quando visitarem o Celorico Drago: “Vamos sentir imensas dificuldades perante essas equipas, mas os nossos adversários também passarão por elas, porque num campo pelado como é o nosso reduto, batemo-nos sempre de igual para igual contra qualquer adversário”, conclui Manuel Simão, um treinador recordista e exemplar na coragem e no amor com que defende o seu emblema.

Fonte: http://da.ambaal.pt/

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